Smartphone tornou-se item inseparável do motorista de caminhão para se comunicar, contratar fretes, assistir vídeos e acessar redes sociais. Entre outros dados, maior parte da categoria tem receio de fazer compras on-line, enquanto revistas impressas são ainda a forma de leitura preferida tanto do profissional autônomo quanto do empregado
Por: João Geraldo
Que a Internet faz parte da vida do motorista de caminhão todo mundo sabe, a questão pouco conhecida é como a onda digital está sendo usada e explorada pela categoria. Quais são seus hábitos, o que buscam nas redes sociais e quais são as barreiras ainda impostas pela tecnologia digital, e também outros pontos que contribuem para formar o perfil desse profissional dos dias de hoje, num ambiente em que quase 100% dos profissionais utilizam Smartphone.
Essas questões e muitas outras foram apuradas na pesquisa Retrato do Motorista de Caminhão, em trabalho realizado pela SK Cia da Informação em parceria com a Revista O Carreteiro. Entre as primeiras constatações, a maioria dos motoristas prefere ler revistas impressas ao invés de sites; assim como ainda tem receio de fazer compras de produtos pela Internet.
Os pesquisadores ouviram motoristas de nove Estados das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul, cuja faixa etária apontou idade média de 43 anos dos profissionais entrevistados, considerando motoristas autônomos e empregados. Já o tempo médio de atuação na profissão é de 19 anos, embora 15% dos profissionais em atividade estejam na profissão entre 30 e 40 anos e 5% a mais tempo.
Entre os autônomos, 65% têm CNH categoria E e 71% disseram estar com o caminhão quitado; 27% pagam financiamento e 3% trabalham com veículo arrendado. Já entre os empregados, 85% têm CNH categoria E. Quanto aos programas de relacionamento, 95% da categoria não participam porque alegam não enxergar vantagens e benefícios. O programa mais citado foi o Clube Irmão Caminhoneiro Shell, com 5% dos entrevistados.
A pesquisa apontou também que a partir dos 36 anos de idade ocorre uma migração de motoristas autônomos para empregados. Apesar da permanência fora de casa, 76% são casados; 21% solteiros; 5% divorciado e 2% separados.
Seja autônomo ou empregado, os motoristas não têm o hábito de comprar pela Internet, pois o medo de sofrer golpe é bastante presente na categoria, inclusive com relatos de experiências negativas vividas por colegas ou familiares. Uma parcela de 5% disse achar complicado e não sabe como fazer a compra; 1% afirmou que na Internet não encontra os produtos que precisa. O medo é maior entre os profissionais acima de 35 anos de idade.
O trabalho de campo realizado pela SK mostrou o quanto a telefonia móvel e a internet estão presentes na rotina de praticamente todos os motoristas de caminhão. De acordo com a pesquisa, 95% dos motoristas entrevistados utilizam smartphone, sendo que 91% acessam a Internet de onde estiverem pela conexão 3 ou 4G. e a maioria (53%) têm planos pós-pago.
Seja autônomo ou empregado, 100% utilizam o WhatsApp para conversar e se comunicar; 83% assistem a vídeos e 69% acessam redes sociais. Na estrada, 46% utilizam redes de Internet dos postos de serviço ou outros locais de paradas. O acesso é maior (90% dos entrevistados) durante as esperas para carga ou descarga. Nos postos de serviço e locais de parada esse índice atinge 89%. Em casa, 61% disseram ter conexão Wi-Fi e 85% visitam habitualmente as redes sociais.
A pesquisa mostrou também que 61% dos motoristas de caminhão acessam portais de notícias, sendo que 44% procuram por assuntos ligados à profissão e ao setor de transporte rodoviário. Já em relação aos aplicativos de frete, 42% confirmaram que utilizam esse recurso para conseguir carga.
Apesar da ação dos sistemas de rastreamento e vigilância proporcionada atualmente pela tecnologia e conectividade, 73% dos pesquisados concordam que a liberdade ainda é o que há de melhor na profissão. Já a pior parte apontada é a insegurança nas estradas, conforme resposta de 94% dos motoristas.
A falta de apoio e de locais seguros de paradas de descanso, a péssima condição de conservação das estradas e a constante preocupação com assaltos e hostilidade de policiais são os problemas mais citados. Os motoristas destacaram também a falta de fiscalização sobre condutores de veículos de passeio que não cumprem as regras de trânsito.
Dos profissionais pesquisados, somente 10% concordam que a profissão é respeitada, enquanto, para 84% na visão da sociedade muitos caminhoneiros são drogados, mentirosos e aproveitadores. Porém, não faltam motoristas defendendo que se houvesse respeito a categoria seria mais unida. Ainda de acordo com o trabalho da SK, a imagem denegrida do caminhoneiro é provocada por 10% dos profissionais.
Durante a pesquisa motoristas citaram a falta de respeito de policiais demonstrada em forma de truculência e inflexibilidade durante as abordagens e em casos de acidentes com caminhão, nos quais a culpa é automaticamente atribuída ao caminhoneiro. Outro ponto destacado pelos motoristas é a falta de apoio – tanto na estrada quanto nas empresas – no momento da carga ou descarga.