Por Daniela Giopato
Manutenção, combustível, alimentação, pneus, pedágio, são custos que, em muitos casos, comprometem metade do frete do motorista de caminhão. Porém, o crescimento constante do roubo de carga no País tornaram despesas, antes consideradas de luxo para alguns profissionais, um dos itens mais importantes na planilha de custo. O seguro do caminhão é uma delas. Afinal, viajar por essas estradas desasegurado e correr o risco de perder o seu único meio de sustento chega a ser uma atitude irresponsável. Mas, talvez, ter um cadastro seja um dos custos primordiais para o profissional atual, pois sem ele a burocracia nas transportadoras aumenta, o que pode resultar em viajar vazio.
“Hoje, mesmo com nome limpo se você não tiver o cadastro você não consegue carregar em algumas transportadoras. Ele faz você ser bem recebido nas empresas, afinal é um sinal de que o profissional é honesto. Mas esta imposição é ruim pois as vezes deixamos de pagar uma conta, sujamos nosso nome e por conta disso não conseguimos carregar mais”, afirma Camilo Antonio Mazon, de Araras/SP, autônomo, 18 anos de profissão.
Marco Antonio Guedes, autônomo, Nova Iguaçu/RJ, afirma que até agora não teve problema em fazer os cadastros. “Como eu sei que hoje isso é essencial para conseguir carregar ando o mais correto possível. Mas apesar de todo nosso esforço não temos a garantia de um frete melhor”. O colega Batista da Silva, de Araguari/MG, concorda, porém acha injusta a situação. “Um cheque devolvido é fato que acontece frequentemente com todos os brasileiros, mas no caso dos carreteiros a diferença é que não conseguimos mais trabalhar. As empresas conhecem a vida da gente mais do que nós mesmos”, critica.
Para Rodrigo Rafael Azambuja, de Ijuí/RS, a exigência deste cadastro por parte das transportadoras é negativa. “Trabalhamos para pagar as despesas e o seguro do caminhão e ainda temos que arcar com mais este o custo. Hoje, os motoristas não podem errar em nada, pois um deslize prejudica a profissão. E o pior, mesmo sendo certinho não somos compensados no frete. É como se isso não passasse de uma obrigação”, desabafa.
José Bento Di Napoli, vice-presidente do Grupo Apisul, há 20 anos no mercado, acredita que o cenário de transporte rodoviário de carga mudou não só em relação ao roubo de carga, mas também nas condições das estradas e no aumento significativo de acidentes cada vez mais graves. “Este novo cenário desenha um perfil de motorista desejado pelas transportadoras e embarcadores bem mais qualificado, incluindo uma boa formação técnica e um bom histórico profissional, aliado a veículos e tecnologias adequadas”, afirma. Para atender esta exigência do mercado, a Apisul disponibiliza o Multicadastro – serviço de cadastro oferecido a todos os profissionais com habilitação adequada – que casa as informações de perfil e indica o motorista que melhor se enquadra na necessidade da empresa.
Porém, Di Napoli afirma que o grupo Apisul tem consciência de que muitos carreteiros se encontram com a situação desregularizada e consequentemente estão com dificuldades para fazer um cadastro. “O motorista, como qualquer outro profissional, pode passar dificuldades financeiras o que não desabona sua conduta. Essa situação não pode ser um empecilho, principalmente quando há um interesse de regularizar a situação. Por essa razão oferecemos um departamento de atendimento exclusivo para esses casos que favorece a reabilitação de sua situação econômica”. A empresa mantém também Postos de Atendimento ao longo das principais estradas brasileiras, onde é possível manter um contato direto com o carreteiro e ter um conhecimento mais claro de suas necessidades.
“Como os roubos chegaram a níveis quase insuportáveis para as seguradoras, estas passaram a proteger a viabilidade do seguro por meio de ações preventivas”, afirma Cleri Mozzer, diretor de negócios da Pamcary, há 40 anos no mercado, que oferece desde 1985 o Telerisco- cadastro com dados e qualificação profissional dos motoristas autônomos de veículos de carga, que conta com mais de 1 milhão de registros. “O Telerisco pode verificar os motoristas que provocam menos sinistros para as seguradoras”. A partir de 2004, a empresa introduziu no mercado o Pamcard BR Visa, cartão de fidelidade, lançado em parceria com a Visa do Brasil, Petrobras e Banco Simples, e que está sendo distribuído gratuitamente para os atuais usuários do tradicional Pamcard e para os carreteiros que se cadastram no sistema Telerisco.
Para os profissionais que representam risco não coberto pelas seguradoras, a Pamcary criou a Central de Atendimento ao Caminhoneiro (Cetac), que já ajudou a resolver 8 mil casos. De acordo com o Cetac, 68% dos problemas apresentados este ano se referiam a débitos e cheques devolvidos, que extrapolam os limites de tolerância das seguradoras. Os assuntos de ordem penal representaram 13% dos casos tratados. Já o envolvimento com assaltos e ainda com veículos utilizados em desvios de carga significou 10% dos atendimentos enquantos outros motivos totalizaram 9% do total.