Por João Geraldo 

Fabricantes de veículos de carga de todo o mundo têm trabalhado para desenvolver produtos movidos a combustíveis alternativos, com a expectativa de diminuir cada vez mais a dependência do óleo diesel tradicional derivado do petróleo. A meta é ter um número cada vez maior de propulsores menos poluentes, com menor custo para o transporte. Isso também porque o petróleo não é uma fonte renovável de energia, o que indica que a pressão pelo uso de combustíveis alternativos deverá aumentar nos próximos anos.

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Os primeiros resultados com o GNL são bastante animadores, afirma Sérgio Gomes, diretor de estratégia do Grupo Volvo na América Latina

Dentro desta perspectiva, a Volvo acaba de apresentar no Brasil um caminhão  movido a GNL (gás natural liquefeito), uma tecnologia que os engenheiros da companhia acreditam ser viável para o transporte de longa distância por terra. O veículo apresentado pela Volvo é um modelo FM 6X4 equipado com motor de 460cv de potência e começou a ser testado em fevereiro deste ano em parceria da Volvo com a White Martins, produtora de gases industriais e medicinais e a primeira no Brasil a tornar o gás natural líquido, como resultado de parceria com as empresas Gás Local e Petrobras.

“Consideramos que o GNL seja a solução para o transporte de longa distância”, diz Sérgio Gomes, diretor de estratégia do Grupo Volvo América Latina. Ainda de acordo com o executivo, o respeito ao meio ambiente é um dos valores essenciais da marca, de modo que a empresa está sempre trabalhando para desenvolver veículos que produzam menor impacto ao meio ambiente. O GNL é diferente do Gás Natural Veicular (GNV), utilizado por veículos leves para percursos de curtas distâncias. “Em comparação com os motores convencionais a gás, com vela de ignição, a tecnologia com GNL desenvolvida pela Volvo oferece de 30 a 40% a mais em eficiência, o que reduz o consumo em 25%, acrescenta Alberto Neumann, gerente de estratégia e desenvolvimento de negócios, da Volvo.

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Mudanças no veículo para que o motor passe a funcionar com GNL inclui a instalação de um tanque apropriado e catalisador adicional

O caminhão apresentado no Brasil é parte de um projeto da Volvo de combustíveis alternativos já em andamento na Europa, para oferecer veículos mais amigáveis ao setor de transporte. O veículo roda 580 quilômetros em trajeto de ida e volta entre Paulínea (onde está a planta da White Martins) e Avaré, ambas as cidades no Estado de São Paulo, carregado com 15 toneladas de gás natural. O produto é acomodado em carreta-tanque especial, produzida pela própria White Martins. “Os primeiros resultados são animadores, e temos potencial para viabilizar a comercialização de caminhões movidos a GNL num futuro bem próximo” concluiu Sérgio Gomes, destacando que a tecnologia já se mostrou viável na Europa, além de que a oferta de GNL no Brasil é muito boa.

A produção de veículos GNL na Suécia teve início no segundo semestre de 2012 e os primeiros veículos com esta tecnologia já circulam na Europa e Estados Unidos, além de um modelo em teste na Ásia. Na União Europeia existem hoje 38 estações (postos) de GNL para atender a frota circulante. Nos Estados Unidos já são 73 estações e existem propostas para aumentar o número, de acordo com um projeto que prevê um posto a cada 400 quilômetros, informa Sérgio Soriano, gerente de desenvolvimento negócios da White Martins.

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Consumo de gás natural liquefeito é menor do que o de diesel, porém o combustível tem menor preço e polui menos o meio ambiente

De acordo com Alberto Neumann, com o GNL é possível substituir até 75% do diesel consumido na operação e redução de 10% nas emissões de CO2, o maior vilão do aquecimento global. O FM em testes é equipado com motor de 13 litros, que se manteve funcionando no clico diesel, mas precisa de diesel para início da combustão. As mudanças necessárias para funcionar com gás incluem apenas a instalação de um tanque de GNL de 280 litros, posicionado do lado direito; um catalisador adicional para os gases não queimados e uma saída de gases para os casos em que o caminhão permanece parado entre três e quatro dias. Operando com os dois combustíveis a autonomia do veículo é de 900 quilômetros.

Vale lembrar que o caminhão consome mais GNL por quilômetro rodado se comparado com o diesel tradicional, porém seu preço é menor. O veículo, que está ainda em fase de testes,
não tem ainda valor de venda, porém , Sérgio Gomes adianta que seu preço será um pouco maior. O gás liquefeito não é a única opção de combustível em desenvolvimento para substituir o diesel, mas a previsão é que o óleo diesel seria o combustível dominante por mais uns 20 anos ainda.