Por João Geraldo

“Acidente de trânsito causa mais prejuízo do que roubo de cargas”. A afirmação é de Paulo Robson Alves, gerente de transporte da Chubb – seguradora com 160 anos de atuação no Brasil – feita durante o Fórum Volvo de Segurança no Trânsito 2007. O evento, promovido anualmente pela montadora, aconteceu este ano em São Paulo e abordou questões sobre a segurança nas estradas e as oportunidades do transporte rodoviário de cargas, gerenciamento de riscos e a importância do desenvolvimento comportamental de motoristas profissionais.

O prejuízo causado pelos acidentes chega a ser nove vezes maior que o rombo causado pelos roubos de cargas, porque envolve o veículo, a carga e vidas humanas. Alves acrescenta que as ocorrências não devem apenas às condições das estradas, mas tem sua maior gravidade na elevada idade da frota. Outro dado citado é que anualmente acontecem 90 mil acidentes rodoviários com veículos de carga no Brasil, os quais geram custo direto e indireto de 9,7 bilhões de reais.

Trata-se de um índice 13 vezes maior do que as ocorrências com carros de passeio. Euler Oliveira Alvarenga, consultor de risco de transporte, acrescenta que o índice de mortes por acidentes no País é 14 vezes maior do que nos Estados Unidos e que os tombamentos são responsáveis por 47% das ocorrências. No caso específico dos ônibus, os dados citados apontam oito acidentes em cada 10 mil viagens.

“Os prazos curtos para entregas da cargas, frete baixo, idade e manutenção inadequada da frota, somadas à fiscalização e punição ineficientes mais as condições precárias (sinalização e pavimentação) das rodovias são fatores estruturais contribuintes para a ocorrência de acidentes”, diz Alvarenga.

Se comparados com os roubos de cargas, os acidentes com caminhões estão ganhando maior atenção. De acordo com um gráfico do Centro de Estudos de Logística da Universidade Federal do Rio de Janeiro, dos gastos anuais que os transportadores brasileiros têm com acidentes (colisões e tombamentos, principalmente), 49% são com as vítimas, 23% com a perda de carga, 16% com custos médicos e hospitalares, seis por cento com danos do veículos e outros seis por cento com custos adicionais.

Christiano Blume, engenheiro de planejamento de produto da Volvo do Brasil, aponta que a fadiga do motorista é a causa de 30% dos acidentes que ocorrem no Brasil, enquanto o excesso de velocidade e imprudências estão presentes na maioria das ocorrências. Ele cita que a conscientização e educação, melhoria das condições operacionais, legislação, tecnologias veículares que auxiliam a condução segura e também monitoramento são iniciativas que contribuem para a redução do número de ocorrências com caminhões nas nossas estradas.

Em relação à condição da frota brasileira, dados da ANTT apontam que a idade média dos caminhões no Brasil supera os 15 anos e que atualmente cerca de 110 mil caminhões ( 8,4% do total) em circulação foram fabricados há mais de 30 anos. Ainda de acordo com dados da entidade, os caminhões que estão nas mãos dos motoristas autônomos têm idade média de 19 anos e representam 56% da frota brasileira.

Observação e pesquisas realizadas há décadas pela Volvo têm apontado algumas soluções que tornam os veículos de carga mais seguros e com maior possibilidade de evitar acidentes e salvar vidas humanas. O engenheiro Christiano Blume, um dos especialistas na área de segurança, cita o crash tests, airbag, cintos de segurança de três pontos e a cabine com célula de sobrevivência como soluções já consagradas pela Volvo no segmento de veículos comerciais. “Sobre o problema da intrusão do automóvel de passeio sob o caminhão, nos casos de colisão frontal, a Volvo desenvolveu, pioneiramente, para seus caminhões, um sistema que protege os ocupantes do carro, em caso de acidente”, lembra, ao citar o FUPS, um tipo de travessa sob a cabine que empurra o veículo menor impedindo-o de ficar preso sob o caminhão.

Em relação à eletrônica embarcada, esta também tem sido de grande importância no desenvolvimento de sistemas que ajudam a manter o controle do veículo, a identificar irregularidade no veículo, acidentes ou pessoas próximas a até a alertar o motorista em casos de cansaço, sono etc. O ESP (programa de estabilidade), por exemplo, reduz o risco do efeito L, também conhecido como “canivete”, capotagem em curvas acentuadas e derrapagens, no caso de regiões onde há neve e gelo na pista.

Álvaro Menoncin, gerente de engenharia de vendas da Volvo do Brasil, acrescenta o Sistema de Proximidade Ativo, o ACC (Cruise Control Active), equipamento que auxilia o motorista a manter uma distância constante entre o caminhão e o veículo que segue à frente, por meio de um radar de última geração. A companhia desenvolveu também o Alerta para Sonolência ao Volante, sistema que monitora o grau de alerta e de concentração do carreteiro. Uma câmara instalada no pára-brisa registra a posição do veículo entre as faixas da pista, o movimento brusco do volante e movimentos da cabeça do motorista alerta-o através de sinais sonoros e visuais.