Mudanças técnicas aplicadas ao Mercedes-Benz Actros resultaram num caminhão adequado para operações no agronegócio, segmento caracterizado pelo transporte da safra de grãos, principalmente na região Centro-Oeste do País

Por João Geraldo

Responsável por cerca de 30% do mercado total de caminhões, o segmento de estradeiros premium – veículos de grande potência e desempenho, com grande destaque no agronegócio – é caracterizado por acirrada disputa entre os fabricantes, na qual cada venda concretizada significa também importante avanço na participação de mercado e, por consequência, na imagem da marca. A similaridade e performance entre os produtos que concorrem neste segmento, estendem a corrida pela preferência do cliente a pacotes de serviços, disponibilidade do veículo e formas de negociação, sendo esta última de grande peso na decisão por essa ou aquela marca de caminhão.

É o caso recente da aquisição realizada pelo Grupo Cereal, de Rio Verde/GO. No segundo semestre do ano passado a empresa adquiriu 15 unidades do Actros 2651 e mais outras cinco numa segunda negociação, todos via leasing operacional, pelo Banco Mercedes-Benz. Pela modalidade, ao final do contrato o cliente devolve os caminhões para a fábrica ou, caso queira, pode optar por adquiri-los a preço de mercado.

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Parte das operações dos caminhões Actros 2651 envolve o transporte da soja do local de plantio para uma das unidades de esmagamento e processamento

O fundador e conselheiro do Grupo Cereal, Evaristo Barauna, disse que a forma de negociação com a Mercedes viabilizou a aquisição dos veículos da marca. Ele acrescentou que não encontrou a dificuldade que havia sempre na hora de comprar caminhão de diferentes marcas. Disse ainda que a transportadora da empresa, a Cereal Log, foi criada pelo setor de logística da empresa – para buscar redução de custos e eficiência, principalmente por não depender de terceiros. Barauna destacou estar satisfeito com o atendimento pós-vendas que tem recebido desde que começou a operar com os novos caminhões. Ele adiantou que já iniciou negociação para aquisição de mais 10 unidades do Actros.

Para o vice-presidente de vendas, marketing e peças e serviços e caminhões e ônibus da Mercedes-Benz, Roberto Leoncini, o Actros é um produto que atende com eficiência as necessidades do frotista.  Ele reforça que hoje o modelo se tornou uma das opções para o agronegócio, mas lembra que para isso passou por várias mudanças a partir de 2015, como a disponibilidade do freio a tambor como item de série para as versões 6X2 e 6X4 e eixos sem redução no cubo.

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A forma de negociação com a Mercedes-Benz viabilizou a aquisição dos veículos, declarou Evaristo Barauna, fundador e conselheiro do Grupo Cereal

O freio a tambor é indicado para operações mistas, nas quais o caminhão roda tanto em rodovias asfaltadas quanto em estradas de terra, bem como nas condições de intensa presença de poeira ou cascalho.  No caso da operação do Grupo Cereal, os veículos rodam, na média, 70% no asfalto e 30% em estradas de terra. Outros detalhes do Actros são o novo software na caixa de transmissão, tanque em alumínio com capacidade para até 1.080 litros entre outras. A partir desse ano, o Actros passou a oferecer também pacote de segurança completo, com assistente de frenagem e orientador de faixa de rolamento.

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A frota da empresa trafega, em média, 70% do tempo por rodovias asfaltadas e 30% por estradas de chão, em áreas de lavoura

Leoncini disse que hoje, quando ele bate nas portas dos transportadores, elas se abrem, porque ele tem o extrapesado que atende as demandas do cliente. Acrescentou que quem está usando o Actros está satisfeito, principalmente pela média de consumo. O executivo de vendas da Mercedes-Benz reforçou que quer participar de todos os negócios no Brasil. “É inaceitável perder negócio no extrapesado por não ter participado, sem ao menos ter chegado no cliente”, concluiu.

O consumo de combustível é destacado também pelo responsável pela frota de caminhões da Cereal Log, Paulo Peres.  Segundo ele, a média feita pelos Actros da frota está dentro das suas expectativas, na casa dos 2,1km/litro rodando com carga de 37 toneladas líquidas no bitrem. Explicou que essa quilometragem é obtida na região de plantio da soja e milho, devido ao relevo mais plano.

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A troca do disco de freio por tambor foi fundamental para deixar os caminhões mais preparados para rodar por estradas onde é grande a presença de poeira e cascalho

No entanto, conforme frisou, no trecho para Paranaguá o consumo é um pouco maior, porém, segundo ele, por causa das condições inadequadas das rodovias, principalmente os buracos existentes na pista. Ele disse também que os veículos têm demonstrado robustez e resistência.

 Os motoristas da empresa com quem a reportagem da revista O Carreteiro conversou também disseram estar satisfeitos em trabalhar com o Actros. Cristiano Zanellato, 38 anos de idade, 10 na profissão, taxou o caminhão como eficiente e confortável e com boa média de consumo. “Esse motor de 510cv de potência impressiona, o piloto automático também é um ponto muito positivo e esse banco é muito bom”, comentou.

Na ocasião, Zanelatto disse que estava trabalhando há três meses com o Actros, o qual assumiu a direção com 72 mil km e já havia rodado 24 mil km.  Ele dirige nove horas por dia, no máximo, cumprindo os períodos determinados pela Lei do Motorista. Por mês, conforme disse, roda entre oito e 10 mil quilômetros, maior parte em rodovias asfaltadas, e na maioria dos casos dorme em sua casa. Nas ocasiões de viagens aos portos de Paranaguá/PR, ou de Santos/SP, para onde transporta farelo de soja, o pernoite é feito dentro da cabine do caminhão. Nessas rotas, a média de consumo é de 1,9 km/litro.

“Às vezes viajamos em comboio de até três carretas da empresa e paramos sempre em locais que já conhecemos como seguros”. Lembrou também que não enfrenta problemas de longas esperas em Paranaguá para descarregar. No retorno para Rio Verde, a carga de adubo é garantia para não voltar vazio.

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Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas e marketing da Mercedes-Benz, destaca que o consumo do Actros está agradando os transportadores

O também motorista, Ivan Cassimiro Lobo, diz que consegue tirar do caminhão o consumo solicitado pela empresa, de 2 a 2,1 km/litro. Lembra que com o Actros 2651 passou a atrelar um bitrenzão de nove eixos em vez de sete e afirmou que com essa média de consumo a sua comissão sobre o valor do frete subiu de sete para oito por cento, elevando seu ganho mensal para uma faixa entre R$ 4.500 e R$ 5.000,00. “É muito difícil surgir uma vaga de motorista no Grupo Cereal, pois quem está dentro não quer sair de forma alguma”, afirmou, acrescentando que vaga só surge quando há ampliação da frota.

GRUPO EM CRESCIMENTO

O  Grupo Cereal foi fundado em 1981 e sua frota de caminhões conta hoje com 62 veículos, sendo 48 conjuntos graneleiro bitrem, para atender os mercados interno e de exportação. São seis conjuntos tanque, seis biomassa e três conjuntos silo, além de um veículo para demandas internas e a caminhão de bombeiro. A idade média da frota é de três anos. Tirando as 20 unidades Mercedes-Benz, os restantes dos caminhões são das duas marcas suecas.

As 10 unidades receptoras de grãos do Grupo Cereal estão no Estado de Goiás e recebem atualmente 10 mil toneladas por dia, das quais quatro mil vão para a unidade de Rio Verde. O presidente do Grupo, Adriano Barauna, comenta que “a empresa é o caminho do produtor de grãos, pois é onde ele vai colocar a sua safra”.

De acordo com Adriano, em 2016 a empre­sa cresceu 10% e a previsão para este ano é de crescer mais 23%. Atualmente, a capa­cidade de esmagamento de grãos do Grupo Cereal é de três mil toneladas/dia.