Por João Geraldo
Apenas fazer veículos seguros não resolve se os motoristas não estiverem preparados e conscientes. Frase dita pelo presidente da Volvo do Brasil, Tommy Svenson, durante a Fenatran de 2007, ocasião em que a montadora apresentou pela primeira vez no Brasil o seu caminhão conceito em segurança, que incorpora uma série de sistemas eletrônicos que contribuem para a redução de acidentes nas estradas. Isso porque, de acordo com números da Pamcary, no Brasil acontecem anualmente 280 mil acidentes, sendo que deste total, 91 mil tem envolvimento de veículos de carga. E como resultado geram cerca de 16 mil óbitos e destes aproximadamente quatro mil são carreteiros.
Entre as várias ações que se desenvolvem no País, na tentativa de mudar este quadro, a mais recente vem da própria Volvo – que mantém há mais de 20 anos o Prêmio de Segurança no Trânsito (PVST). Trata-se do TransFORMAR, programa de desenvolvimento de carreteiros, cujo foco é voltado para o comprometimento dos profissionais com um trânsito mais seguro nas estradas, e também dirigido a uma condução mais econômica, adianta Anaelse Oliveira, coordenadora do PVST.
No total, o Brasil perde cerca de 22 bilhões de reais por ano com acidentes, dos quais aproximadamente 10 bilhões com o transporte rodoviário de cargas. “É um prejuízo dez vezes maior do que 1 bilhão de perdas com roubo de carga”, acrescenta Solange Fusco, gerente de comunicação corporativa da Volvo do Brasil.
Nereide Tolentino, especialista em trânsito e coordenadora do TransFORMAR, acrescenta que entre os objetivos do programa consta a qualificação do motorista para que ele desenvolva competências técnicas e deixe de ser apenas o operador do caminhão. “Toda a metodologia do programa está dirigida para o comportamento do motorista nas diferentes etapas da viagem, desde o planejamento e a implementação das verificações, que passa pela operação e segue até a avaliação final dos resultados da viagem”, disse.
Focado no comportamento do carreteiro, o curso é baseado no gerenciamento de riscos da viagem e o treinamento leva em conta as três situações principais presentes no dia-a-dia do profissional da estrada: o caminhão, o contexto e o local. Em relação ao veículo são consideradas suas características técnicas e a carga transportada; quanto ao contexto é importante conhecer as condições do motorista e do meio ambiente, dos demais ocupantes do caminhão e dos pedestres e tudo mais que estiver ao redor. No item local, os motoristas estudam como o trajeto pode interferir na segurança e no resultado da viagem. Itens como as condições climáticas, buracos da rodovia também são considerados no planejamento. “Uma viagem segura depende do preparo e do empenho do motorista em poder avaliar antecipadamente as diferentes situações e gerenciá-las da melhor maneira possível”, complementa a especialista.
Ainda de acordo com ela, somente ter conhecimentos não basta, pois o importante é o carreteiro ter a iniciativa de utilizá-los para garantir a segurança, pois é esta postura que o leva a assumir atitudes e procedimentos que podem identificar, prever situações de risco e evitar aquelas que podem ser causadoras de acidentes antes do seu agravamento. “É aí que o motorista assume o papel de gerenciador das situações”, conclui Nereide.
O TransFORMAR é levado a diferentes regiões e tem duração de cinco dias (42 horas). Nesta primeira fase, o programa é oferecido pela Volvo para os frotistas que operam com caminhões da marca. São 10 vagas por turma e o veículo utilizado é um FH 12 com caixa de transmissão automatizada I-Shift. “Nosso foco não é o caminhão, pois não damos treinamento sobre motor, curva de torque etc. Nossa meta é trabalhar com o emocional do motorista, para que ele decida o que deseja mudar na sua vida”, concluiu Nereide Tolentino.
