Por João Geraldo
Quatro anos após 40 unidades produzidas na Alemanha desembarcarem no Brasil para testes, e a marca ser apresentada oficialmente ao mercado no final de 2009, na Fenatran, finalmente a MAN Latin America lançou o extrapesado MAN montado na unidade de Resende/RJ. Trata-se do modelo TGX 29.440 6X4, a primeira de três versões a serem produzidas no País e que insere a montadora no segmento de caminhões extrapesados com motores acima de 400 cv de potência. Abaixo desta faixa de carga e potência, os produtos da companhia continuam atendendo ao mercado sob a marca Volkswagen, com as linhas Delivery, Work e Constellation.
“Trata-se de um trabalho de três anos e meio de nossos engenheiros para deixar o veículo apto a atender as necessidades do Brasil e de outros países da América – Latina”, disse Roberto Cortes, presidente da montadora, ao comentar sobre a reengenharia necessária para tornar o caminhão de origem alemã um produto preparado para rodar no mercado sul-america. Os 40 veículos importados para alavancar o projeto de lançamento de extrapesados da marca no Brasil, rodaram mais de oito milhões de quilômetros em testes nas mãos de grandes transportadores, em todos os tipos de rotas e estradas.
Aguardado com grande entusiasmo tanto pelos executivos de todas as áreas da montadora quanto pela rede, o MAN TGX 29.440 6X4 será comercializado e atendido no pós-vendas – ao menos inicialmente – apenas pelas autorizadas já adequadas ao produto, as quais passarão a comercializar duas marcas de caminhões, conceito também chamado de dual brand. “Até final de maio teremos 65 concessionários MAN e cliente algum ficará sem atendimento”, afirmou Ricardo Alouche, diretor de vendas, marketing e pós-vendas da MAN Latin America. Ainda de acordo com ele, 100% dos concessionários podem ser MAN, bastando para isso se adequarem para comercializar e dar assistência técnica ao veículo.
O MAN TGX 29.440 é um cavalo-mecânico alinhado com os produtos mais modernos do mundo na categoria de caminhões extrapesados. O motor D26, de 12,4 litros, gera 440cv de potência a 1.500 rpm, é equipado com sistema de injeção common rail e tem como um de seus pontos fortes a curva de torque plana (entre 950 e 1.200 rpm), característica que reduz o número de trocas de marchas.É um engenho importado da Alemanha e dotado de tecnologia SCR de pós tratamento dos gases de escape, necessitando, portanto, do uso de ARLA-32 (comercializada na rede autorizada) para atender à norma do Proconve P-7.
O trem de força é formado ainda por uma caixa de marchas automatizada de 16 velocidades, denominada TipMatic, produzida pela ZF, com opção para a unidade mecânica com o mesmo número de marchas, além de eixos traseiros sem ou com redução nos cubos da roda, neste caso para aplicações com maior severidade. O sistema de freio motor, denominado EVBec (com sistema de borboleta no cabeçote) tem três estágios de atuação e gera 400cv de potência de frenagem. Já o pedal de acelerador inteligente não deixa o motorista abusar dos limites do caminhão, uma solução para reduzir o consumo de combustível.
Ao contrário do mercado alemão, onde os caminhões utilizam somente freio a disco, no Brasil a MAN adotou tambor, porém com sistema ABS em todas as rodas. “Muitos clientes querem freio a tambor devido ao tipo de operação e também porque a operação fica mais barata”, justifica Alouche. Outros detalhes de fábrica do veículo são os faróis com LED, luzes auxiliares e controles no volante. A cabine é ampla (com duas opções de altura), túnel central baixo deixando o piso quase plano, 33 porta-objetos, cama de bom tamanho e bastante espaço para os ocupantes, além de todos os itens de conforto existentes atualmente no caminhões desta categoria.
Estas são algumas das principais características do primeiro extrapesado da marca MAN, cujo início das vendas na rede teve início dia 17 de abril, ao preço sugerido pela fábrica de 420 mil reais. A previsão de vendas para o modelo é de cinco mil unidades a partir do terceiro ano no mercado brasileiro. “Em três anos deveremos ter no mercado a mesma performance de outros produtos da nossa linha de caminhões, e vamos buscar a liderança também neste segmento”, afirmou Roberto Cortes. Produção inicial é de 200 unidades/mês, embora a capacidade de fábrica seja de até cinco mil unidades quando tiver outros modelos disponíveis”.
Dos três modelos previstos para serem produzidos na fábrica de Resende, e destinados ao mercado sul-americano – primeiro a Argentina, com o ingresso no Euro 5 em janeiro de 2013 -, o próximo modelo da marca a estrear no mercado brasileiro será o TGX 33.440 6X4 anunciado para julho próximo, e o TGX 28.440 6X2, para outubro. Os veículos MAN produzidos no Brasil serão apresentados também na Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Panamá, Peru, República Dominicana Uruguai, embora não estejam ainda no estágio Euro V da legislação de emissões.
Antes de ser aprovado para o mercado, o MAN realizou mais de 100 mil horas de testes em campo, num processo com diversas etapas de avaliação, e 100 milhões de reais de investimento. Como resultado final, os engenheiros procederam 230 modificações para deixar o veículo apropriado ao mercado latino-americano. Isso inclui características das rodovias, do relevo, clima e características gerais do setor de transportes. Assim como o TGX 29.440, as três versões chegam ao mercado com índice de 40% de nacionalização e com previsão de chegarem a 60% no prazo de um ano.
De acordo com Ricardo Alouche, os contratos de manutenção Volkstotal e serviço de atendimento emergencial Chamevolks, usados hoje nos caminhões da marca Volkswagen serão estendidos aos clientes dos extrapesados, por um serviço 24 horas denominado MAN Service. “Este serviço, separado dos produtos Volkswagen, atende também os caminhões MAN que saem do Brasil em direção a outros países”, acrescenta Alouche.
Os extrapesados contam também com o MAN Guard, sistema de gestão de frota e de motorista, cuja função é gerenciar a operação (inclusive como o carreteiro está dirigindo) e rastreamento. Outro item é o Contrato de Manutenção (por quilômetro rodado) disponível nos concessionários, o qual pode incluir manutenção preventiva e corretiva. Alouche destaca haver mais de 10 mil itens do MAN TGX em estoque e um processo logístico de envio de peças. A garantia de fábrica é de um ano completo para todo o veículo.
A montadora está oferecendo também aos compradores do modelo um sistema de acompanhamento on line, pelo qual a fábrica sabe quando o caminhão entra na concessionária. E caso o cliente queira, poderá receber relatórios sobre a operação do veículo, como, por exemplo, se todos os seus recursos estão sendo utilizados pelo motorista.
