Acoplada ao motor FPT de 300cv, a transmissão automatizada Eaton de 10 velocidades e seus recursos tecnológicos resultaram em um trem força que tornou o Iveco Tector Auto-Shift um dos caminhões semipesados mais competitivos em sua categoria
Por Andrea Ramos
Assim como aconteceu com os caminhões pesados, a transmissão automatizada chegou aos modelos semipesados e com tecnologia e força para também conquistar os transportadores. Um dos modelos mais recentes no mercado para o segmento de 24 toneladas de PBT é o novo Iveco Tector com caixa de marchas Eaton de 10 velocidades, a qual traz novidades em relação aos concorrentes. A montadora era a única das grandes que não tinha ainda produtos disponibilizado produto automatizado nesta categoria.
Vale a pena lembrar que o mercado de semipesados representa 30% do volume de vendas gerais de caminhões no Brasil. Por isso, oferecer veículos competitivos e com tecnologias que facilitem o dia a dia no transporte é quase mandatório. Nesse sentido, talvez a Iveco tenha tomado a decisão certa de ser a última marca a ingressar no universo dos câmbios inteligentes. Isso porque a caixa do Tector é a mais completa em termos de recursos embarcados.
Os engenheiros da fabricante italiana puderam estudar com afinco os sistemas existentes na concorrência e entender as atuais necessidades dos clientes, dos motoristas, e ainda garantir um incremento em recursos. A companhia eleita para desenvolver a transmissão foi a Eaton. A caixa denominada pela marca como Auto-Shift será oferecida como opcional nas seguintes versões do Tector: 170E30 4×2, 240E30 6×2 e 310E30 8×2.
Para conhecer e avaliar às funcionalidades da Auto-Shift, a nossa equipe de reportagem andou no 240E30 6X2, versão mais popular da família, que teve 260 unidades emplacadas até agosto deste ano – o que corresponde à 60% do emplacamento da linha Tector.
O caminhão é equipado com motor produzido pela FPT N67 de 6,7 litros e 6 cilindros em linha. Esse engenho desenvolve 300cv a 2.500 rpm de potência e 107,1 mkgf entre 1.250 a 1.850 rpm. Trata-se de um motor com sistema de injeção alimentado pela tecnologia common rail, que combinado com a transmissão Eaton Ultra-Shift Plus de 10 velocidades, vendida como item opcional, resultou num produto extremamente competitivo na sua categoria.
Segundo a engenharia da Iveco, para haver maior harmonização entre esses componentes do trem de força, o motor teve de passar por nova calibração que permite trocas de marchas 60% mais rápidas. E apesar de ser a mesma transmissão que equipa a linha Ford Torqshift, na Iveco ela ganhou recursos, sendo quatro deles exclusivos e desenvolvidos pela FPT.
Um deles é pedal do acelerador progressivo que ajuda o condutor a encontrar a melhor faixa de rotação do torque, para reduzir combustível. Extremamente intuitivo, o recurso é facilmente percebido pelo motorista. Outro é o Down Hill, que funciona nas condições que se o veículo estiver numa descida suave, e sem o uso do freio, automaticamente a 10ª marcha é engrenada, mesmo que o motorista não pressione o pedal do acelerador. Além de ajudar no consumo de combustível, a condução nesse modo passa sensação de segurança.
Vale destacar também o sistema Power Auto, o qual faz a diferença e se mostra bastante adequado aos caminhões semipesados que comumente trafegam em ambiente urbano. Uma tecla “esporte” localizada na lateral da alavanca de troca de marchas, quando acionada por três segundos muda o tempo de troca de marcha para que o caminhão ganhe força e enfrente mais rapidamente situações como, por exemplo, na saída de posto de abastecimento. Após um minuto, a função é desabilitada, para evitar o consumo de combustível
Por fim, outro diferencial da transmissão é o sistema Auto Coast. Em trecho de descida, leve ou plano, por exemplo, se o caminhão estiver trafegando em velocidade reduzida, ao chegar na 5ª marcha a transmissão aciona automaticamente a embreagem deixando o veículo se desenvolver de forma segura para ultrapassar obstáculos como lombada, por exemplo. Depois de ultrapassado o obstáculo, ao retomar a velocidade do veículo, a marcha correta é acionada sem prejuízos para a performance.
Os demais recursos que a transmissão Auto-Shift oferece são comuns aos competidores. Como Kick Down (quando o motorista pisa fundo no acelerador a transmissão reduz uma marcha aumentando o giro do motor); o Skip Gear (em que as trocas de marchas são feitas de acordo com a carga, velocidade e inclinação do solo, deixando a sequência de lado); Hill Holder (ajuda o motorista a sair com o veículo de uma rampa, sem deixa-lo voltar para trás); Modo Manobra (como o nome sugere, não permite que o condutor ultrapasse o giro nessas condições, poupando diesel) e ASR (que em situações de baixa aderência controla as rodas evitando que girem em falso).
Na prática, tanto esses recursos quanto os novos e exclusivos agem por si só; e aqueles que necessitam da intervenção do motorista são extremamente intuitivos.
Durante a descida de Serra do Mar pela rodovia Anchieta, carregado no peso balança, em razão do tráfego intenso logo no início, o caminhão desceu usando o 2º estágio do freio-motor, o qual nessa etapa é conjugado ao pedal do acelerador, sendo que no 1º estágio é conjugado ao pedal de freio.
Em velocidade de 28 km/hora, em 5ª marcha, a rotação oscila entre 1.700 e 1.800 rpm. Por quase todo o trecho, a velocidade se manteve entre 30 e 36 km/hora, com a transmissão variando entre a 5ª e 6ª marchas. Já com maior velocidade, o segundo estágio do freio-motor se mostra eficiente com a rotação mais elevada, a 2.600 rpm. No entanto, é importante lembrar que mesmo alta, esta é a rotação adequada com o uso do freio-motor, sem haver gastos adicionais de combustível.
Já ao nível do mar, é perceptível quando o Down Hill entra em ação, como por exemplo, no trecho de descida leve e com o caminhão trafegando em velocidade de 80 km/hora, a chamada velocidade de cruzeiro, engrenado na 10ª marcha. É um recurso muito parecido com a banguela eletrônica, já existente em outros competidores. No Tector ela se torna exclusiva por atuar quando a caixa está na última marcha.
A subida da serra, também realizada pela Anchieta em razão de obras na rodovia dos Imigrantes, mostrou com mais clareza a força e desenvoltura do motor FPT. Lembrando que a subida é bem mais íngreme que pela rodovia dos Imigrantes. No entanto, esse trucado na parte mais acentuada da subida venceu na velocidade de 40 km/h, em 7ª marcha a 1.600 rpm. Próximo ao Planalto Paulista, entre 8ª e 9ª marchas, a velocidade subiu para 76 km/h a 1.700 rpm.
O Tector avaliado é o modelo com cabine teto baixo. No entanto, o veículo sai de fábrica preparado para receber rádio, pois conta com alto-falantes, escotilha e trio elétrico de série. Nessa versão de cabine o climatizador é opcional, sendo de série no teto alto.
O motorista encontra ainda no modelo determinados itens que tornam a viagem mais confortável. São eles o banco com suspensão a ar, com múltiplas regulagens de altura, de profundidade e de encosto; ar-condicionado e retrovisores bipartidos.
SEMIPESADOS RIVAIS
Os competidores do Tector 240E30 6×2 são o VW Constellation 24.280, o Ford Cargo 2429, o Volvo VM 270, Mercedes-Benz Atego 2430 e Scania P 310 – todos trucados. O mais vendido da categoria é o Constellation 24.280, modelo equipado com transmissão automatizada ZF 6AS 1010BO denominada V-Tronic, de 6 marchas. Trata-se de uma caixa que combinada ao eixo traseiro automatizado, entra em ação quando o veículo está em velocidade de cruzeiro, aliviando o torque do motor. Esse sistema, exclusivo da MAN, permite aproveitar ao máximo as duas relações de eixo. A transmissão agrega controle de partida em rampa, controle de tração, sistema de manobra, sensor de pressão no pedal (para ajudar nas ultrapassagens) e sensor de topografia e carga para eleger a melhor marcha.