Por Evilazio de Oliveira
Fotos: Claiton Dornelles
O convívio do carreteiro com as novas tecnologias é inevitável, em razão das constantes tecnologias incorporadas aos caminhões, rastreadores, computadores de bordo e troca de mensagens via smartphones e até o recebimento de valores ou pagamentos feitos através de cartões magnéticos. Mesmo assim, os prosaicos rádios PX ainda resistem e continuam na preferência de muitos estradeiros. Vale lembrar que até pouco tempo atrás, muitos profissionais ainda relutavam em aceitar inovações, principalmente os estradeiros mais antigos, no entanto, logo ficou evidente que quem não acompanhasse a evolução certamente ficaria parado no tempo, porque as inovações passaram a fazer parte da rotina do motorista de caminhão, até mesmo daqueles mais conservadores.
Um exemplo dessa convivência com as novas tecnologias é o carreteiro Miguel Justakovski, 55 anos e 33 de profissão natural de Alpestre/RS, e sócio de um bitrem graneleiro utilizado no transporte de grãos e adubos entre o Rio Grande do Sul e Rondônia. Além de todas as inovações técnicas que maneja na condução do caminhãoo, ele precisa estar atento ao rastreador, ao smartphone com o qual se comunica com a empresa por mensagens de texto, e familiares. Justakovski também faz parte de um grupo de 80 amigos num canal fechado de rádio PX, o GRCP (Grupo Riograndense de Cargueiros Pesados). Por ser um grupo fechado, que utiliza uma frequência específica, os assuntos discutidos são mais sérios e quase sempre se referem ao trecho, tais como condições das estradas, eventuais bloqueios de pistas e acidentes. Quanto às novas tecnologias diz que não tem problemas e em relação ao trabalho afirma que já faz planos para se aposentar.
Para o estradeiro Maicon Colliselli, o Coca, 23 anos de idade e quatro de profissão, natural de Cunha Porã/SC, que também dirige um bitrem, o único problema das novas tecnologias é quando viaja por locais distantes e acontece de ficar sem sinal de telefone e por algum motivo “os homens” da seguradora resolvem bloquear o caminhão”. Conta que isso já aconteceu várias vezes em viagens pelo Piauí, causando grandes transtornos, além do perigo de ficar parado em lugares isolados. De resto, afirma que além da tecnologia embarcada no caminhão utiliza “numa boa” recursos de comunicação do smarthphone, como WhatsApp, Facebook e twitter.
Silvestre Leising, o Alemão, tem 43 anos de idade e 20 de estrada, natural de Maravilha/SC, utiliza o telefone celular fornecido pela empresa e apenas para receber ligações. Afirma que não tem o costume de ligar o rádio PX porque considera uma vergonha, ninguém se respeita. Em relação aos aparelhos modernos e as novas tecnologias, diz nada ter contra, mas evita qualquer coisa que possa tirar a atenção do volante. Destaca que vê motoristas dirigindo e ao mesmo tempo digitando mensagens no celular. “Um perigo”, ressalta. Ele viaja principalmente para Rondônia e Estados do Nordeste e diz que até mesmo para a família ele só liga quando é preciso.
O estradeiro Ilário José dos Santos, 40 anos de idade e 22 de profissão, natural de Ipatinga/MG, vive em Lauro de Freitas/BA e trabalha com uma carreta no transporte de produtos químicos. Seu caminhão é equipado com rastreador, não tem rádio PX e utiliza dois aparelhos de telefones celulares, um para contatos com a empresa e o outro de uso pessoal. Liga três ou quatro vezes por dia para casa e conta que procura aproveitar sempre as promoções oferecidas pela operadora do celular. Santos esclarece que recebe todas as indicações da viagem, roteiros e pontos para cargas ou descarga através do celular da empresa ou do rastreador. Indicam inlcusive a melhor rota a seguir. Salienta que o rádio PX pode até ser útil, mas por enquanto, “está bem servido no trecho, não se sente sozinho e qualquer problema é só ligar pelo celular ou pelo rastreador que logo é atendido”.
Outro carreteiro que está acostumado com as novas tecnologias é Anselmo Pereira do Vale, 32 anos de idade, seis de estrada, natural de São José dos Pinhais/PR. Ele trabalha com um caminhão baú e viaja por várias regiões do Brasil onde o frete esteja bom. Seu caminhão está equipado com rádio PX, rastreador, localizador, Nextel e smartphone para comunicações com as empresas, clientes ou agentes de cargas. Anselmo utiliza o WhatsApp e outros aplicativos mais populares. Diz não ter interesse nos aplicativos que oferecem a disponibilidade de cargas, porque, segundo afirma, “pra lá só vão os refugos”. Apesar de sua opinião, admite que certos dias não é preciso aceitar. Ele garante que domina todas essas tecnologias com relativa facilidade.
Lourival Rodrigues da Silva, 46 anos de idade e 18 de profissão, vive em São Paulo/SP e atua no transporte internacional com uma carreta sider. É apaixonado por tecnologia, redes sociais e gravação de vídeos. Exibe no celular as belezas e curiosidades dos lugares por onde viaja e sempre narrando os detalhes das gravações, dos lugares ou dos fatos que está mostrando. “Depois envio os vídeos para familiares e amigos”, conclui.