No início da década de 1980, os caminhões ainda eram brutos. O Ford F-21000,
por exemplo, oferecia como itens opcionais direção hidráulica e banco individual do motorista. A caixa de câmbio tinha cinco velocidades e a potência do modelo não chegada a 130cv

Por João Geraldo

Há quem diga que falar do passado é coisa de gente velha, mas quando se trata de caminhão, essa opinião pouco importa, especialmente porque conhecer ou lembrar de veículos de décadas atrás, e de suas diferenças em relação aos atuais, é algo que atrai muita gente do trecho. Um exemplo é o Ford F-21000, um bruto – nesse caso cabe o adjetivo-, principalmente porque banco individual do motorista e direção hidráulica eram ainda itens opcionais.

Lançado em 1980, seu motor era um diesel de 6 cilindros e 5.882 litros fabricado pela MWM. A potência máxima era de 127cv e torque de 36,8mkgf a 1.600 rpm. Os modelos médios F-11000, F-12000 e F-13000 (com capacidade para 6,5 e 9 toneladas de carga líquida) eram produzidos com motor Perkins.

A transmissão produzida pela Clark era manual de cinco velocidades. A redução no diferencial era com acionamento elétrico ou pneumático e a 1ª marcha não era sincronizada. Um caminhão 6×2 de fábrica, com eixos em tanden ou balancim, assim como era também a versão um pouco abaixo a F-19000.

A capacidade de peso descrita para o F-21000 era 3.480kg para o eixo dianteiro e 16.950kg no traseiro. O PBT atingia de 20.500kg. Sua carga líquida ficava entre 13.500 e 14.000kg, um semipesado na classificação de hoje. Esse caminhão dava conta do recado, ao menos é o que constatou a equipe da redação da revista O Carreteiro na época em matéria de teste, publicada na edição de janeiro de 1981, que destacava tratar-se de um modelo que havia sido lançado recentemente.

O F-21000 foi definido como um caminhão confortável, com baixo nível de ruído interno, cabine bem ventilada e assento do motorista que oferecia conforto. Também não faltaram observações sobre os comandos do limpador de para-brisas e dos faróis, que poderiam ser melhor posicionados. De acordo com o texto, exigiam que o motorista se movimentasse no banco para acioná-los. E no painel de instrumentos, apesar de ser apontado como bastante completo, o conta-giros não apresentava faixas indicando a rotação de potência máxima do motor e a mais econômica.

Retrovisor

Outra observação referia-se à inexistência de um sistema de freio motor e da falta que fez na descida da Serra pela via Anchieta. Esse item influenciou tanto na segurança quanto na economia de combustível. Aliás, o tanque tinha capacidade para 197 litros com opção da instalação de um suplementar de 140 litros.

Ainda segundo as anotações, o desempenho do veículo, vindo principalmente do eixo traseiro de dupla velocidade, pois possibilitava aproveitamento total do torque do motor, sobretudo nas subidas. O consumo médio medido após o veículo ter rodado 367 quilômetros, foi de 3,01km/litro.

O percurso começou em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, saindo da fábrica da Ford. A viagem começou pela via Anchieta até o Litoral e no fim da serra seguiu rumo ao Sul, primeiro pela Pedro Táxi e depois Padre Manoel da Nóbrega, indo até o entroncamento com a BR-116 e finalmente chegar ao município de Registro. O retorno para a cidade de São Paulo foi feito pela rodovia Régis Bittencourt, enfrentando a subida da Serra do Cafezal. Naquele tempo, a pista simples de mão dupla era muito mais perigosa e estava longe de ter suas pistas duplicadas.