Por Daniela Giopato

Era para durar 72 horas, porém a greve dos motoristas de caminhão, organizada pela Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), acabou um dia antes do previsto. A principal reivindicação do movimento era para a liberação de R$ 8 bilhões da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) para recuperação da malha rodoviária. O movimento não recebeu apoio de outras entidades que representam os motoristas também do setor e patronais ligadas à Frente Nacional Do Transporte de Carga, que concordou com a proposta do governo de liberar R$ 6 bilhões da contribuiçao, o correspondente a 33% dos recursos já arrecadados.

A paralisação contou com a participação de 12 Estados, entre eles Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo. Aos carreteiros que transportavam cargas vivas e perecíveis, a entidade recomendou que antecipassem a entrega para evitar prejuízos.

Para o diretor do Sindicato dos Caminhoneiros do Paraná (Sindicam), Laerte José de Freitas, a greve não existiu no Estado. O ministro dos transportes, Alfredo Nascimento, disse que os carreteiros do Paraná não aderiram ao movimento por gratidão ao governo federal que os apoiou na greve ocorrida em março, no Porto do Paranaguá. Já para o líder da Abcam, José Fonseca Lopes, o movimento não foi percebido porque ele solicitou aos profissionais ficassem em casa, ou parados nos postos de combustíveis, sem fazer piquetes. Fonseca admitiu que a adesão foi menor nas regiões onde as estradas estão em melhores condições.

Em São Paulo, apesar da redução do fluxo de caminhões, o Porto de Santos operou nor-malmente. “A paralisação não teve grandes dimensões e nem com-prometeu o movimento dos navios”, disse a assessoria de imprensa da Companhia Docas do Estado de São Paulo.

O Rio Grande do Sul é onde houve maior adesão da categoria, com 95% do transporte afetado. “A mobilização foi satis-fatória por ter sido pacífica e por fazer a sociedade tomar conhecimento da obrigatoriedade da CIDE”, afirmou o presidente da Fecam, Éder Dal´Lago. O dirigente diz que se o governo federal não investir o dinheiro da contribuição nas rodovias, a Abcam irá ingressar com uma ação na justiça para garantir a devida aplicação.