João Geraldo

O disputado mercado brasileiro de caminhões pesados tem levado os fabricantes do setor a trabalharem seus produtos para não perderem espaço na preferência dos transportadores. Dentro desta regra do jogo, as principais marcas concorrentes no segmento acima de 40 toneladas de PBTC têm procurado manter o alto padrão de seus veículos em relação à produtividade, conforto e segurança, além de buscarem diferentes formas de mostrarem aos clientes as vantagens de seus produtos. Dentro desta perspectiva, a Mercedes-Benz, que em 2012 disponibilizou uma frota de demonstração com mil caminhões, manteve a mesma estratégia este ano acreditando ser esta uma boa maneira de comprovar os benefícios dos produtos da marca aos transportadores, conforme explica Tânia Silvestre, diretora de vendas e marketing de caminhões da companhia. Ainda de acordo com ela, do total de caminhões extrapesados vendidos no Brasil no ano passado, 9.854 foram Mercedes-Benz e garantiram 21% de participação da marca no segmento.

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Itens de série como a caixa de cânio automatizada e suspensão pneumática são novidades nos modelos Axor com cabine leito

A executiva lembra que o maior volume de vendas de pesados é realizado junto aos grandes frotistas, os quais, por sua vez, têm o foco no custo da operação, considerando menor consumo de combustível, maiores intervalos de manutenção e maior produtividade do motorista. Tânia Silvestre destaca a que a Mercedes-Benz tem procurado melhorar e fortalecer seus produtos e cita a oferta do câmbio automatizado PowerShift de série no Axor, em 2012, do lançamento do Actros 2546 em novembro e do Actros 2655 V8 no início deste ano.

As ações mais recentes da companhia para fortalecer sua linha de caminhões pesados é o incremento da suspensão a ar na cabine do Axor nas configurações 4X2 e 6X2 e também uma relação de eixo mais longa do eixo traseiro do Axor 1933, que passou de 3,9:1 para 3,58:1. “Nesta configuração o modelo ganhou no consumo, pois o caminhão pode rodar a 80 km/hora com menor rotação. Antes isso não era possível no motor Euro 3, porque havia queda de rendimento”, explicou Cláudio Gasparetti, gerente de vendas e marketing de caminhões.

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A Mercedes-Benz tem trabalhado para fortalecer sua linha de produtos e atender as necessidades dos clientes, destaca Tânia Silvestre

Outras mudanças nos modelos pesados da marca citadas por Gasparetti é a aplicação do eixo HL8 sem redução no Actros 6X2 e caixa de câmbio G281, de 12 velocidades, sendo a última marcha direta. De acordo com ele, as alterações resultaram em redução de até 6% no consumo de combustível em relação à configuração anterior.

Em relação ao Actros 2655 V8 6X4, equipado com motor de 16 litros e 551 cv de potência, o gerente de gerente de vendas e marketing de caminhões da Mercedes-Benz explica hoje se valoriza bastante o aumento da velocidade média, porque resulta em maior produtividade, inclusive até maior resultado em algumas operações, embora esta regra não se aplica a todos os tipos de operação. Vale lembrar que o motor do modelo ainda não é nacionalizado e nem há previsão, pois trata-se de uma decisão que está diretamente ligada ao volume de vendas. O modelo não tem Finame, ao contrário das versões equipadas com motor V 6 (Actros 2546 e 2646) montadas na fábrica de Juiz de Fora/MG, que já permitem 50% do Finame. Os Actros são disponíveis em três opções de cabine: Leito teto baixo, Leito teto alto e Megaspace.

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Caminhões da linha Actros equiçados com V6 são montados na fábrica da Mercedes-Benz instalada em Juíz de Fora/MG

Cláudio Gasparetti destaca que o transportador está investindo mais em caminhões extrapesados porque tem de transportar mais carga com o mesmo custo de um caminhão menor e os modelos maior de porte trouxeram a solução para esta questão. Ele comenta sobre a tecnologia da caixa de câmbio automatizada, que trouxe mais conforto para o carreteiro e economia na operação. “É um item que valoriza a mão de obra, aumenta a produtividade e reduz a diferença entre os motoristas. Os que estão abaixo da média melhoram. Hoje, existem profissionais que mudam de empresa transportadora por causa do caminhão”.

Outra melhoria aplicada pela Mercedes-Benz à linha Axor, além da caixa automatizada de série é a suspensão pneumática de série nas versões com cabine leito, as quais formam a grande maioria dos cavalos mecânicos rodoviários. As bolsas de ar melhoraram a absorção e amortecimentos dos impactos provocados pelo pavimento e resultam em conforto e maior produtividade do motorista.

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Os extrapesados trouxeram a solução para transportar mais carga com o mesmo custo de um caminhão menor, diz Cláudio Gasparetti

Tânia Silvestre destaca que os maiores investimentos da Mercedes-Benz têm sido justamente na linha de caminhões extrapesados rodoviários, os quais representaram 35% do mercado total em 2012 (perto de 47 mil unidades) e com previsão de encerrar este ano com 40% de participação. “Esperamos crescer este ano entre 12 e 13% neste segmento”, acrescenta.

A expectativa de crescimento do segmento de extrapesados no País está ligada diretamente com as perspectivas do avanço da economia brasileira. “Estamos otimistas e esta nossa perspectiva tem muito a ver com o crescimento da economia”, acrescentou a diretora de vendas e marketing da Mercedes-Benz. Como é sabido, o crescimento do PIB gera reflexos no mercado de caminhões, além disso, as regras para o setor estão mais claras, pois ao menos até dezembro deste ano as taxas estão pré-definidas e isso ajuda muito o mercado. Fatores como o crescimento ano a ano da safra de grãos, e também da cana de açúcar têm aumentado o volume de caminhões no segmento de extrapesados.

MERCADO DE EXTRAPESADOS
Entre janeiro e abril deste ano, os extrapesados representaram 41% das vendas dos caminhões comercializados no período. Levantamento da Mercedes-Benz aponta que os modelos equipados com motor de até 330cv de potência representam atualmente 50% do segmento e 40% na faixa de 331cv a 410cv, e o restante acima destas potências. O segmento 6X4 responde por 40% do segmento. Em 2012, do total de caminhões extrapesados vendidos, 80% foram destinados ao transporte rodoviário e 20% para o segmento fora de estrada.