Por Evilazio de Oliveira
O aço é o material mais reciclado no mundo pelo setor industrial, tornando a coleta, seleção, armazenagem e transporte numa atividade rentável e que dá emprego para muita gente, entre eles centenas de motoristas que dirigem os caminhões que buscam os contêineres nas empresas ou fazem a entrega final, do depósito para as siderúrgicas, também conhecidos como sucateiros.
As cinco maiores empresas que atuam nesse setor, na região metropolitana de Porto Alegre/RS, reúnem cerca de 200 caminhões sucateiros, sem contar as de menor porte e os autônomos. Ninguém sabe ao certo o número de caminhões que atuam no transporte de sucata, o certo é que existem muitos desmanches de automóveis que não são contabilizados.
O empresário Luiz Américo Aguiar, 50 anos e há 27 no setor, é dono da L.A. Aguiar Cruz & Cia Ltda e trabalha com metais ferrosos e não-ferrosos. Ele é dono de uma frota de 12 caminhões e de duas carretas para a coleta e entrega de aproximadamente 1.400 toneladas de sucata. Mantém 95 contêineres espalhados em empresas metalúrgicas para a coleta desse material, que é comprado, recolhido por pessoal especializado e que cuida entre outras coisas, da perfeita limpeza do local. Depois é feita a seleção e só então encaminhada para os seus clientes, o maior deles o Grupo Gerdau, responsável pelo recebimento de uma mil tonelada/mês.
Luiz Américo explica que todos os motoristas têm bastante experiência nessa atividade, cursos para o transporte de cargas perigosas – apesar de não transportarem este tipo de carga – e os caminhões equipados com um kit para proteção de resíduos industriais, capacete, óculos, botinas e é licenciado pela Fepam – Fundação Estadual de Proteção Ambiental.
Para o carreteiro Jocelino Guimarães Fraga, 49 anos, 30 de volante e 20 como sucateiro, “não existe coisa melhor”, pois nunca gostou de viagens longas e prefere estar sempre perto da família. Ele transporta sucata para a unidade do Grupo Gerdau no município de Charqueadas, cerca de 130 quilômetros de ida e volta e recebe salário de R$ 935,00 mensais, horas extras, insalubridade, tíquete refeição, cartão rancho e todos os benefícios legais. “Nada melhor do que ser sucateiro”, garante.
O paulista Antônio Célio Pereira, 45 anos, 23 de volante, está há três meses no transporte de sucata, “mas não tem mistério”. Ele gosta do serviço e não considera perigoso, utiliza luvas e o capacete sempre que é necessário e a carga sempre fica bem protegida, com as laterais da carroceria altas e utilizando lonas ou uma rede de proteção para evitar a possibilidade de quedas de pedaços de sucatas.
Também na opinião do carreteiro Roberto Carlos Lima da Silva, 38 anos, 20 de volante e 15 na sucata, uma das grandes vantagens desse trabalho é a possibilidade de voltar para casa todos os dias. Garante que está acostumado com o serviço e só reclama do calor, porque no Verão as temperaturas ficam muito altas nos depósitos de sucatas. Garante que está tudo muito bem como sucateiro e não pensa em viajar para longe.
Antônio dos Santos, 49 anos, 24 de volante no transporte de sucatas, está no setor há 33 anos. Ele conta que sempre trabalhou no setor e nunca pensou em mudar de atividade. Trabalha perto de casa e ganha o suficiente para ter uma vida confortável com a família. Faz o recolhimento dos contêineres nas indústrias ou o transporte para as fundições ou siderúrgicas. Segundo ele, não é preciso nada de especial para trabalhar como sucateiro, apenas cuidar da segurança e dirigir com cuidado, como qualquer outro tipo de transporte, diz.
O transporte de sucata serve como termômetro para medir a temperatura da economia do País, afirma Luiz Américo Aguiar. “Se tiver bastante sucata para recolher é sinal que as indústrias estão produzindo, ou seja, a economia vai bem. A começar pelos sucateiros”, brinca.
legendas:
Jocelino roda 150 quilômetros por dia, gosta do salário que recebe e garante não haver nada melhor do que ser sucateiro
Novato neste tipo de transporte, Antônio Célio Pereira, 45 anos gosta do serviço e procura proteger a carga para não cair pelo caminho
A alta temperatura nos depósitos de sucata durante os dias mais quentes do Verão é o único ponto negativo, diz Roberto Carlos Lima
Antônio dos Santos transporta sucata há mais de 30 anos e nunca pensou em trocar de atividade, porque tem uma vida confortável
Sucata para recolher é sinal de que as indústrias estão produzindo e a economia vai bem, opina Luiz Américo