Por Edmilson de Souza

É sabido que o custo dos pneus é um dos maiores na manutenção do caminhão, por isso, deve-se cuidar deles como se fosse da própria saúde. A primeira recomendação para se conseguir maior quilometragem é mantê-los calibrados com a pressão dentro da normalidade. Calcula-se que ao rodar com a pressão com 20% abaixo da recomendada pelos fabricantes do setor há uma perda de performance da primeira vida em torno de 21%. Neste caso, a orientação é verifi cá-los pelo menos uma vez por semana, e caso haja necessidade de calibragem, esta deve ser feita com os pneus frios. Se possível, duas horas após ter parado o caminhão.

Eron Voltz, de 29 anos de idade, sete como carreteiro empregado, de Gravataí/RS, diz calibrar os pneus duas vezes por semana os pneus do seu caminhão são calibrados na empresa onde trabalha. “Também bato o pneu durante as viagens, a cada 120 quilômetros aproximadamente, e uso calibragem entre 100 a 110 libras”, diz.

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Motorista empregado, Eron Voltz garante que os pneus do caminhão são calibrados duas vezes por semana na empresa

Já o também gaúcho Alexandre Mattos, de Osório/RS, diz nunca ter visto acidente por falta de calibragem de pneus. Aos 31 anos de idade e há seis na profi ssão, também como empregado, ele garante que pára a cada duas horas para checar os pneus. Seu colega de profi ssão, Leandro Thimóteo, de 34 anos, conta que houve uma época em que a empresa onde trabalha usava calibrador automático de pneus, mas depois retiraram o equipamento, por entenderem que a manutenção era muito cara.

Há 14 anos na profi ssão de borracheiro no Posto 23, na rodovia Régis Bittencourt, Km 23, no Embú, SP, Donizeti Chavier da Silva garante que os carreteiros calibram os pneus corretamente. “Mas quando os conserto, noto que estão mais gastos de um lado. Isso quer dizer que não há o alinhamento e rodízio. Acredito que 50% dos caminhões estão assim, mesmo os de transportadoras”, comenta.

Esse não é o caso de Ariovaldo Alecci, de Belém, PA, de 48 anos de idade. “Faço o rodízio, uso calibrador automático, e acho ótimo. O aparelho calibra os pneus automaticamente na pressão de 110 libras e não dá manutenção. Utilizo há quatro anos e nunca quebrou. Mesmo assim bato os pneus, pois uma hora o aparelho pode apresentar defeito”, esclarece. “Não estou contente é com os preços dos pneus. Só uso recauchutado que custa R$ 290 reais, porque não tenho condições de comprar novo. Só o de tração está custando mais de 1.700 mil reais, por isso é importante cuidar deles”, fi naliza.

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A empresa onde Leandro Thimóteo trabalha já usou calibradores automáticos nos caminhões depois
tirou o equipamento

A pressão dos pneus está diretamente relacionada em fazer com que os pneus cumpram suas funções. A palavra pneu – abreviação de pneumático – signifi ca “ar sob pressão” e se não rodar com as pressões de enchimento corretas não será capaz de desempenhar todas as suas funções. A pressão correta proporciona ao pneu um apoio perfeito no solo e desta forma a rodagem apresenta um desgaste normal”, ensina Luiz Fernando Trincha, consultor de engenharia de aplicação, da Pirelli.

Ainda de acordo com ele, quando a pressão é insufi ciente o pneu tende a se apoiar nas laterais da rodagem, causando desgaste prematuro. “Além disso, o flexionamento do pneu tornase muito mais acentuado contribuindo para uma maior geração de calor na carcaça o que prejudica a sua estrutura. No caso de pressão em excesso, o pneu apoia-se mais na faixa central de rodagem, a qual sofre um desgaste acelerado e o conforto do veículo é prejudicado”, diz. Segundo estudos da Pirelli, de 20 mil pneus eliminados de frotas de caminhões e ônibus, 22% foram condenados prematuramente por problemas causados por pressões incorretas. “

A prática de bater nos pneus com martelos pode auxiliar o motorista para verifi car se os mesmos estão cheios e não furados, porém não é um método confi ável, já que não consegue detectar uma variação de pressão. O ideal é a calibragem semanal com os pneus frios”, orienta Luiz Fernando.

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O borracheiro Donizeti Chavier acredita que a metade dos caminhões apresentam problemas de gasto irregular da banda de rodagem do pneu

Quanto à calibragem correta, a Pirelli indica uma tabela regulamentada pela Associação Latina Americana de Pneus e Aros, que foi baseada sobre a carga transportada e incidente em cada pneu. Pode-se ver a tabela no site www.pirelliclubtruck.com.br. Já a Michelin já analisa o peso da carga transportada; o peso que incide sobre cada pneu; velocidade de trabalho e característica do solo para orientar sobre a pressão no ponto. “Não existem estatísticas oficiais sobre o percentual de carreteiros que rodam com os pneus descalibrados, mas, com o trabalho que a Michelin realiza em campo mostrando a importância de se ter um controle das pressões, mantendo um plano de calibragens periódicas, podemos observar ao longo dos anos que está existindo uma conscientização por parte dos carreteiros em manter os pneus dos caminhões calibrados”, informa Márcio Dezen, Inspetor Técnico Produto, da Michelin.

Uma projeção da empresa aponta que com 110 libras de pressão o desempenho da primeira vida seria de 95.000 km, com vida na carcaça de 280.000 km. Com pressão 20% abaixo da recomendada (88 libras), a primeira vida dos pneus seria igual a 75.050 km e a vida da carcaça passaria para 221.120 quilômetros. Caso o exemplo acima equipe um cavalo-mecânico 4×2 atrelado a um semi-reboque de três eixos, a perda nos 18 pneus, em primeira vida, seria de 359.100 quilômetros e em 1.058.400 quilômetros a vida das carcaças.

Com o tempo, o pneu descalibrado compromete a carcaça e, consequentemente, estoura. Neste caso, há difi – culdade para se controlar o caminhão e evitar um acidente. Outro destruidor de pneus são as estradas ruins, onde o atrito do componente com os buracos compromete também as rodas, cria perfurações e avarias, acarretando a perda de pressão dos pneus.

Com a batida nos pneus, o motorista consegue identifi car pneus furados e a diferença de pressão, mas não tem como saber se está cinco ou dez libras abaixo ou acima da pressão recomendada, por isso, o ideal é calibrá-los. A batida nos pneus também é importante para verifi car outros itens além da pressão, como pneus cortados, pneus com necessidade de troca, desgaste irregular, entre outros. A prática faz com que o motorista verifi que o estado dos pneus”, diz Márcio.

No entanto, as empresas recomendam os seguintes cuidados com os pneus sejam eles novos ou recauchutados: controle periódico com calibradores aferidos; usar sempre tampinha de vedação nas válvulas para evitar entrada de sujeira, que pode danifi car o mecanismo da mesma e causar vazamentos; sempre calibrar todos os pneus, inclusive o estepe; em rodados duplos, sempre utilizar o extensor e caso haja alguma dificuldade na calibragem dos pneus internos, desmontá-los, corrigir o problema e calibrá-los; no caso de calibradores automáticos de ar, este deve sempre estar aferido o manômetro do painel a cada 60 dias. Verifi car as condições de aros e anéis, se estiverem muito enferrujados ou gastos devem ser substituídos.

A Bridgestone Firestone do Brasil criou um documento chamado 10 Mandamentos Para o Uso Inteligente do Pneu, com várias recomendações importantes. Entre elas se destacam o rodízio de pneus radiais a cada 12.000 km; evitar o excesso de peso, porque ele compromete a estrutura do pneu e aumenta o risco de estouro; verifi car sempre os amortecedores, molas, freios, rolamentos, eixos e rodas, utilizar as medidas de pneus e rodas indicadas pelo fabricante do veículo e também o modelo indicado para cada tipo de solo.

José Carlos Quadrelli, gerente geral de engenharia de vendas da Bridgestone Firestone recomenda ainda que pressão inferior à recomendada causa fadiga prematura da carcaça. “Pressão muito superior torna o pneu mais sujeito à falha por impacto. Portanto, quando descalibrados, eles podem falhar prematuramente e de forma catastrófi ca”, ensina Quadrelli.

A Continental Pneus reforça a opinião acima. “Pneus descalibrados ocasionam acidentes, principalmente quando se trata do eixo dianteiro. Com baixa pressão sofre uma fl exão demasiada, gerando calor, fadiga e, consequentemente quebra da estrutura (estouro)”, diz um porta voz da empresa. Quanto aos pneus recauchutados, a empresa lembra que devem receber a mesma atenção dos novos, pois trata-se de uma extensão/continuidade da primeira vida. Porém com um agravante. a estrutura já iniciou seu processo de fadiga natural pelo uso, sem contar a boa procedência das carcaças e a marca com qualidade das recapagens, fatos que também devem ser considerados”.

Guilherme Junqueira Franco, gerente técnico de serviços a frotas e eventos da unidade de negócios de pneus para caminhões e ônibus da Goodyear, reforça sobre a atenção na calibragem. “Os resultados negativos gerados pela pressão de ar inadequada afetam o desempenho dos pneus. Mas, a fl exão excessiva causada pela pressão baixa, além de gerar o desgaste rápido, pode também elevar a temperatura, que dependendo da intensidade provoca separação dos componentes do pneu comprometendo a segurança. O mesmo pode ocorrer com impactos causados por excesso de pressão de ar”, conclui.