Por Jaime Alves

O trecho Sul do Rodoanel é a mais importante obra viária de São Paulo atualmente e um dos grandes projetos de infraestrutura do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), no modal rodoviário. A obra começou em maio de 2007 a ser executada pela Dersa Desenvolvimento Rodoviário S.A., órgão do Governo do Estado, em parceria com o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). O custo está orçado em R$ 4,3 bilhões em valores de dezembro de 2008, sendo dois terços do Estado e um terço da União. O valor inclui a construção da rodovia, desapropriações, reassentamentos e compensações ambientais. O trecho Oeste, que está em operação desde 2002, foi a leilão no ano passado e começou a cobrar pedágio (R$ 1,20/eixo) em dezembro e o trecho Sul vai seguir o mesmo destino: será inaugurado com as praças de pedágios e privatizado depois.

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O traçado do trecho Sul começa no trevo da rodovia Régis Bittencourt (BR-116), no entroncamento com o trecho Oeste. Ele corta a Mata Atlântica por 57 quilômetros, passando por importantes reservatórios de abastecimento de água da região Metropolitana de São Paulo, as represas Guarapiranga e Billings, até encontrar a rodovia dos Imigrantes e a Via Anchieta, em São Bernardo do Campo. Ao projeto foi adicionada uma ligação de padrão rodoviário com 4,4 quilômetros de extensão até a avenida Papa João XXIII, em Mauá, que será duplicada para receber o tráfego proveniente do Rodoanel. Com a futura extensão da avenida Jacu-Pêssego (tem previsão de início no segundo semestre deste ano), essa ligação facilitará a chegada à Zona Leste de São Paulo.

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O leito de rodagem do Rodoanel terá duas pistas, com três a quatro faixas de rolamento, mais acostamento. Em alguns trechos o piso será de concreto e em outros de asfalto. O projeto conta com 136 obras de arte (viadutos, alças de acesso, passagens superiores, inferiores e pontes), sendo a maior parte sobre a represa Billings. A maior delas tem 1.755 metros de extensão – em concreto pré-moldado – e representa o maior desafio para engenheiros e operários que trabalham na obra e sua conclusão influencia no prazo de inauguração do trecho. “Nosso desafio é entregar o trecho Sul até o final de novembro e nosso cronograma aponta que vamos conseguir”, diz Pedro da Silva, gerente de Divisão de Obras da Dersa. Segundo ele, é certeza que a ponte interna estará pronta e como serão quatro faixas pode fazer duas pistas e abrir a rodovia para o tráfego. Mas a ponte externa está prevista somente para o final de fevereiro de 2010. O trecho Sul reúne cinco lotes e vários canteiros de obras, com aproximadamente 11 mil trabalhadores diretos, entre os quais cerca de 700 são motoristas de caminhão. Um deles é José Ailton dos Santos, que há um ano e meio puxa areia, barro “e o que mais precisar”, como diz. Ailton sabe da importância dessa obra. “Vai diminuir o trânsito de São Paulo”, afirma. Além de reduzir os congestionamentos na cidade, o trecho Sul do Rodoanel contribuirá com a logística de exportação ao facilitar o acesso dos caminhões ao Porto de Santos. “Um carreteiro que levava duas horas para chegar a Santos, vai levar uma hora”, calcula Pedro da Silva, da Dersa.

Redução no congestionamento da cidade de São Paulo e contribuição na logística de exportação são benefícios do Rodoanel, destaca Pedro da Silva
Redução no congestionamento da cidade de São Paulo e contribuição na logística de exportação são benefícios do Rodoanel, destaca Pedro da Silva

A Dersa estima que a conclusão do trecho Sul, mais o trecho Oeste, reduzirá em 47% o movimento de caminhões na Marginal do Rio Pinheiros e 43% na avenida dos Bandeirantes.

Outro fator importante é a redução de emissões de poluentes no céu cinzento de São Paulo, que representa um ganho ambiental. Por outro lado, a obra exige o desmatamento de uma grande área verde, muito questionada pelos ambientalistas. Por isso mesmo há medidas compensatórias. Uma delas será a construção de dois parques, outra é o próprio traçado que terá um trecho de 38 quilômetros sem nenhum acesso às avenidas e ruas da região, para evitar a exploração imobiliária e a ocupação irregular em zonas de mananciais. O projeto completo do Rodoanel de São Paulo deve estar pronto em cinco anos. O trecho Oeste foi entregue em 2002, o Sul deve começar a operar até março do ano que vem, o Leste está em fase de licenciamento ambiental e o Norte em fase de projeto. Ao todo serão 176 quilômetros de extensão ligando dez grandes rodovias de acesso a São Paulo: Bandeirantes, Anhanguera, Castelo Branco, Raposo Tavares, Régis Bittencourt, Imigrantes, Anchieta, Presidente Dutra, Ayrton Senna e Fernão Dias.

Como muitos outros motorista, José Ailton sabe da importância do Rodoanel para facilitar o tráfego de caminhões
Como muitos outros motorista, José Ailton sabe da importância do Rodoanel para facilitar o tráfego de caminhões

A Copa do Mundo de 2014 vai exigir melhorias, não só nos estádios de futebol, como também na infraestrutura viária para receber as delegações internacionais e os turistas de todo o mundo. São Paulo será uma das sedes dos jogos e a necessidade de “fazer bonito” deve pressionar as autoridades e poderá dar agilidade às obras do Rodoanel.

NOVA MARGINAL DO TIETÊ

As obras da Nova Marginal do Tietê, em São Paulo, anunciadas em junho, começam imediatamente e devem ser entregues no ano que vem. Serão ampliados 23 quilômetros de pistas com três faixas de rolamento de cada lado do rio Tietê. O projeto ainda prevê a construção de quatro novas pontes (Complexo Bandeiras, Cruzeiro do Sul, Tatuapé e Complexo Dutra/Castelo Branco) e três viadutos.

A Dersa Desenvolvimento Rodoviário S.A, órgão do Governo do Estado, com a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego, órgão da Prefeitura), vai criar um plano de monitoramento e desvios para minimizar o impacto no trânsito durante a execução da obra. Isso quer dizer que na fase de construção, o trânsito que já é ruim provavelmente ficará pior. Mas quando ficarem prontas, as novas pistas, pontes e viadutos vão diminuir o tempo de viagem em cerca de 35%, segundo cálculos do governo paulista.

De acordo com informações divulgadas pelo DER (Departamento de Estradas de Rodagem), atualmente a Marginal Tietê apresenta filas de congestionamento de 30 quilômetros, em média, nos períodos de pico. Essa extensão representa 25% do total de engarrafamentos medido na cidade de São Paulo. Os estudos mostram que o trânsito parado gera desperdício de tempo de 1,7 milhão de horas/ano e o de combustível, 1,5 milhão de litros/ano. Com as obras da Nova Marginal do Tietê, o tráfego para as rodovias Castelo Branco, Ayrton Senna, Dutra, Fernão Dias, Anhanguera e Bandeirantes terá fluxo mais rápido. A obra está orçada em R$ 1,3 bilhão e terá investimentos do governo do Estado e das concessionárias que administram as rodovias Bandeirantes/Anhanguera e Ayrton Senna/Carvalho Pinto. Junto do Rodoanel e o Complexo Anhanguera (outra importante obra em construção em São Paulo), a Nova Marginal Tietê deverá aliviar o trânsito nas principais interligações de bairros da capital paulista e evitar o tráfego de veículos de passagem por bairros e centro da cidade, como é o caso de muitos carreteiros que, por falta de opção, passam por dentro de São Paulo (JA).

De acordo com informações divulgadas pelo DER (Departamento de Estradas de Rodagem), atualmente a Marginal Tietê apresenta filas de congestionamento de 30 quilômetros, em média, nos períodos de pico. Essa extensão representa 25% do total de engarrafamentos medido na cidade de São Paulo. Os estudos mostram que o trânsito parado gera desperdício de tempo de 1,7 milhão de horas/ano e o de combustível, 1,5 milhão de litros/ano.

Com as obras da Nova Marginal do Tietê, o tráfego para as rodovias Castelo Branco, Ayrton Senna, Dutra, Fernão Dias, Anhanguera e Bandeirantes terá fluxo mais rápido.

A obra está orçada em R$ 1,3 bilhão e terá investimentos do governo do Estado e das concessionárias que administram as rodovias Bandeirantes/Anhanguera e Ayrton Senna/Carvalho Pinto. Junto do Rodoanel e o Complexo Anhanguera (outra importante obra em construção em São Paulo), a Nova Marginal Tietê deverá aliviar o trânsito nas principais interligações de bairros da capital paulista e evitar o tráfego de veículos de passagem por bairros e centro da cidade, como é o caso de muitos carreteiros que, por falta de opção, passam por dentro de São Paulo (JA).