O FH 12 380 está completando 25 anos desde que desembarcou no País trazendo inovações como o motor eletrônico, freio ABS e airbag, entre outros itens inéditos no mercado brasileiro em um caminhão. O modelo abriu caminho para a modernização da Volvo no Brasil e assim como em outras partes do mundo veio a se tornar o principal produto da marca. Dos mais de um milhão de unidades comercializadas no mercado global, mais de 90 mil foram no Brasil e cerca de 40 mil em outros países da América Latina

Por João Geraldo   

Matéria publicada com destaque na edição de número 232 da revista O Carreteiro (setembro de 1993), tinha como tema central o início da importação do Volvo FH 12 380, o caminhão mais moderno do mundo à época. Mais do que comercializar no Brasil um modelo importado, a iniciativa era mais ousada ainda porque tratava-se de um modelo com cabine avançada (cara-chata) para concorrer em um mercado onde a maioria dos transportadores ainda trabalhavam com modelos de capô sobre o motor.

Durante a apresentação da novidade, executivos da Volvo anunciaram que a meta era abocanhar 50% do mercado de caminhões pesados cara-chata, os quais entre janeiro e agosto daquele ano tinham registrado 1.373 unidades vendidas (15% do mercado), considerando modelos das marcas Scania, Mercedes-Benz, Volkswagen e Ford. 

Baseados em números do mercado europeu, onde mais de 90% dos caminhões já eram com cabine avançada, estrategistas da Volvo apostavam na mudança no Brasil e no sucesso do FH. Naquela época, a empresa produzia somente modelos bicudos, como o NL 10, 4X2, com motores de 310cv e 340cv; NL 12, 4X2 e 6X2, com motor de 360cv e NL 12 4X2 com motor de 360cv.  

No entanto, o olhar da montadora, que na época só produzia caminhões bicudos, estava bem à frente do mercado brasileiro daquela época.  O FH 12 – um cavalo mecânico 4X2 equipado com motor D12A de 380cv de potência, estava inserindo tecnologia e modernidade ao transporte rodoviário de cargas. O modelo tinha acabado de ser lançado na Europa como o caminhão mais moderno do mundo, para substituir a antiga linha F no continente. 

Sua importação era mais do que apenas mais produto para aumentar o portifólio da marca e sim iniciar um processo de modernização com um caminhão avançado. O FH 12 380 destoava dos demais pesados do mercado brasileiro, pois contava com motor eletrônico (sem bomba injetora mecânica) e freio ABS, ambos cerca de 10 anos antes de serem adotados no País. 

Ricardo Tomasi, engenheiro de vendas da Volvo, lembra que na época praticamente não houve adaptação do FH para o mercado brasileiro a não ser o óleo diesel e pequenas mudanças na suspensão da cabine, que era considerada muito mole pelos motoristas brasileiros. Antes mesmo de iniciar a importação do modelo, a fábrica já tinha começado o treinamento do pessoal das 59 concessionárias da rede que na época compunham o sistema VOAR. Outra medida foi o investimento de 40 milhões de dólares na formação de estoque de peças para evitar qualquer FH parado por falta de manutenção.

FH importação
Todos na cor vermelha, os cavalos mecânicos FH 12 380 suecos eram desembarcados no Porto de Paranaguá

E a cabine, conforme lembrou o diretor comercial da Volvo, Bernardo Fedalto, tinha sido desenhada a partir de estudos ergonômicos e desenvolvida baseada no motorista. “Era um produto à frente inclusive na cor vermelha, quando a grande maioria dos caminhões era pintada de branco”, comentou o executivo, acrescentando que foi também o primeiro caminhão no Brasil a ter air bag. Até hoje a maioria dos caminhões não tem. 

“Desde que chegou ao Brasil, o FH representa o que há de mais avançado na indústria de caminhões. Todas as gerações chegaram ao Brasil imediatamente após o lançamento mundial na Europa.  Foi assim nos primeiros 25 anos e continuará sendo. A história de sucesso do FH está apenas começando”, concluiu Fedalto. 

O diretor de planejamento de produto da Volvo, Alan Holzmann, destacou que o FH foi o primeiro caminhão a ser desenvolvido com conceitos de automóvel de passeio, para  trazer  os níveis de conforto, ruídos, odores, design para um veículo de carga. “O FH se tornou o principal produto da Volvo e vai continuar incorporando novidades de eletromobilidade, conectividade etc. A cada momento surgem novos itens e o modelo vai absorver todas as novas tecnologias que vierem”, concluiu.

VOlvo FH 1993 P2
Os primeiros caminhões pesados da marca no Brasil com cabine avançada mereceram destaque na edição de setembro de 1993 da revista O Carreteiro

Uma das formas que que a Volvo encontrou para marcar os 25 anos do FH no Brasil foi a produção de uma série especial comemorativa com todo o pacote de tecnologia disponível atualmente para o modelo. A lista inclui controle eletrônico de estabilidade, sensores de mudança de faixa, de ponto cego, de chuva, piloto automático inteligente (anticolisão), freios eletrônicos a disco, ABS e airbag.

Todas as unidades têm a cor vermelho perolizado e têm como destaque uma faixa que forma o número 25. Na parte interna da cabine, detalhes laranja estão presentes nos cintos de segurança, cortinas, tapetes e nas portas e bancos que combinam tecido e couro. Outros requintes do veículo se estendem ao volante com acabamento em couro, kit multimídia com tela touch de 7 polegadas, câmera de ré, geladeira e escotilha no teto com acionamento elétrico. A série de 25 anos é disponibilizada nas versões 6X2, com motor de 460cv, e 6X4 com motor de 540cv.  “Nossa intenção é prestar uma homenagem aos clientes que fizeram do FH um diferencial em suas frotas, buscando o que há de melhor em tecnologia, segurança e imagem”, explicou o gerente comercial de caminhões da companhia, Alcides Cavalcanti, lembrando que se trata de uma série limitada, com poucas unidades. 

Volvo NL 10
Desde o início da produção de caminhões na fábrica de Curitiba, em 1980, a Volvo só tinha modelos com cabine convencional

Outro movimento da montadora para marcar os 25 anos do FH especialmente de sua chegada ao Brasil, foi a realização de uma campanha para encontrar o modelo mais antigo do Brasil em operação e como o veículo mudou a história das pessoas nas duas décadas e meia. De acordo com o diretor de marketing do grupo Volvo na America Latina, Daniel Mello, a ação ocorreu durante o mês de julho de 2018 e recebeu 20 mil interações e muitos transportadores relataram ter rodado mais de 2 milhões de quilômetros sem ter de fazer o motor.  

EVOLUÇÃO DO FH NO BRASIL 

1993

Chegada dos primeiros modelos do FH 12 380 ao Brasil, no final do ano.

1998 

Início da produção do FH 12 na fábrica de Curitiba/PR.

1999 

Produção brasileira do motor D12C (12 litros) com 420cv de potência.

2003 

Lançamento dos novos motores D12D de até 460cv e chegada da caixa I-Shift.

2006 

Lançamento da linha com motor D13A 13 litros com potência até 520cv e nova caixa I-Shift para 60 toneladas e Freio VEB de 500cv.

2010 

Opção no Brasil para sistemas de Controle Eletrônico de Estabilidade (ESP), Moni­toramento de Faixa de Rodagem (LKS), Piloto Automático Inteligente (ACC2), Freios Eletrônicos (EBS), Sensor de Ponto Cego (LCS), Bafômetro Inibidor de Partida (Alcolock) e Luz de Conversão, sistema que ilumina o lado para o qual o caminhão vai manobrar.

2012 

Junto com o lançamento da linha Euro 5, o FH ganhou novos motores D13C, com potência de até 540cv.

2013 

Volvo traz para o Brasil o FH16 750, o caminhão mais potente do mundo. 

2014 

Empresa promoveu atualização total da cabine, que ganhou 1m³ a mais de espaço interno e um design externo igual ao FH Europeu. Foi a primeira grande atualização desde o lançamento do modelo no Brasil. Outra novidade de destaque é que os caminhões FH passaram a trazer de série dispositivos para monitorar e interagir em tempo real. O Dyna Fleet, sistema de gestão de frotas, foi incorporado a todos os modelos da marca, que passaram a sair de fábrica preparados para ativação do serviço. 

2016 

Sexta geração da caixa I-Shift, que trouxe com ela mais duas opções de marchas super-reduzidas para aplicações severas de operação.

2018 

Comemoração de 25 anos de Brasil do FH e lançamento da série especial.