Por Daniela Giopato

Em um País onde as perdas das transportadoras, ocasionadas pelo roubo de carga, ultrapassou R$ 600 milhões em mais de 10 mil ocorrências só no ano passado – de acordo com dados do Sindicato das Empresas de transportadores de Cargas de São Paulo e Região (Setcesp)- é natural que os empresários ligados ao transporte rodoviário de cargas busquem soluções que aumentem a segurança do seu negócio. Por outro lado, é fato normal o surgimento de mais empresas que ofereçam seguros, apoio logístico, sistemas de controle por satélite, com um leque diversificado de produtos e serviços e tecnologias avançadas para suprir esta necessidade e diminuir o prejuízo dos transportadores. Resultado: mais de 250 empresas atuando no Brasil.

A atividade de rastreamento e monitoramento se tornou um dos mercados mais competitivos do País, por ser considerado um importante aliado das empresas e dos motoristas autônomos contra o roubo de carga, além de ser um dos itens avaliados pelas empresas de seguro na hora de reduzir o valor das apólices. Porém, segundo informações do coordenador de pesquisas e desenvolvimento do Cesvi Brasil – Centro de Experimentação e Segurança Viária-, Paulo Barrachina, apesar do número expressivo de empresas, apenas 94 foram avaliadas pelo centro e apenas 58 estão com aprovação vigente.

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Devido ao grande aumento do número de sinistros, a demanda por sistemas de rastreamento vem crescendo, tornando o nosso mercado cada vez mais atrativo”, afirma Hélio Kairalla, diretor da Controlsat, do grupo Schahin e há oito anos no segmento. Para se manter no meio de forma competitiva, Kairalla conta que a empresa vem investindo em pesquisa e desenvolvimento, visando atender às necessidades do mercado. “Estamos testando uma nova concepção do sistema de monitoramento: o Controlsat Dual. Trata-se da combinação do sis-tema satelital e celular que oferecerá monitoramento contínuo, independente da situação, trazendo maior desempenho e segurança operacional”, adianta.

O sistema Dual irá, segundo a empresa, reduzir de minutos para segundos os tempos de respostas em áreas de cobertura GSM/GPRS. “A comunicação será constante e quando o sinal de celular não estiver confiável, automaticamente o equipamento passará a se comunicar via satélite”. Hoje, a Controlsat oferece o sistema via satélite Smart e Omega Plus – direcionado para veículos que percorrem rotas interestaduais e outros países – e o sistema via celular Controlcell – para usuários que operam somente em médias distâncias e áreas urbanas. “Os sistemas tendem a ser cada vez mais inteligentes, com maior tecnologia embarcada e integrados com sistemas de logística e controles existentes.

Será possível, também um monitoramento por exceção, ou seja, o sistema irá informar apenas o que acontecer fora do planejado”, prevê.
Kairalla aponta como principais vantagens desses produtos o fato de em qualquer situação oferecerem monitoramento contínuo, o que resulta em segurança à carga e ao motorista e ganhos reais em toda operação logística. “Um veículo rastreado implica em uma conduta mais prudente”. Empresas transportadoras, escoltas e gerenciamento de risco formam 80% dos clientes Controlsat, os outros 20% são autônomos. Para facilitar a compra dos produtos a empresa fez alianças com bancos e oferece financiamento com taxas inferiores a 2% ao mês para pagamento em até 42 meses, para quantidades de 1 a 100 veículos.

A Graber Rastreamento, há cinco anos neste segmento, tem como principal preocupação a busca de soluções inteligentes com produtos que integre segurança e logística e otimize o uso da frota. Para isso, a empresa oferece ao mercado um pacote de serviços adequado para cada necessidade do cliente com equipamentos que operam com GPS (Sistema de Posicionamento Global), que interliga o veículo à Central de Monitoramento e permite localizar e gerenciar a logística da frota em qualquer ponto do Mercosul. A comunicação pode ser realizada através dos sistemas GSM, TDMA e CDMA, conforme aplicação.

Para o gerente de marketing da empresa, Robson Tricarico, a tendência é que os equipamentos fiquem mais baratos e com mais tecnologia. “A entrada do GSM na comunicação poderá evoluir o mercado, porém ainda é cedo para falarmos que esta aplicação aconteça por todo País, já que a cobertura da operadora é limitada. Ainda utilizamos muito a aplicação TDMA e CDMA. Os preços deverão cair também devido a concorrência das operadoras e sobreviverão as empresas que se diferenciarem na prestação de serviços”, afirma. Hoje, os motoristas autônomos representam 50% dos clientes da empresa e para eles a Graber oferece diferentes planos para facilitar a compra dos equipamentos como desconto de 30% e prazo de até 180 dias.

Apesar da concorrência, a Graber diz estar tranquila em relação ao seu crescimento e permanência no mercado. “Do total de empresas de rastreamento, 90% utilizam equipamento de fabricação artesanal, 98% não possuem bandeira de segurança, 100% não tem certificação ISO 9001 na prestação de serviço e 80% não têm certificação do Inmetro nos equipamentos”, finaliza.

Delfim Pinto, diretor comercial da Ariasat, empresa há cinco anos no mercado de rastreamento, também acredita que as empresas têm que encarar a concorrência do segmento com investimentos em tecnologia, pois apenas dessa maneira poderão ter sucesso. “Acho que uma empresa nova no segmento vai levar no mínimo dois anos para atuar com todas as tecnologias disponíveis hoje”.

A Ariasat atua em parceria com a TIM há um ano através do sistema GPRS. “Além disso, temos o sistema por satélite com cobertura em todo Mercosul”, explica Delfim. Os equipamentos, segundo a empresa, possibilitam a monitoração em tempo real dos veículos por ela rastreados, sendo possível o bloqueio. Oferece, também, a roterização do veículo via internet.

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Segurança, logística e seguro de carga mais baratos são algumas vantagens destacadas pela empresa, para os motoristas autônomos e transportadoras. “O motorista autônomo representa 20% dos negócios e para este público oferecemos algumas facilidades como o financiamento em até 12 meses através das financeiras conveniadas”, explica.

A Satcom opera com comunicação híbrida cujo produto SC600 se comunica via GSM/GPRS e simultaneamente via Satélite, em caso de não ter sinal da rede GSM (em locais sem cobertura). Assim, se existe rede GSM, os dados são enviados via GPRS, caso não tenha, envia via SMS através da rede GSM e em último caso envia via satélite, através da órbita de 48 satélites na constelação Globalstar. “Juntamente com parceiro, somos um meio para solução final de segurança, logística e rastreamento. A disponibilidade do nosso sistema é de mais de 98%. Devido a movimentação de nossos satélites (de baixa órbita), as sombras inerentes ao sistema satelital são minimizadas. A nossa preocupação é a segurança e o bem estar do carreteiro e, por consequência, sua carga.”, explica Fernando Ceylão, diretor de marketing e comercial da Globalstar.

De acordo com o presidente da Satcom, Cláudio Salgado, o sistema híbrido resulta em baixo custo de comunicação mensal (até 45% menos), além da possibilidade do transportador poder utilizar o equipamento para a área de logística. Outras vantagens apontadas por Salgado são o menor risco de operação no transporte e maior controle do veículo através do posicionamento de cinco em cinco minutos (área GSM). “Com o sistema é possível monitorar excesso de velocidade, banguela (tempo em relação ao RPM e velocidade), excesso de RPM no motor, temperatura do motor etc”. A empresa também oferece a comunicação de voz via satélite e GSM com duplo canal de voz com o veículo.

O SC200, sistema de comunicação via GSM/GPRS, com GPS de 12 canais integrados na própria placa de equipamento, e o SC400, sistema satelital Globalstar, fazem parte da linha de produtos da Satcom e que podem receber placa para comunicação híbrida. A empresa também oferece algumas facilidades para a compra dos equipamentos como as linhas de leasing direta na locação do produto e financiamento através do Finasa.

Outro sistema híbrido é o ONIXSAT, fruto de uma parceria com a TIM. A principal diferença dos sistemas híbridos já existentes é o uso dos satélites de alta órbita Navstar e Inmarsat, junto com a transmissão em áreas de cobertura de telefonia celular GSM/GPRS, desenvolvido pela Motorola. Com o novo sistema, apenas quando não for possível o uso do sistema celular GPRS será utilizado o satélite. Assim, nos locais de cobertura GSM é possível aumentar o número de frequência das mensagens em tempo menor.

De acordo com o diretor da OnixSat, Maurício Campiolo, as vantagens do novo sistema são maior cobertura (América do Sul e área de cobertura GSM), maior confiabilidade e melhor preço. “O nosso equipamento custa de 20% a 30% menos na aquisição e o custo mensal da comunicação é também 30% menor”, explica. A empresa tem 15 oficinas de instalação localizadas em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O gerente comercial da Sascar, Sandro Azevedo, diz que a Sascar está se preparando para a concorrência e investindo em produtos e tecnologias para acompanhar as evoluções do mercado e manter a qualidade. A empresa disponibiliza os sistemas Sascar GPS e Sascar GSM, que permitem interação do usuário através de um software, via internet.

O sistema permite o monitoramento, gerenciamento, planejamento logístico e bloqueio com número limitado de veículos na frota”, explica. Através de um módulo instalado no veículo, o sistema recebe e envia informações de posicionamento do satélite (latitude e longitude) para o Centro de Controle, através do canal de dados GPRS. Os equipamentos são parcelados em até três vezes, sem juros, ou em cinco, com juros nas duas últimas parcelas.

As principais vantagens apontadas pela empresa são a segurança patrimonial e pessoal, comunicação com os familiares em caso de emergência, segurança da carga, controle de gerenciamento do veículo e da carga em tempo real, cerca eletrônica, área de risco, limitador de velocidade e redução de custo. “Entendemos que a redução de custo, para o transportador, também pode ser obtida com o desconto da apólice de seguros, complementa Azevedo.

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Na opinião do diretor da Teleroad, Marcos Vinícios Brandão, além da redução de custo, a mudança de itinerário e controle de suas mercadorias são outras dificuldades enfrentadas hoje pelo transportador. “A nossa central trabalha com a antena de GPS, satélites de comunicação e sensores instalados nos veículos. Com esse sistema o proprietário pode desviar, mudar a rota conforme necessidade do momento. Se surgir um frete depois que os caminhões saíram para seus destinos, o proprietário imediatamente checa o sistema e sabe qual está mais próximo da encomenda e o avisa através de mensagens enviadas do equipamento.

A Teleroad trabalha com equipamentos e tecnologias diferentes para cada tipo de cliente. Hoje, a empresa opera com a tecnologia Modem Celular, mais usada para segurança, equipados com escuta, botão de S.O.S, sequestro e emergências médica; Celular Satelital, que possibilita ao cliente visualização da própria empresa e pode ser programada para emitir informações sobre os veículos de cinco em cinco minutos, e Satelital, mais adequado para o transporte de longas distâncias. “A principal vantagem para o motorista autônomo é a segurança pois com a escolta eletrônica 24 horas ele não viaja sozinho e pode nos contatar para qualquer emergência. Já para as empresas é o controle de frota, preço de caminhões e o contato direto com o motorista”, explica Brandão.

Para o diretor de negócios da Eccelera e CEO da Rodanet, Luiz Cruz, a logística se tornou um item importante no segmento de transporte e para atender esse nicho a Rotanet, desenvolveu o Rotainfo baseado em tecnologia de radiofrequência. O sistema possibilita ao usuário ter informações sobre o horário que o veículo saiu e chegou ao destino, quanto tempo permaneceu em determinados pontos e calcular a previsão de chegada. “Pode ser usado para aplicações logísticas como transferência, operações just-in-time, controle de viagens, entre outras”, explica Luiz Cruz. Os dados dos chips, (móvel ou fixo), podem ser acessados via Internet ou ser enviados diretamente ao sistema do usuário e, segundo a empresa, se adapta a qualquer software, redes locais ou programas como o Excel. “O Rotainfo possui vantagens como facilidade de instalação, de operação, custo baixo, mobilidade e sem limite de compra”.

Em relação ao futuro do mercado, Cruz acredita que a tendência é o uso de equipamentos com mais funcionalidade, pequenos e fáceis de manusear e o surgimento de novos concorrentes no mercado, novas tecnologias e modelos de negócios. “A empresa que tiver tecnologia de ponta, que funcione e seja adaptável a necessidade do cliente, a custos acessíveis, tende a ter maior participação. Creio, também, que o desenvolvimento de novas tecnologias tornará viável a oferta de soluções globais que possam ser usadas, tanto para segurança como para logística, em qualquer parte do planeta”, finaliza.

Na opinião de José Hugo Fleury, diretor comercial da Ituran, O GSM vai possibilitar o aparecimento de um grande número de pequenas empresas que vão tentar abocanhar uma fatia do mercado. “Para isso, estamos nos preparando com novos serviços e agregando valor aos nossos produtos sem onerar as mensalidades”, adianta. A Ituran disponibiliza soluções de monitoramento e rastreamento de veículos para operações logísticas, controle de frotas e gerenciamento de risco voltado à prevenção do roubo de carga além de centrais e monitoramento para o grande, pequeno e médio frotista. O Frotas On Line, atende proprietários de frotas com até 20 veículos e permite ao empresário monitorar seus veículos em qualquer computador, via Internet com seu login e senha.

A empresa atende duplamente o motorista autônomo através de seu sistema. Caso ele esteja prestando serviço para algum embar-cador, que exija rastreamento na operação, o sinal de seu equipamento será direcionado a uma central de monitoramento Ituran. Se, posteriormente, esse motorista se desliga da operação gerenciada, ele pode manter o equipamento instalado e contratar a Ituran simplesmente para os serviços de proteção contra o roubo e furto, pagando um valor menor”, explica Fleury.

Para o autônomo, a Autotrac, empresa há 10 anos no mercado, desenvolveu o Autotrac Caminhoneiro. O equipamento permite ao motorista ter condições de transportar cargas de maior valor agregado e conseguir melhores fretes. “O pagamento do equipamento é facilitado para o carreteiro, que também não precisa arcar com os custos de comunicação via satélite, pagos sempre pelas empresas que contratam o serviço”, explica Rodrigo Piquet, gerente do Autotrac Caminhoneiro.

Outra vantagem, segundo Piquet, são os descontos no valor do seguro do casco, que podem chegar a 35%. “As empresas de transporte de carga também se beneficiam já que podem rastrear todos os caminhões de autônomos e de agregados à sua frota e garantir a logística de transporte”. Através do site da empresa, as transportadoras tem acesso ao cadastro de todos os motoristas equipados com rastreador e pode contratá-los pelo próprio sistema. “Até 2006 pretendemos equipar 50 mil veículos de autônomos e agregados, diz Piquet”.

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Outro lançamento recente da empresa é o Kit Acionamento para válvulas de tanque combustível, desenvolvido para atender as transportadoras de combustíveis interessadas em impedir o roubo e adulteração desse tipo de carga. “ O kit controla, remotamente, via satélite, a abertura e o fechamento das válvulas que travam o tanque de combustível. A nossa expectativa é que kit seja bastante requisitado nas regiões dos pólos petroquímicos brasileiros, como Paulínia/SP, Camaçari/BA e os Estados de Mato Grosso, Goiás e Rio de Janeiro”, explica Rodrigo Costa, diretor de marketing da Autotrac. O CoDe (Controle de Desgaste Eletrônico) é outro exemplo de solução em segurança, logísti- ca, gerenciamento de riscos, rastreamento e monitoramento para o setor de transporte de cargas. O dispositivo impede o engate e desengate não autorizado do conjunto cavalo-mecânico. “Assim evita-se uma prática comum de roubo de carga na qual o conjunto é desatrelado e outro cavalo mecânico leva a carreta”.

A Omnilink oferece o sistema de rastreamento de veículos RI 1450, que utiliza o GPRS, comunicação de dados via celular (GSM). A base de operação do modelo é o sistema de controle, rastreamento e localização do veículo. Entre as funções executadas estão manter lacradas as portas da cabina e do baú ou desligar a ignição. “O sistema Omnilink foi concebido com objetivo de proporcionar eficiência no uso logístico e de segurança, nas melhores condições do mercado, além de uma série de assessórios e eletrônica embarcada”, afirma Antônio Almeida, diretor da empresa.

Uma das fortes tendências do futuro é o ingresso definitivo de algumas montadoras no mercado de rastreamento e logística com equipamentos de localização e controle. Porém essa tendência não assusta as empresas de rastreamento e monitoramento que acreditam existir espaço para todos, já que apenas 20% da frota nacional é rastreada, e ainda acenam para possíveis parcerias.

A Volvo lançou, recentemente, o Volvo Link, sistema que permite ao usuário localizar o caminhão e receber, pela Internet, informações do computador de bordo (velocidade, consumo de combustível, entre outros itens). O rastreamento é feito através da constelação de satélites GPS e os satélites de comunicação. O gerente de projeto do Volvo Link, Christiano Blume, esclarece que, a montadora não está oferecendo rastreadores ao mercado. “Com o Volvo Link estamos fazendo telemática, oferecemos um rastreador, um sistema de gestão de frota (monitoramento de dados) e um sistema de gestão de transporte (para logística e segurança). Assim o rastreamento é apenas parte do produto e dos serviços oferecidos. Disponibilizamos uma solução completa de fábrica, é o novo conceito de solução estendida”, explica. Para o coordenador de telemática do departamento de soluções para transportes da Volvo, André Carvalho há uma tendência de comoditização deste tipo de produto. “Rastreadores, sistemas de gerenciamento da frota e do transporte, no futuro se transformarão em comodities, isto é, sairão de fábrica dentro dos veículos”, prevê.

Durante a Fenatran de 2003, a Scania apresentou o IRIS (Inteligência e Rastreamento Integrado por Satélite), desenvolvido totalmente no Brasil para atender caminhões com e sem motor eletrônico. De acordo com a empresa, o sistema monitora mais de 15 parâmetros, em tempo real, com inúmeras combinações. Para o gerente de soluções de Negócios da Scania do Brasil, Humberto Marin, a entrada de algumas montadoras no mercado de rastreamento e monitoramento não irá significar o fim de empresas que oferecem este tipo de produto. “Certamente, o mercado terá um ajuste com a presença de novos fornecedores. O espaço de mercado parece ser muito amplo, com segmentações específicas.

Acredito que o desempenho do produto e suas funcionalidades, aliados ao serviço, determinarão parte importante do mercado. O futuro desse tipo de negócio passará por uma evolução tecnológica natural. Provavelmente avançara bastante na parte de logística e de monitoramento de funções do veículo. Entendemos que o relacionamento entre os envolvidos será normal, procurando sempre atender o interesse dos transportadores e embarcadores”, afirma.

Tranquilidade para o motorista

Evilazio de Oliveira

O carreteiro Juraci Copatti, 58 anos, 40 de boléia, está satisfeito com o rastreador, via satélite, instalado no seu Mercedes 1988, garantindo que viaje com muito mais segurança. Afinal, diz ele, o ladrão profissional não vai roubar o caminhão porque sabe que será pego, e amador – se roubar – também será pego. “É uma tranqüilidade para o motorista”. Juraci trabalha como agregado e o equipamento pertence à empresa transportadora. Utiliza principalmente no período de safra de grãos, e se eventualmente, vai carregar para outra empresa, com outro tipo de carga, também troca de empresa seguradora e de vigilância.

Lembra que já aconteceu da central bloquear o caminhão, mas foi numa ocasião em que o bruto “encrencou”. Ele utiliza o sistema há cinco anos e está satisfeito, segue todas as orientações e até utiliza a central para se comunicar com a família, como aconteceu numa viagem que fez para Sapezal/MT e ficou sem comunicações por telefone.

Dirigindo um Cargo de uma transportadora de Toledo/PR, Paulo Rosseto, 23 anos e três de estrada, ainda não tem um rastreador no caminhão, mas garante que logo os patrões vão instalar o equipamento. Segundo ele, no trecho, os motoristas só falam bem, apesar de ter alguns reclamando de bloqueios em lugares perigosos.

Mas isso só acontece quando o motorista não segue as instruções da seguradora, conta Edson José de Quadros, 50 anos, 33 de estrada. Natural de Ponta Grossa/PR, trabalha para uma transportadora de Curitiba, dirigindo uma carreta Volvo FH12, ano 2000 –, e garante que viaja tranqüilo com o rastreador. Mas, dependendo da seguradora, eles bloqueiam tudo, porque só podemos rodar até às 22h, se passarmos desse horário procurando um lugar seguro para estacionar o caminhão. É preciso avisar antes e explicar o que está acontecendo, para evitar que o veículo seja travado”, diz. Como o sinal do satélite desaparece sob determinados tipos de coberturas, fios elétricos ou árvores, também é bom avisar os rapazes do controle.

As mensagens entre o motorista e a central são por escrito, através de um teclado e de um pequeno monitor onde são recebidas as respostas ou orientações. Há sistemas de códigos, como é o caso do rastreador utilizado por Luiz Carlos Battistella, 47 anos, 22 de profissão, dono – junto com o irmão – de um Mercedes 2004, equipado com bitrem. Ele mora em Realeza/PR e transporta grãos no Mato Grosso e Rondônia, mas às vezes pega outros rumos.

Ele afirma que o seu rastreador está acusando coisas que não acontecem no caminhão. Conta que num domingo à tarde, o bruto foi bloqueado quando atravessava por uma reserva indígena, no Ma- to Grosso. Não tinha outro tipo de comunicação e precisou arranjar uma carona para, 60 quilômetros depois, conseguir um telefone e pedir para que desbloqueassem o caminhão. Disseram que a carreta estava desengatada, “Não estava”. Outro dia – conta ele – reclamaram que eu estava com a porta aberta. “Não estava. Quer dizer, bloqueiam, sem necessidade”. Ou seja, não funcio- na direito”.

Fabiano Silveira Rodrigues, 24 anos, seis de profissão – natural de Alegrete/RS, trabalha com um Scania 94 e “só vê vantagem no uso do rastreador, para o motorista e para a empresa”, conforme avalia. Ele mantém contato com o patrão três ou quatro vezes por dia para dizer como está a situação. “Ele sabe por onde eu ando, mas é sempre bom explicar que estou esperando para carregar, descarregar ou qualquer outra coisa”. Fabiano transporta de tudo, mas “quase sempre está metido com soja, milho, arroz”.

O rastreador instalado no Scania 99, que Edson Alfredo Dorn Pereira, 40 anos, 14 de boléia, está incompleto, não tem o teclado, por isso os contatos feitos com a empresa “rastreadora”, em Maringá/PR são feitos por telefone. “Mas eles sabem a minha localização direitinho”, garante. “E, em caso de emergência, eu tenho como avisá-los através de um dispositivo na cabina, e eles imobilizam o caminhão”. Até agora não foi preciso usar o botão da “emergência”, diz ele, pedindo a Deus que nunca precise.