O consumo de combustível – que em alguns casos representa 35% da despesa final – é o primeiro item a pesar nos custos e que merece atenção constante, inclusive da maneira de dirigir, independente da motorização do caminhão. Ele ressalta a diferença entre o motorista dirigir e conduzir um veículo. “Dirigir e conduzir não são, necessariamente, a mesma coisa”, alerta o engenheiro mecânico Oscar Willmann, gerente de serviços da Savar S/A – Concessionária Mercedes-Benz, em Porto Alegre/RS.

É preciso ter sensibilidade e acreditar no torque do motor, no aproveitamento das marchas, uso do freio motor e não utilizar a “banguela” nos declives, além dos cuidados normais de manutenção, como regulagem da bomba injetora e bicos limpos, além dos cuidados com a pressão dos pneus. Segundo Willmann, a fumaça preta, melhor observada à noite, é o primeiro sinal de alerta para o mau funcionamento do sistema injetor.

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Willmann, 59 anos, também coordena um curso realizado semanalmente para grupos de até 20 motoristas. É uma espécie de reciclagem, para mostrar aspectos práticos e teóricos do funcionamento do motor, embreagem, caixa de câmbio e de vários itens mecânicos do caminhão, tudo com o equipamento funcionando “em corte” para que se possam ver as peças em movimento. É um sucesso, diz ele. Muitas vezes, quando há a disponibilidade de um caminhão, o grupo pega um pedaço da Serra, na BR-116, nas proximidades do município de Dois Irmãos, onde praticam o que aprenderam em termos de condução adequada do bruto.

A economia de combustível aliada a um bom desempenho do caminhão é um assunto antigo e que preocupa os projetistas, que trabalham para desenvolver propulsores mais potentes e rentáveis. “E, também no desenho das cabines, com formas aerodinâmicas que diminuem a resistência do ar, até mesmo com a utilização de acessórios como quebra-ventos ou aerofólios”, explica o engenheiro mecânico.

O carreteiro Lauro Bohmer, 38 anos, oito de estrada, mora em Camaquã/RS e dirige um Scania 93, transportando carga seca para Santa Catarina e Paraná. Faz uma média de 2,4 quilômetros por litro de óleo e acredita que está bom, “dentro da normalidade”. Conta que há pouco precisou procurar o seu mecânico, o seu João, em Tubarão/SC para dar uma ajeitada na bomba injetora, e já dá pra notar um aumento na economia e no rendimento do caminhão, diz.

Ele afirma que procura dirigir sempre dentro do giro, não força o motor e mantêm os bicos injetores e filtros sempre limpos, pneus calibrados e anota tudo numa planilha para o seu controle de custos. Com isso ele espera manter um bom nível de economia de óleo e prevenir despesas maiores na oficina, conforme explica.

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Para José Hahn, 42 anos, 20 de estrada, a média de 3,8 quilômetros por litro que faz com o Mercedes-Benz 89, trucado, também está dentro do razoável. Garante que dirige com muito cuidado, não força o motor e “mantém o ritmo, senão, não dá”. Ele é terceirizado e transporta para o Pólo Petroquímico, de Triunfo/RS, onde segundo diz, as exigências são muitas, principalmente em relação ao caminhão. Ele anota sempre a data do abastecimento, quantidade de óleo e a quilometragem e qualquer despesa extra com o mecânico ou compra de peças, para saber aonde vai o dinheiro que ganha. Mas não tem dúvidas: o combustível e os pedágios são os seus melhores fregueses.

O paulista José Fagundes Prates, 42 anos, 23 de boléia, que vive em Campo Grande/MS desde criança, dirige com cuidado para conseguir fazer dois quilômetros por litro com seu caminhão. Apesar das condições da estrada e do peso da carga transportada também terem muita influência no consumo, ele garante que sempre dirige com segurança e de maneira econômica. “Afinal, essas estradas são um perigo, cheias de buracos e de doidos”, garante.

O catarinense, Valmor Fochessato, 42 anos e com 28 de boléia, de Chapecó, trabalha com o Volkswagen Titan Tractor 2003 e faz todas as anotações referentes aos abastecimentos e quilometragem rodados e entrega a planilha na empresa, que se encarrega de fazer as contas. Mas, segundo diz, não pisa muito, mantém uma velocidade padrão. Com isso cuida do caminhão e da economia de combustível. Quanto à manutenção de filtros, bomba e bicos injetores, Valmor afirma que nunca se preocupou muito com isso, pois todos esses itens são revisados na concessionária, nas datas certas.

Aos 34 anos e com oito de estrada, Eduardo Pereira Duarte, de Rio Grande/RS, transporta cargas em geral dentro do Estado do Rio Grande do Sul. Ele dirige um Volkswagen 2003 e segue as recomendações da empresa em que trabalha, a Logística Transcontinental S.A., e também o seu bom senso para dirigir o bruto com economia e segurança, “mantendo o giro e fazendo as coisas certas”. Como o caminhão também está na garantia, todos os itens relativos ao consumo são analisados pela revenda, nos prazos especificados, diz. Ele também carrega uma planilha onde anota tudo para no fim de cada viagem entregar na empresa. Acha que dá certo, pois diz nunca ter sido repreendido.

Para José Carlos Pinheiro, 52 anos e 26 de volante, que trabalha com um Scania 89, as anotações são feitas no verso das notas fiscais dos postos de abastecimento, sem muitos detalhamentos. Mesmo assim ele garante que a sua média, no transporte de postes de madeira de Rio Grande/RS, para Nova Santa Rita, na região metropolitana de Porto Alegre, fica em 2,5 litros por quilômetro, “dentro da média”. Segundo ele, sempre que nota alguma coisa no bruto, falhando ou puxando pouco, avisa o patrão e vai “dar uma geral, antes que o prejuízo seja grande”. José Carlos, que já foi cegonheiro, garante que procura sentir o motor, não forçar e saber quando trocar as marchas. “Assim a gente vai trabalhando com calma e economizando no óleo, que está muito caro”.