Por Evilazio de Oliveira
Obrigatório em vários países, inclusive na Argentina, onde as multas aplicadas aos infratores são consideradas altas, o uso do farol baixo passou a ser obrigatório também nas estradas brasileiras. A lei é um assunto antigo no trecho, embora muitos carreteiros, motoristas de ônibus e de automóveis de passeio já trafegavam com as luzes acesas para seguir orientação das autoridades de trânsito visando o aumento de segurança.
Até agora, os motoristas brasileiros estavam acostumados a determinações legais que – pelo menos aparentemente – tinham apenas o propósito de aumentar as despesas e causar transtornos burocráticos, como a obrigatoriedade do kit de primeiros socorros, extintores de incêndio, e exame toxicológico para a renovação da CNH, entre outros.
A medida, sancionada pelo presidente da República em exercício, Michel Temer através da Lei 13.290, pune infratores com multa de R$ 85,13 e quatro pontos na CNH. Com as mudanças no Código de Trânsito Brasileiro, previstas para começar a valer no próximo mês de novembro, os valores das infrações terão aumento e passarão para R$ 130,16.
Embora a utilização dos faróis baixos acesos durante o dia nas rodovias seja reconhecido internacionalmente como um importante item de segurança – inclusive nos novos caminhões a luz acende automaticamente ao se ligar o motor – ainda há quem torça o nariz, reclamando de um eventual desgaste do sistema elétrico do veículo, queima de lâmpadas, aquecimento da fiação e danos à bateria.
Na opinião do carreteiro Gilvani Schaefer dos Santos, 55 anos de idade e 35 de profissão, a medida não muda em nada a segurança nas estradas. Ele, que trabalha com uma carreta tracionada por um cavalo-mecânico Scania ano 86, e roda apenas dentro do Estado do Rio Grande do Sul, acredita que é necessário dirigir com cuidado, obedecendo a sinalização e sobretudo com bom senso para evitar acidentes.
Santos ressalta que é contra o uso de faróis acesos por causa da durabilidade de todo o equipamento elétrico. Para ele, trata-se de mais uma lei que vai pesar no bolso do estradeiro, com o aumento do consumo de lâmpadas, sinaleiras e bateria. “Não vai adiantar nada”, diz. Além disso, vai precisar gastar com a instalação de uma chave para o farol baixo. Mesmo contrariado, ele afirma que vai obedecer a lei.
Mesmo acostumado a viajar com os faróis baixos acesos durante o dia nas estradas argentinas, o motorista Delmar Rodrigues dos Santos, 50 anos de idade e 30 anos de volante, que trabalha com um caminhão ano 94 no transporte internacional, é contra essa determinação. Ele lembra que já foi multado na Argentina, onde é lei, por ter esquecido de ligar os faróis e acrescenta que no Chile não é obrigatório. Enfim, ele é contra, porque acha que esquenta a fiação, “judia” da bateria e facilita a queima de lâmpadas. Também reclama de que no Brasil existem muitas obrigações para o carreteiro e pouco retorno.
O autônomo Éder Freitas tem 36 anos de idade e 16 anos de profissão, natural de São Gabriel/RS, e dono de caminhão fabricado em 2014, viaja em todo o território nacional e considera a obrigatoriedade de usar os faróis acesos durante o dia “uma porcaria” que não vai evitar acidentes. Mas também não acredita que prejudique o sistema elétrico do veículo. E, como é lei para utilizar os faróis acesos, “que assim seja, vamos usar”, garante.
Ao contrário dos colegas, Jaelson Andrade Soares, 48 anos de idade e 18 de profissão, natural, que dirige um caminhão ano 89, no transporte internacional, acha a medida muito importante para a segurança nas estradas. Afirma que já está acostumado e que ajuda muito na visibilidade, se enxerga melhor os veículos que trafegam em sentido contrário e auxilia nas ultrapassagens. Ele também lembra que rodar com faróis acesso é obrigatório na Argentina, país em que a maioria das rodovias são duplicadas. “Imagina nas estradas brasileiras, é uma medida muito importante”, reafirma.
O dono da Auto Elétrica Silva, de Uruguaiana/RS, Rubens Telechea da Silva, 49 anos de idade e 16 de profissão, que trabalha no atendimento de caminhões e automóveis, garante que a medida não causa nenhum problema para os veículos. A não ser, a necessidade de se usar lâmpadas de boa qualidade. Ele lembra que todas as lâmpadas têm um determinado tempo de vida útil. Então, além de produtos de boa qualidade, o carreteiro precisará se preocupar também em levar algumas peças para uma possível substituição.
O eletricista lembra que é necessário revisar a fiação elétrica periodicamente e, em casos de caminhões mais antigos, aconselha a instalação de uma chave específica para o farol baixo, serviço que pode ser feito por cerca de R$ 100,00 incluindo material e mão de obra. Tudo muito simples, afirma. Ele é a favor da medida, por considerá-la importante em termos de segurança. Lembra que nas rodovias estaduais o uso dos faróis acesos é obrigatório em razão de uma lei antiga e que permanece em vigor.