As intensas nevascas que atingiram a região da Cordilheira dos Andes, no final de julho, causaram a interdição do túnel internacional Cristo Redentor, na principal rota rodoviária entre Argentina e Chile. Cerca de 2.500 caminhões fi caram nos dois lados da fronteira – a maioria de brasileiros –, segundo estimativa do diretor operacional da Cootranscau (Cooperativa dos Transportadores de Cargas de Uruguaiana), de Uruguaiana/RS, Leandro Collazzo.
Interrompida dia 22 de julho, a passagem foi reaberta, aos poucos, a partir do dia 28 e por questões de segurança, as autoridades começaram liberando grupos de 10 caminhões em cada sentido da rodovia, numa operação lenta e que teria prejudicado a viagem de cerca de cinco mil carretas, de acordo com os transportadores da fronteira Brasil/Argentina.
Aproximadamente 1.200 carreteiros ficaram aguardando a liberação da rodovia em Mendoza e Uspallata, na Argentina, muitos deles com mulher e fi lhos que aproveitavam as férias para conhecerem as Cordilheiras. No lado chileno, a concentração foi em Los Andes, sempre em locais com péssima infra-estrutura para abrigar a grande quantidade de motoristas e familiares.
O fechamento da estrada é um episódio que se repete a cada inverno devido às nevascas comuns na Cordilheira e apesar do mau tempo, entre 250 e 300 caminhões passam diariamente pela aduana de Uruguaiana rumo ao Chile, conforme cálculo do presidente do Sindicato dos Condutores Autônomos de Veículos Rodoviários e Transportadores Autônomos de Bens de Uruguaiana, Neri Souza de Oliveira.
O prejuízo diário por caminhão parado é de U$ 250,00 (o equivalente a R$ 550), segundo os transportadores. Além das despesas extras, o motorista, em geral, fi ca também na dependência da ajuda dos colegas ou apelos dos vendedores ambulantes que surgem a cada nevasca. Nestes estacionamentos tudo fica muito difícil. Até mesmo ir ao banheiro, pois, além de poucos, o carreteiro não pode deixar o caminhão sozinho por causa dos ladrões. É assim que surge a solidariedade, com um motorista cuidando do caminhão do colega durante a ausência momentânea(EO).