Empresa de coleta de resíduos, uma das operações que mais desgasta motorista e caminhão devido ao anda e para, está trocando veículos com transmissão manual por automática após identificar redução no custo de manutenção da frota e no cansaço do condutor
Todo tipo de transportador procura cada vez mais trabalhar com caminhão que proporciona o melhor resultado de operação, o qual depende, entre outros itens, da eficiência no que diz respeito à robustez, consumo do veículo e conforto do motorista. Em certas atividades, como a coleta de lixo, por exemplo, a necessidade de reunir esses fatores em um único veículo é maior que em outros, porque as características da operação provocam grandes desgastes tanto ao motorista quanto ao veículo.
Um caminhão que tem recebido elogios dos dois lados é o Mercedes-Benz 1729, modelo utilizado na coleta e compactação de lixo, equipado de fábrica com transmissão automática Allison 3000 de seis velocidades. A opção pela transmissão automática oferece vantagens técnicas neste tipo de operação como, por exemplo, a rapidez dos engates de marchas e o incremento do torque do motor devido ao conversor de torque da caixa. O propulsor é o OM 926 LA de 7,2 litros, seis cilindros em linha e 286cv de potência a 2.200rpm.
Estas características técnicas ganham importância neste tipo de operação em que o caminhão enfrenta terrenos de todo tipo na sua rotina. Por conta disso outros detalhes técnicos do veículo como chassi reforçado (é o mesmo do Mercedes-Benz Atron) e eixo traseiro com bloqueio, também ganham relevância. Para identificar as principais vantagens do Mercedes-Benz 1729 automático (que também é disponibilizado com caixa mecânica), equipe da revista O Carreteiro acompanhou uma operação de rotina do veículo na região metropolitana de Recife/PE.
Um detalhe que chama atenção ao primeiro contato é a não necessidade de parar o caminhão para compactar os resíduos. E quando o motorista liga o equipamento, o giro do motor vai a 1.200 rpm, com baixo nível de ruído. No anda e para pelas ruas, o giro se mantém normalmente numa faixa de 600 e 700 rpm.
O MB 1729 é disponibilizado na versão 4X2, mas pode operar na configuração 6X2, com 3º eixo instalado no mercado. Por conta disso seu chassi é reforçado para suportar com sobra a carga. “Nos dias de chuva, o lixo fica mais pesado”, destacou o motorista Amaro Correia da Silva Filho, 52 anos de idade, mais de 20 na profissão e há 13 dirigindo caminhão de coleta urbana de resíduos.
Amaro disse que havia apenas quatro meses que ele estava trabalhando com o 1729 automático, porém, garantiu que foi tempo suficiente para ele perceber a mudança em sua vida. “Hoje chego em casa descansado, sem dores no corpo como acontecia com o outro caminhão”, disse ao lembrar do modelo com caixa mecânica. Ainda de acordo com o motorista, por não ter de parar o veículo para comprimir o lixo há ganho de tempo na operação de coleta.
Com turno diário de 10 horas, o motorista fala também do conforto do banco com suspensão a ar e da facilidade de operar o veículo com caixa automática. “Isso me livrou de inúmeras trocas de marchas e do uso do pé esquerdo no pedal da embreagem”, festeja. Não sente falta nem mesmo do ar-condicionado (item opcional) que não estava no pacote de conforto do modelo que dirige.
De propriedade da Elus Engenharia, Limpeza Urbana e Sinalização Ltda., localizada em Jaboatão dos Guararapes – empresa responsável por parte do recolhimento de resíduos na capital pernambucana e região – o caminhão dirigido por Amaro Correia é um dos 11 modelos 1729 da frota com transmissão automática. Saulo Pereira Velasco, gerente de manutenção da frota, disse que o foco com a aquisição dos modelos automáticos é a redução de custos e maior conforto para os motoristas.
Disse também que com os 11 caminhões automáticos conseguiu obter uma redução de 40% no custo de manutenção da frota sob sua responsabilidade. Velasco explicou que se for bem cuidada, a transmissão manual dura entre quatro e cinco anos na operação de coleta de resíduos. Já a sua expectativa com a transmissão automática é que dure pelo menos o dobro do tempo. “Coleta de lixo é uma operação muito agressiva para o veículo”, diz revelando que o chorume é um dos agentes que ajudam a estragar a caixa de transmissão.
O supervisor de manutenção da empresa, Charles Pereira Bezerra, acrescentou que neste tipo de operação o caminhão com transmissão manual sofre mais do que o automático, principalmente com quebras do platô, disco de embreagem e folga na alavanca de troca de marchas, entre outros pequenos problemas provocados pelo tipo de trabalho que o veículo é submetido 24 horas por dia.
Bezerra conta que mesmo mantendo um lote de peças na empresa para atender a frota, cada caminhão com caixa manual chegava a ficar dois dias parado em manutenção. “Hoje, o estoque de peças é reduzido, mantemos para atender alguns caminhões manuais, mas a intenção é substituir todos eles por automáticos”, adiantou. Ainda de acordo com o supervisor de manutenção da Elus Engenharia, sobre as vantagens da caixa automática desapareceram as reclamações de motoristas em relação a dores no corpo, principalmente na perna esquerda e no braço direito.