Por Daniela Giopato
O bom motorista sabe que para dirigir com segurança é necessário atenção e disposição, além de evitar situações como o uso de drogas, excesso de velocidade e falta de manutenção preventiva do caminhão. Mas o que poucos tem consciência é que uma boa noite de sono faz muita diferença para evitar acidentes.
De acordo com Salomão Rabinovich, psicólogo clínico-hospitalar, diretor do Cepat – Centro de Psicologia Aplicada ao Trânsito e presidente da Avitran – Associação das Vítimas de Trânsito, 60% dos motoristas têm problemas para dormir. Algumas situações como excesso de trabalho, problemas sociais e psicológicos podem desencadear esse tipo de distúrbio, que é uma das causas mais frequentes de acidentes. “O distúrbio do sono provoca um rebaixamento da consciência do motorista, que passa a processar mais lentamente as informações e tem seus reflexos diminuídos, não permitindo reações rápidas a situações de perigo e implica em avaliações retardadas. Então, o motorista que começar a sentir cansaço, irritabilidade e indisposição deve parar de dirigir imediatamente”, alerta Rabinovich
A crise econômica e as exigências, às vezes exagerada, por parte das empresas para entregar a carga dentro do menor tempo possível, faz com que os motoristas de caminhão se submetam a uma carga maior de trabalho e descansem cada vez menos. “ O autônomo corre para ganhar mais, porém, esquece que está com uma arma muito importante e perigosa na mão e que entre a carga e o destino final há muitas vidas inocentes. Afinal, para matar uma pessoa não é necessário dar um tiro, existem seqüelas que não são apagadas e nem curadas”, lembra Salomão.
Hoje, os acidentes de trânsito já são considerados o segundo maior problema de saúde pública do País e perde apenas para a desnutrição. O custo social dos acidentes por ano, para os cofres públicos, é de R$ 10 bilhões, segundo dados do Denatran – Departamento Nacional de Trânsito. O estudo Morte no Trânsito – tragédia rodoviária, realizado pelo SOS Estradas revelou que 42.000 pessoas morrem no trânsito brasileiro todos os anos. Esse número é equivalente ao dos Estados Unidos, país com 293 milhões de habitantes e frota de automóvel estimada em 10 vezes maior que no Brasil. De acordo com o estudo, 24 mil pessoal morrem decorrentes de acidentes nas estradas, o que representa 57% do total de 42 mil vítimas fatais em acidentes de trânsito em área urbana e rodoviária em todo País.
No ano passado, conforme mostra os dados do departamento de estatística da Polícia Rodoviária Federal, ocorreram 102.027 acidentes de trânsito. Desse total, 37.640 com vítimas, 59.097 feridos e 5675 mortos. Os primeiros cinco meses de 2004 superou em aproximadamente 8% a média do ano passado. Nesse período ocorreram 45.717 acidentes, com 16.292 vítimas, 25.903 feridos e 2389 mortos.