Por Evilazio de Oliveira Fotos Luis Gonçalves
Até novembro deste ano, os governos estaduais, órgãos ambientais estaduais e secretarias de meio ambiente deverão ter um PCPV (Plano de Controle Poluição Veicular) exigido pelo Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente) e o Contram (Conselho Nacional de Trânsito), cuja meta é identificar problemas de qualidade do ar e buscar soluções, sobretudo em localidades que contenham maior contaminação atmosférica. Dependendo dos resultados, os Estados poderão implantar um programa de inspeção ambiental, com mais de um ano e meio para o funcionamento nas regiões consideradas críticas.
A medida, em princípio, ampliará as exigências para a frota de caminhões, podendo trazer novos custos às empresas e autônomos. Porém, ao mesmo tempo em que preserva a qualidade do ar e contribui para a manutenção técnica dos veículos, também vai ressaltar a necessidade de renovação da frota nacional, com veículos mais modernos e econômicos.
Na estrada, a maioria dos estradeiros ainda confunde inspeção veicular com revisão geral, conforme são suas expectativas em relação ao que seria a atenção e cuidados ideais para o caminhão rodar em condições seguras, com uma checagem geral de componentes como sistema de freio, suspensão, pneus e outros. Pelo menos é assim que a inspeção veicular é vista pelos carreteiros que trabalham no transporte internacional e estão mais familiarizados com o termo, em razão da obrigatoriedade dessa inspeção para a maioria dos países do Mercosul.
Elecir Maschke, de Palmitos/SC, 33 anos de idade e sete de profissão é proprietário de um Volvo 92 com o qual costuma viajar para os Estados do Paraná, Mato Grosso, Goiás e, eventualmente, Paraguai. Ele conta que faz revisões técnicas todos os anos para garantir o bom funcionamento e evitar que ocorram problemas na estrada. Há cerca de quatro anos carrega na Copesul, em Triunfo/RS, onde também é feita uma vistoria interna muito rigorosa, e em caso de qualquer anormalidade o caminhão não é admitido para o carregamento.
Por isso, ele tem preocupação de manter as revisões em dia, com tudo funcionando direito, a começar pela limpeza dos bicos injetores e da bomba, para evitar fumaça e garantir mais economia de combustível. Lembra que para viajar para o Paraguai foi necessário fazer uma Inspeção Veicular. Atualmente a vistoria está vencida e deixou de transportar para o país vizinho, embora não acredite que por lá haja rigor na fiscalização. Todavia, pensa em ir a Foz do Iguaçu/PR para uma vistoria veicular correta, em “autorizada” para que possa viajar tranquilo. Maschke acha que esse tipo de exigência é necessário para dar mais segurança aos motoristas na estrada, garantindo que o caminhão esteja em boas condições e, ao mesmo tempo, contribuir para tirar muitas “carroças” das estradas. Lamenta, no entanto, que essa vistoria se constitua numa despesa a mais para o carreteiro.
Sandro Gonçalves da Rocha, 38 anos e nove de volante, vê com simpatia a obrigatoriedade da Inspeção Veicular “porque vai dar mais segurança aos motoristas e permitir que muita “velharia” seja retirada das estradas”. Natural de Ponta Grossa/PR e dirigindo um Volvo ano 90, em rotas do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Mato Grosso, afirma que faz revisão técnica do seu caminhão todos os anos, com atenção especial para os bicos injetores e bomba por causa da fumaça e da economia de combustível.
Acrescenta que as revisões evitam que alguma coisa que não está bem acabe piorando, causando maiores problemas e despesas. Assim, procura providenciar logo o conserto, deixando o caminhão sempre em boas condições, além de garantir mais segurança. “Já imaginou acontecer algum problema com o sistema de freios numa serra?”, pergunta. “Claro que as revisões têm custos para o motorista ou o patrão, mas é uma despesa necessária”, diz.
João Bertoldo Hahn, de Cristal/RS, 45 anos e 22 de volante, também comenta que a Inspeção Veicular é uma despesa a mais para o motorista, apesar de considerar a vistoria válida em termos de segurança, pois evitará que muita “cacaria”, sem condições de trafegar, ande pelas estradas botando a vida das pessoas em perigo e atrapalhando quem precisa trabalhar. Acrescentou que havia feito uma “inspeção veicular completa” no caminhão numa concessionária autorizada. João Bertoldo trabalha como empregado com um Scania 2007 na rota Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais.
Gaúcho de Palmeira das Missões/RS, Zaqueu Brizola, 34 anos e cinco de profissão, concorda que a Inspeção Veicular é importante para o patrão e o motorista. Explica que para o patrão pela valorização do seu patrimônio, já para o motorista pela segurança de saber que está rodando com um caminhão em boas condições. Ele dirige um VW 2004 graneleiro e não soube dizer quando havia sido feita a última revisão técnica do veículo. Segundo ele, esta questão fica sob a responsabilidade do patrão, que controla as datas e as quilometragens necessárias para as revisões.
Na opinião do estradeiro Marluís da Silva, 33 anos e sete anos de volante, a Inspeção Veicular já deveria ter sido implantada no Brasil há tempo. Considera uma medida muito boa em termos de segurança para o motorista e também para ajudar a tirar das estradas caminhões velhos e sem condições de uso. Natural de Carazinho/RS e apenas há nove meses na direção de um Volvo 2001, ele conta que ainda não fez nenhum tipo de revisão técnica no caminhão, apenas óleo, filtro e outros itens de rotina. Todavia, como já operou no transporte internacional, sabe da importância e da necessidade da Inspeção Veicular em termos de segurança nas rodovias e da preservação do meio ambiente e também forçando as autoridades a fiscalizarem os combustíveis vendidos nos postos de beira de estrada. “Acho uma boa”, garante.
Para o carreteiro Sérgio Luís Flach, de São José do Cedro/SC, o ideal para evitar qualquer tipo de transtorno é fazer a vistoria técnica e a Inspeção Veicular obrigatória, principalmente para quem atua no transporte internacional. Aos 39 anos e 20 de volante, ele dirige um Scania 98 em rotas que inclui os Estados do Nordeste, Mato Grosso, Argentina e Paraguai. Na ocasião, a Inspeção que havia feito no Paraguai e pela qual pagou cerca de R$ 150,00 estava vencida, mas garantiu que faria na primeira oportunidade, em Foz do Iguaçu/PR, que “é quente” isto é, válida nos outros países. Acredita que essa exigência é válida desde que se verifiquem seriamente itens de segurança do caminhão, a começar pelo sistema de freios e faróis, além da bomba, bicos e injetores. “Mas” – questiona Sério Flach – “se a intenção é a segurança e o controle da poluição, por que não se fiscalizam melhor os postos que vendem combustíveis adulterados?”