Conseguir bons fretes e oportunidade de registro em alguma transportadora depende exclusivamente do motorista adotar um comportamento profissional e estar devidamente atualizado para atender as exigências e ter condições de oferecer um serviço de qualidade e rentável para a empresa

Por Daniela Giopato

Atualmente, para ter sucesso na profissão de motorista não é tão simples como era a alguns anos atrás. A lista de exigências, antes da contratação efetiva, é extensa e vai além de ter apenas experiência de direção. O mercado se tornou bastante competitivo e para conseguir um bom frete ou até mesmo uma primeira oportunidade em uma empresa é preciso adotar um comportamento mais profissional e garantir resultados qualitativos e quantitativos.

Os caminhões cada vez mais modernos e com tecnologia embarcada contribuíram para que os embarcadores e transportadores passassem a valorizar pessoas preparadas e qualificadas para prestarem os serviços. Todos esses motivos tornaram essencial o motorista oferecer uma condução segura, produtiva e de baixo custo operacional.

A gerente da Fabet – filial São Paulo, Salete Marisa Argenton, explica que ter conhecimento das modernas tecnologias embarcadas no veículo, de manutenção preventiva e preditiva, técnicas de direção econômica, técnicas de condução segura, legislação de trânsito, conhecimentos básicos de mecânica e bom relacionamento no setor, são fundamentais para a sobrevivência nesse mercado extremamente competitivo e predatório.

“Pra quem está iniciando, é necessário um maior detalhamento nos treinamentos, considerando teoria e prática, comparado a um autônomo, mas tudo depende de quanto tempo de experiência tem o autônomo”, alerta. Além da questão dos treinamentos, Salet reforça a importância do autônomo ter conhecimento necessário em relação aos custos do seu negócio para não aceitar valores abaixo do custo da viagem.

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A JSL oferece vários programas de atualização voltados à qualificação profissional, maior produtividade e menor rotatividade dos motoristas que prestam serviços para a empresa, seja empregado, autônomo ou agregado

“É comum ver pessoas depositarem todas suas reservas num sonho da compra de um caminhão e, mesmo pensando muito para dar um passo nesse sentido, acabam não considerando diversos fatores, as vezes por falta de conhecimento e de preparo para o novo negócio. Quando se deparam com a realidade e as variáveis existentes no cotidiano da atividade, as dívidas vão se avolumando, começam a reduzir seu tempo de descanso para produzir mais e aumentam a exposição a situações de riscos, que muitas vezes terminam em tragédias”, informou.

Salete considera treinamentos voltados a redução dos custos, finanças pessoais, matemática financeira, aprender a fazer controle de custos do equipamento e obter KPIs, com a finalidade de fazer a análise de fretes versus despesas interessantes para aqueles que querem ter sucesso na profissão. “Na Fabet percebemos a diferença quando fazemos uma avaliação do aluno antes e depois dos treinamentos. Quando fazemos esse comparativo, notamos uma melhoria significativa em relação ao desempenho em matéria de consumo de combustível, manutenção, aproveitamento do tempo e das tecnologias embarcadas. Outro fator relevante são os resultados qualitativos, como melhoria na postura e relacionamento, maior responsabilidade do profissional, maior domínio do veículo em situações adversas e ganho de eficiência e produtividade”, destacou.

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Aperfeiçoamento de condução, direção defensiva, econômica e de conscientização são cursos disponibilizados pela Braspress

O gerente geral de gente da JSL, Claudemir Turquetti, explica que a empresa leva em consideração a característica dos candidatos de acordo com as particularidades de cada operação. “Investimos de modo contínuo no desenvolvimento, treinamento e capacitação dos colaboradores, o que se reflete inclusive na redução de acidentes, uma vez que a tecnologia embarcada possui um diferencial de que todas as ações desenvolvidas nos dão resultados positivos com este público, mesmo com menos escolaridade, e não impõem resistência no aprendizado”.

Lopes destaca também que o motorista que realmente quer ter sucesso na profissão deve ter disponibilidade de horário para atender a todos os tipos de trajetos e escala; honestidade para manter a palavra e assumir eventuais falhas ou problemas que venham a ocorrer no trabalho; aderência à cultura da organização; comprometimento, responsabilidade com as regras da organização e assiduidade.

“Além disso é importante gostar do que faz e, no caso dos motoristas, dirigir. E, para isso, é essencial que ele esteja não apenas descansado e bem de saúde, como consciente da responsabilidade de dirigir com segurança, preservando sua vida e de todos que estão a sua volta”, explicou.

No caso do autônomo além de todas essas características é importante o caminhão ter no máximo 10 anos de uso, estar com toda a documentação homologada pelo CTB e em dia, além do ANTT, que assegura os procedimentos de controle de cargas geral. O proprietário deve apresentar o veículo com todos os equipamentos de segurança. Além disso, deve apresentar também os demais equipamentos solicitados para o carregamento de cargas especificas.

A JSL oferece a todas as categorias de motoristas da empresa (frotas, agregados e terceiros) o PEC, ou Programa de Educação Continuada (implantado em 2006), programa sistemático que tem como foco principal a redução do número de acidentes, a qualificação dos motoristas, redução da rotatividade, além do incentivo à motivação e à redução de custos operacionais devido à má operação dos veículos.

“O foco em motoristas decorre de esta ser a maior categoria dentro de nosso quadro funcional. Além da utilização de consultorias externas, muitos cursos são ministrados por nossos instrutores, entre administrativos e operacionais. Os treinamentos dos colaboradores ocorrem anualmente, com reciclagem em todas as operações”, explicou.

No caso da Braspress, o diretor de operações Luiz Carlos Lopes, explica que a empresa adota a política de encadeamento de carreira e oferece oportunidades aos motoristas empregados e também aos candidatos externos, bastando que atendam ao perfil da vaga e preencha os requisitos mínimos exigidos para a vaga disponível. O motorista em particular, são dois anos de experiência comprovada e disponibilidade documental para a função.

“O modelo de contratação de veículos, molda-se no formato de “agregados”, regido por todas as regras e leis vigentes, podendo ser TAC ou ETC, mas fundamentalmente que atendam aos requisitos de boa conservação, manutenção e apresentação visual, já que prestaram serviços ao mercado em nome da Braspress, portanto deverão atender as exigências e padrão de qualidade, semelhantes à frota própria. Não há uma exigência de idade mínima para que façamos essa contratação, mas para que passem pelo crivo de aprovação, deverão compor as exigências anteriormente descrita”, explicou.

Lopes ressalta que para os motoristas agregados a empresa oferece cursos de aperfeiçoamento de condução, direção defensiva, econômica, além de palestras e encontros de conscientização aos riscos que estão expostos em suas rotinas de trabalho.

Recentemente a empresa criou um departamento denominado CAMP (Centro de Apoio ao Motorista Parceiro), responsável por controlar a qualidade da saúde do motorista agregado, oferecendo diversos exames básicos como testes de glicemia, controle de temperatura, medição da pressão arterial, teste de fadiga, entre outros.

Além disso, uma equipe de enfermeiros e psicólogas, atendem 24 horas por dia, 7 dias na semana, com objetivo de garantir que todos os motoristas rodoviários, antes e após a realização das viagens, sejam assistidos e monitorados pelo CAMP. Agregado aos controles do CAMP, associamos também a ferramenta de Telemetria, dedicada ao monitoramento de cada etapa da viagem e em tempo real, subsidiando boa parte da frota de agregados, com informações privilegiadas e responsivas ao sistema de sua segurança, de terceiros e dos bens transportados.

“Entendemos que todas as profissões do mundo moderno se modificam diante das demandas e tecnologias que avançam a cada dia. O motorista não é diferente, pois a condução do veículo e o ambiente à que está submetido, vai além do simples cruzar de um canto a outro. Os riscos inerentes à profissão e interações com as diversas fases em que o tramita o transporte, exigirá deste profissional, um despertar em sua formação, uma visão de maior profundidade, diante das oportunidades que os cercam, permitindo que supere em maior e melhor grau, suas ameaças”, finalizou.