Um levantamento realizado pela Pamcary mostrou que a quantidade de acidentes com veículos de carga no País chega a quase 90 mil por ano. Além disso, o número de mortos e feridos graves alcança o patamar de 12 mil por ano e cerca de 1/3 destas vítimas são motoristas. O diretor de gerenciamento de riscos da Pamcary, Darcio Centoducato, que coordenou a pesquisa, explica que no Brasil há 281 mortes por grupo de 100 mil carreteiros por ano.
A principal causa desta realidade, conforme aponta Centoducato, é o fato de que a classe de motoristas de caminhão no País, está sendo vítima da principal lógica do capitalismo: a lei da oferta e da procura. “Mensalmente nosso cadastro nacional de motoristas, que já possui mais de um milhão de nomes, recebe acréscimo de cerca de seis mil novos nomes. Como a procura não cresce na mesma proporção, o custo do frete normalmente é muito baixo. O carreteiro busca carregar o máximo possível, dilatando sua jornada de trabalho. Assim, o número de acidentes alcança um patamar elevadíssimo e as principais causas são o excesso de velocidade e o cansaço do motorista”, revela.
O cansaço, conforme mostra o levantamento, é provocado pela jornada diária do carreteiro, de cerca de 15 horas. O estudo comprovou também que na segunda-feira, apesar de serem expedidas 17% das mercadoria da semana, o índice de acidentes é de apenas 5%. Já no sábado, quando são expedidas uma média de 5% das mercadorias, os acidentes representam 15% dos sinistros da semana. A explicação é que no domingo os profissionais geralmente descansam e no sábado estão esgotados.
O motorista de caminhão, conforme relata Centoducato, se envolve em oito acidentes em cada dez mil viagens. Considerando este mesmo número de viagens, a média de acidentes sofridos pelo motorista de ônibus de passageiros é de apenas 0,87, compara (DG).