Por João Geraldo
Na China são construídos 10 mil quilômetros de estrada a cada ano e sua frota de caminhões é de oito milhões de unidades, das quais 35% estão nas mãos de transportadores, 55% dos autônomos e 10% do governo, atuando no correio e aplicação militar. A esta série de grandes números cabe ainda acrescentar a existência de mais de 100 marcas de caminhões dentro país, das quais sete disputam diretamente com a Sinotruk, montadora que produz modelos acima de 19 toneladas e detém 22% de participação na faixa acima de 14 toneladas de PBT. Os três principais concorrentes deste segmento têm – juntos – mais de 60% das vendas. Um mercado de tal dimensão induz a pensar que na China o transporte rodoviário de cargas e os serviços de pós-vendas sejam algo que sirvam de modelo para outros países em desenvolvimento, mas não é bem assim, pelo menos em comparação com o Brasil. Tanto o atendimento pós-vendas quanto as instalações das concessionárias são bem diferentes do padrão que se tem por aqui. Durante viagem ao país a convite da montadora, foi possível visitar um dos 513 pontos de vendas da Sinotruk, instalado numa região de mineração. Na chegada, a vista frontal da concessionária é como a de outra qualquer, mas as diferenças estão na parte de trás, a começar pelo estoque de caminhões, com mais de 100 unidades empoeiradas no pátio, volume, segundo os dirigentes da concessionária, suficiente para 10 dias úteis de trabalho.
Um dos dirigentes da casa disse que a revenda – que emprega 43 funcionários – não está entre as de grande movimento na China, porém seu volume de negócios envolve a venda de 300 caminhões por mês, dos quais 60% são para transportadores, 20% para autônomos e outros 20% para mineradoras. Os modelos rodoviários recebem garantia de um ano ou 60 mil quilômetros.
A oficina se resume a um espaço onde não se vê equipamentos modernos, funcionários uniformizados ou limpeza. Ao contrário, não atende qualquer padrão e mesmo assim passam pelas mãos dos mecânicos 200 caminhões, em média, todos os meses. No momento da visita era final de expediente e não houve oportunidade para conferir o trabalho dos profissionais, mas de acordo com os dirigentes da revenda cada revisão demora cerca de uma hora.
De acordo com Rodolfo Mansberg, diretor da Sinotruk Brasil, revenda da marca instalada em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, que também visitou as instalações da concessionária, o pós-venda na China tem tudo para ser feito ainda. “Eles têm produtos e volume de vendas, mas o padrão da concessionária e o pós-vendas ainda é muito baixo em relação ao Brasil”, concluiu.
PECULIARIEDADES |
Outra curiosidade na China refere-se ao modo como rodam os caminhões, pois apesar de as estradas serem do nível das encontradas nos Estados Unidos e países da Europa, o comportamento dos transportadores é bastante peculiar. Cargas que ultrapassam as laterais dos cargueiros – dando a impressão que vão cair na estrada – são cenas fáceis de serem vistas nas estradas, assim como o segundo eixo direcional nos cavalos-mecânicos, esta é uma prática comum. Em relação ao comprimento dos caminhões os chineses também parecem abusar colocando na estrada composições que precisariam de licença especial para rodar no Brasil. |