Integrante da nova geração de caminhões Scania, lançada no final de 2018, a versão S 500 6×2 é uma novidade no mercado brasileiro digna de atenção, pois alia, com harmonia, torque, potência, robustez e sofisticação ergométrica e aerodinâmica.

A cabina S está entre as maiores novidades da nova geração de caminhões Scania, e quem se animar a adquirir este caminhão vai desembolsar, considerando preço referência fornecido pela Scania, 547 mil reais. É a maior e mais luxuosa da marca e equipa versões mais topo de linha da marca. Não é a mais vendida, pois o mercado ainda prefere, até pelo preço ligeiramente mais em conta, os modelos equipados com a cabina R, que na versão highline (teto alto) tem o mesmo tamanho da S, mas não os mesmos itens de conforto. Muito menos o piso plano, com o qual nem se percebe que há um motor de 13 litros logo abaixo dos pés do carreteiro.

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Opções para escolha de revestimento do volante e dos bancos, mais o grafismo moderno do display do painel dão aspecto mais elegante ao interior da cabina

Se a opção for apenas pela cabina, a diferença de preço entre os modelos S e R é, em média, 1de 5 mil reais. Contudo, por enquanto a preferência dos transportadores recai mesmo pelos caminhões R, enquanto as vendas dos modelos com cabine S, certamente por serem mais caros e luxuosos, estão ainda com a procura em ritmo lento. Pouco menos que 50 unidades foram adquiridas pelos clientes neste ano.

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Nossa equipe foi para a estrada conferir o comportamento dessa máquina e, com o perdão do trocadilho, o S 500 “são outros 500”. A cabina, sem dúvida, o deixa com aspecto mais elegante, altivo e imponente. Não é a mais alta do mercado, nem tampouco é o mais potente, mas é o mais caro.

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Porém, nada disso é demérito, porque a Scania acertou a mão com sua nova geração de caminhões oferecendo um equilíbrio harmonioso entre peso, potência, robustez e aerodinâmica. Também, até porque transportador que se preze não faz aquela continha de padaria considerando adição e subtração. Nesta equação da eficiência são e considerados itens como consumo, disponibilidade, dirigibilidade, serviços e valor de revenda, apenas para citar alguns.

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Por isso que hoje em dia não tem mais como dizer que um caminhão seja caro comparando apenas seu preço referencial com valores praticados pela concorrência É preciso entender o que cada produto entrega. A motorização de 13 litros (500 cv com 2.550 Nm de força), transmissão Optcruiser de 12 velocidades e o CMT de 78 toneladas (a maior de sua categoria) fazem do Scania S 500 6×2 um legítimo estradeiro com boas chances de povoar as estradas brasileiras.

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Banco posicionado mais próximo do para-brisas, e mais à esquerda, contribui para a visibilidade mais ampla do motorista

O veículo que testamos é equipado com tanque e rodas de alumínio, freio a disco, suspensão de molas na dianteira e ar na traseira, farol de LED e teto Highline (a cabina S só vem com teto alto). É um caminhão preparado para atender demandas de quem precisa de um veículo calibrado para longas distâncias. Na prática um dos modelos preferidos pelos estradeiros na versão com cabina R, mais em conta.

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Como nos demais modelos da nova geração Scania, o centro de gravidade do S 500 é mais baixo

O motor de 13 litros da nova geração Scania contribui bastante na redução de consumo. Mais silencioso (com os vidros fechados e rodando a 60 km/h, o nível de ruído é tão baixo que muitas vezes se esquece que está sobre um propulsor a diesel), pois os novos engenhos Scania foram desenvolvidos com tecnologia de alta pressão de injeção, o que contribui para reduzido consumo e maior aproveitamento de cada um dos 500 cavalos de potência.

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Outro item de relevância no consumo é caixa de transmissão automatizada Optcruiser GRS 905R. Essa unidade executa as trocas em 0,4 segundo. Você até pode tentar prestar toda atenção, mas não terá êxito em notar essa troca. Só é possível distinguir uma marcha da outra pelo comportamento do motor e, ainda assim, é preciso treinar os ouvidos e ficar bem atento. As trocas são suaves mesmo quando força o pé no acelerador simulando situação onde seria preciso ganhar velocidade rapidamente.

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Controles de luzes e de climatização da cabine ficam ao lado da cama. Abaixo, cilindro de ar entre os paralamas alivia o compressor e ajuda a reduzir consumo de combustível. Item presente em modelos com suspensão a ar

O S 500 acelera ligeiro, ganha fácil velocidade. Em plano, sem extrapolar a faixa verde, consegue executar ultrapassagens mais complexas (como um bi-trem) poupando combustível e rotação. Sem esforço, e no modo econômico, executamos diversas ultrapassagens a, no máximo, 1.400 rpm em linha reta. Com aclive leve, de até 15 graus de inclinação, a rotação sobe a 1.600 rpm (bastando menos de meia aceleração) e deixamos vários caminhões a serem avistados pelo retrovisor. A aerodinâmica das novas cabinas (P, G, R e S) tem outra parcela de mérito nesta economia e no ganho fácil de velocidade.

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Em simulações de frenagem e retomada de velocidade, esse pesadão apresenta comportamento muito parecido ao de um automóvel de passeio. Ou seja, responde rapidamente a uma fincada de pé no pedal do acelerador, chegando aos 70km/hora em poucos segundos partindo do ponto estático. Do mesmo modo, na situação inversa valendo-se unicamente do Retarder, em conjunto com o freio motor, reduz de 70 para 10km/hora em 34 segundos.

O Retarder tem cinco estágios e força de 4.100 Nm na sua quinta fase. Ao se somar com a potência do freio-motor, o veículo passa a ter 1.000 cv de força contrária. Ou seja, para cada cavalo que o faz andar, há dois cavalos que o faz parar. Isso, naturalmente, sem nem considerar o sistema de freio a disco com ABS e EBS.

Como os demais caminhões Scania da nova geração, o S 500 tem o centro de gravidade mais baixo e isso ajuda na frenagem. Aquele chacoalhar das cabinas altas, particularmente em curvas, foi minimizado. O veículo balança menos com a freada brusca e, nas curvas, é perceptível a sensação de maior estabilidade, mesmo em velocidades mais elevadas. Outro detalhe simples e benéfico que facilitou a manobrabilidade e impactou também em melhorias na estabilidade foi o recuo de 55 milímetros do eixo dianteiro.

Vale destacar também que o reposicionamento do banco do motorista, ficando um pouco mais próximo do para-brisas e ligeiramente para a esquerda, ajudou a garantir uma visibilidade mais ampla tanto na parte frontal quanto lateral. Outro ponto positivo está no rebaixamento do painel, mudança que favoreceu ainda mais a visibilidade. Cabe também observar que a adoção de colunas mais finas (aquelas pilares que ficam nas duas extremidades do para-brisas) que os demais caminhões, também contribuiu para proporcionar um ambiente ainda mais arejado no interior da cabina, e favorecer a visualização de todo o entorno e a redução dos pontos cegos.

Dentro da cabina o espaço é abundante. Os porta-trecos estão em todos os cantos: embaixo e acima da cama, sobre o para-brisa e nas laterais. Juntando, há mais de 500 litros de espaço para guardar toda sorte de mantimentos e documentos. Ainda é possível ter geladeira, micro-ondas e aparelho de TV de 20 polegadas. Outro detalhe está nas opções para acabamento de volante e bancos. É possível escolher revestimentos de couro a tecido e algumas possibilidades de cores. E, no display do painel, com grafismo moderno, a Scania resolveu agradar modernos e saudosistas aliando informações digitais e analógicas.

Também merece nota positiva a refrigeração da cabina. O ar-condicionado digital dá conta do recado baixando, e mantendo, temperatura ambiente de até 16 graus. Como mais um item de conforto, há dois compressores que o fazem funcionar. Um, normal, com o motor ligado, e outro, esse um item inovador, extrai força da bateria e o mantém ligado prescindindo do motor. Nesta situação é possível ser usado na função “power”, que mantém a temperatura da cabina por até duas horas; ou a função “eco” (mais indicada para a hora de dormir) que é capaz de manter o ar funcionando por até oito horas.

E sabe o freio da carreta? Não tem mais, foi substituído por um botão de freio eletropneumático. Um leve toque de dedo, e pronto, está acionado ou desativado. Logo abaixo tem outro botão que aciona ou desliga a função Auto Road, sistema que segura o caminhão em rampa, sem uso do pedal do freio, por tempo indeterminado.