Por Daniela Giopato

Pelo segundo ano consecutivo, o mercado de caminhões fechou o ano com resultados pouco satisfatórios, conforme já esperado pelos representantes das montadoras, diante de problemas como a quebra da safra e outros itens que travaram a produção e venda de pesados. De acordo com os números computados pela Anfavea, a produção totalizou 105.579 unidades, 10,44% menor do que as 117.892 fabricadas em 2005. Apenas os segmentos de semileves e médios apresentaram pequeno crescimento de 3,3% e 1,7%, respectivamente.

Situação idêntica aconteceu com as vendas internas, que atingiram 76.653 unidades, 5% menor aos 80.384 veículos comercializados em 2005. Porém, os segmentos de semileves e médios cresceram em 15% e 10%, respectivamente. Já as exportações fecharam o ano com saldo positivo, com o envio de 38.648 unidades para o exterior. O volume é 1% maior do que o atingido no ano anterior, quando foram exportados 38.300 veículos.

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Apesar dos números, a Ford Caminhões afirma ter obtido resultados positivos em 2006. A linha Cargo, segundo a montadora, atingiu 13,7% de participação no mercado, com 9.859 unidades vendidas. Entre os modelos que se destacaram, estão os Cargo 1317 com 1.440 unidades (40% a mais em relação a 2005), 1717 com 592 unidade (quase 36% a mais que no ano anterior) e os MaxTruck, com 2.474 unidades, que aumentaram a participação no segmento para 17,7% contra 16% em 2005.

A montadora comercializou no ano passado 14.531 caminhões emplacados e conquistou participação de 20%. O segmento de médios foi o que mais cresceu, com 18,6% superior a 2005 e proporcionou à companhia um crescimento de 24,9% para 26,6% na participação. Os extrapesados sofreram queda de 14,6% nas vendas, motivado pelo baixo investimento do setor agropecuário, principalmente o ligado à soja.

O ano de 2006 foi marcado também pela renovação da linha Cargo, com o lançamento de nove modelos de caminhões eletrônicos – C-1722e, os trucados MaxTruck 2422e e 2428e, os traçados C-2622e, C-2628e, C- 2632e, C-2922e e C-5032 e o Max- Ton C-4432e – e um crescimento de 29% nas vendas na América Sul nos últimos dois anos. No Brasil, houve uma redução de volume de cerca de 5% com um total de 14.695 unidades, por conta da queda geral da indústria nacional de caminhões.

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Para Flávio Padovan, diretor de operações de caminhões da Ford, a expectativa para este ano é de crescimento, entre 5 e 10%, devido à recuperação do setor agropecuário, os altos investimentos do setor canavieiro, da construção civil e a continuação do aumento do consumo em centros urbanos, principalmente do setor de bebidas. “Acreditamos que todos os segmentos devem crescer neste ano, com destaque para os leves e médios devido à distribuição urbana, o sucesso do setor canavieiro e dos extrapesados com a recuperação da agricultura de grãos.

O diretor de vendas da Volkswagen, Ricardo Alouche, explica que as expectativas de um ano difícil com uma série de lançamentos foram superadas com o recorde de vendas totais conquistados pela montadora em 2006. “A Volkswagen bateu seu recorde histórico de vendas de caminhões, ônibus e exportação, atingindo mais de 37.000 unidades no ano”. Com relação às exportações, o volume também foi superior ao previsto inicialmente.

Mercados como Argentina tiveram antecipação de compras, uma vez que a legislação EURO III passou a vigorar a partir deste mês de janeiro, com forte alta de preços (cerca de 25%). “Todos os veículos que deram entrada na Argentina até 31.12.06 podem ser comercializados neste ano com motorização EURO II. No mercado doméstico, até meados do ano passado a expectativa era de uma queda de aproximadamente 15% comparado ao volume de vendas no mesmo período do ano anterior”.

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O segmento de cinco toneladas foi o que apresentou melhor resultado. “Fechamos 2005 com pouco mais de 1% de participação. O novo modelo 5.140 se consagrou como alternativa para este nicho de mercado, encerrando 2006 com mais de 33% de participação dentro desse segmento. Foram vendidos mais de 1500 produtos deste modelo, comprovando que este é um novo nicho que a Volkswagen pretende se estabilizar”. Outro modelo VW que também se destacou foi o Constellation 19.320, superando 2.000 unidades.

“Em 2007 nossas previsões indicam que haverá uma recuperação. Se não ocorrer nenhum problema inesperado, o resultado deste ano deverá ser da ordem de 7% superior ao de 2006. Durante 2007, nossa estratégia será crescer de acordo com o mercado, ou seja, não estamos concentrando nossa estratégia em ganho de participação, mas sim, na sustentação do patamar de vendas alcançados nos últimos anos”, conclui Alouche.

Com 12 mil unidades comercializadas na América Latina, a Iveco Latina fechou 2006 com desempenho semelhante ao de 2005, período em que vendeu 11.924 veículos, o resultado foi considerado positivo pela montadora. “Terminamos o ano de 2006 com resultado operacional positivo pelo segundo ano consecutivo”, afirmou Jorge Garcia, presidente da Iveco Latin America, antes de passar a ocupar um cargo na matriz italiana.

Segundo dados da Iveco, o mercado total de caminhões teve queda de 3%. Apesar disso, a montadora afirma ter compensado seus números com a alta das vendas em outros mercados da América do Sul, como na Argentina e Venezuela. A venda total da Iveco no mercado argentino em 2006 passou dos 3100 veículos. No mesmo período, foram comercializadas cerca de 4400 unidades na Venezuela, um acréscimo de 30% em relação a 2005, conforme divulgou a assessoria da montadora.

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Todo esse quadro resultou perda de participação da marca no Brasil, em contrapartida exportou em direção a novos mercados da América Central. Hoje, de acordo com a montadora, cerca de 60% da produção de Sete Lagoas vai para o exterior. Em 2005, a Iveco exportou cerca de 780 unidades entre leves, médios e pesados. No ano passado, esse número saltou para 1.141.

Entre os fatores que favoreceram a Iveco em 2006 o destaque fica por conta dos lançamentos dos extrapesados da família Stralis e do pesado EuroCargo Cavallino, para concorrer na faixa das 43 toneladas. A produção no País de duas novas famílias de motores também teve peso no resultado da empresa.

O italiano Marco Muzzu, substituto de Garcia na presidência, assumiu a empresa em janeiro com um programa de investimentos já aprovado. São R$ 150 milhões destinados a novos produtos a partir deste ano e adequação da capacidade produtiva, conforme a demanda local. A fábrica da Argentina, em Córdoba, está no limite da capacidade de um turno. Em Sete Lagoas a produção de caminhões pesados deve crescer 60% a partir de fevereiro e a previsão é atingir cerca de 2.000 unidades até o final do ano.

A DaimlerChrysler do Brasil, que em 2006 completou 50 anos de atividades no País, comemorou o marco com os bons resultados obtidos durante o exercício. Nos segmentos a partir de seis toneladas, por exemplo, a montadora comercializou 21.783 unidades o que lhe garantiu participação de 31,9%. Já as exportações de caminhões e ônibus atingiram 18.414 unidades enviadas para mais de 50 países. Desse total, 10.405 são ônibus e 8.009 caminhões.

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Para o vice-presidente de vendas da companhia, Philipp Schiemer, os excelentes resultados são atribuídos a um conjunto de fatores, como o lançamento de produtos, adequados às exigências da nova legislação brasileira, e o contínuo investimento no treinamento e especialização da rede de concessionários. Um dos destaques do ano passado, apontados pela empresa, foi a Caravana Vem Mercedes-Benz, um evento itinerante que percorreu 16.000 quilômetros, por 14 Estados e demonstrou a sua linha de produtos da marca. Além disso, foi iniciada a implantação do Axor Center – Centro Especializado em Extrapesados, presente em 27 revendas.

A Scania, por sua vez, encerrou 2006 com a mesma participação de mercado em caminhões pesados (25,7%) que em 2005. Foram comercializadas 5.047 caminhões e 703 ônibus, com quedas de 3,3% e 22,1%, respectivamente. As vendas da América Latina representaram 15% do total mundial da empresa. “Ao final de 2006, a Scania realizou uma das maiores vendas de sua história, com 120 caminhões já entregues para a Companhia Vale do Rio Doce e com o compromisso de chegar a um total superior a 300 unidades durante 2007. Nesse cenário, as expectativas que eram de manutenção dos volumes, foram atendidas”, afirma Roberto Leoncini, gerente executivo de vendas de caminhões.

Para 2007, o executivo informou que a montadora espera maior manifestação dos setores ligados à agricultura, que esteve parado em 2006.

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Enquanto o segmento de pesados sofreu uma queda de 2,6% com 19.665 caminhões vendidos contra os 20.200 em 2005, a Volvo atingiu a marca de 5.154 e encerrou o ano com resultado 9% superior às 4.724 comercializadas no exercício anterior. Foi a marca que mais vendeu no segmento de pesados e ficou com 26,2% de participação de mercado no País. Para o presidente da companhia no Brasil, Tommy Svensson, o fator decisivo para este desempenho foi o lançamento das linhas pesadas FH e FM e as vendas da linha VM. O VM 310 cavalo mecânico e o VM 6×4, lançados no final de 2005, atingiram 923 unidades vendidas. “É um excelente resultado para o primeiro ano”, declara Reinaldo Serafim, gerente de vendas da linha VM.

No total, em 2006, a empresa comercializou – entre pesados e semipesados – 6.105 caminhões no mercado doméstico, 2,6% a mais que os 5.944 vendidos em 2005. “Foi um ano positivo para a Volvo, apesar da crise no agronegócio”, afirma Bernardo Fedalto, gerente de vendas das linhas FH e FM, que chegou ao mercado em outubro do ano passado com o conceito Total Performance.

EXPORTAÇÃO 2005 (jan-dez) 2006 (jan-dez)
Semileves 1.453 1.942
Leves 6.401 5.524
Médios 2.854 2.910
Semipesados 10.680 11.098
Pesados 16.912 17.174
PRODUÇÃO 2005 (jan-dez) 2006 (jan-dez)
Semileves 4.625 4.780
Leves 26.907 22.670
Médios 12.197 12.416
Semipesados 35.253 30.593
Pesados 38.910 35.120
VENDAS 2005 (jan-dez) 2006 (jan-dez)
Semileves 7.269 8.406
Leves 20.463 18.573
Médios 8.875 9.801
Semipesados 23.577 20.208
Pesados 20.200 19.665