Por João Geraldo

Construídos com alta tecnologia e materiais apropriados para agregar mais qualidade e durabilidade, os pneus são desenvolvidos e produzidos de acordo com as condições geográficas e climáticas da região onde vão rodar. Isso inclui também o tipo de relevo, características das estradas e até o comportamento dos transportadores, pois desta maneira os fabricantes conseguem oferecer ao mercado um produto com capacidade para proporcionar menor custo por quilômetro rodado. Segunda maior despesa na planilha do transportador, os cuidados com pneu representam um fator de grande importância na sua vida útil, isso independente da tecnologia empregada na sua construção.

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Produtos Michelin, na fábrica de Campo Grande/RJ, prontos para serem distribuídos no mercado de transporte

Além de um produto de qualidade, os usuários querem também atenção, assistência técnica, garantias e usufruir das tecnologias já disponíveis, como softwares para o controle dos pneus em uso e dispositivos que possam prolongar sua vida útil. “A Michelin vende performance, isto é, o custo quilométrico e serviços. Graças à qualidade de sua carcaça radial e a possibilidade de recapagem, essa quilometragem é ainda maior. Pode-se dizer que um quilômetro de pneu de carga radial Michelin sai mais barato do que um quilômetro de pneu de outras marcas”, destaca Fernanda Pimenta, gerente de marketing de produto para a Michelin América do Sul. Ainda de acordo com ela, no caso dos pneus para caminhões e ônibus, depende muito da aplicação. “Não se deve falar de uma forma generalizada sobre este assunto, pois um mesmo pneu pode ter uma durabilidade variável segundo sua utilização, principalmente no que se refere à boa manutenção da carcaça e sua capacidade de receber uma ou mais recapagens”, explica.

As inovações mais recentes da Michelin estão presentes em seus três principais pneus para veículos pesados, o XTE2 série 70, 11.00 R22 XZE2 e o XZA2 Energy, produtos com diferentes características. Na medida 275/70 R22.5, o XTE2 é um pneu mais baixo e mais leve dos habitualmente usados em semirreboques. O produto oferece a mesma capacidade de carga e emprega menos petróleo em sua fabricação, além de reduzir a tonelagem de pneu descartado no meio ambiente. “A principal proposta é apoiar os transportadores na redução dos custos operacionais. O XTE2 possui um preço competitivo frente às principais marcas, proporciona melhor rentabilidade por quilômetro durante a primeira vida e na sua vida total”, explica.

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Parte do processo de produção de pneus para caminhões e ônibus Goodyear, na unidade de Americana/SP

Já o 11.00 R22 XZE2 é um pneu com câmara para tender os transportadores cujos caminhões têm idades acima de sete anos, um produto com o foco no motorista autônomo e garantia para dano acidental como furos, penetrações, rasgos, quebra de carcaça ou bolhas no flanco (causadas por impactos), ocorridos na primeira vida. Suas características contam com reforços para dar maior robustez à carcaça e maior resistência a todo tipo de agressões no uso do dia a dia. Sua construção – informa a Michelin – incorpora materiais como nylon e revestimento com goma, resulta em uma carcaça firme para atender com eficiência ao transporte pesado de longa distância, em trajetos ruins, inclusive com trechos de estradas de terra e pedras.

Outro produto da empresa, o XZA2 Energy atende tanto ao transporte de carga quanto de passageiros. “Este pneu incorpora tecnologias voltadas à redução dos custos totais de operação de uma frota, graças à obtenção de melhor performance, com ganho de rendimento quilométrico na sua primeira vida e também na da carcaça, além de um baixo índice de resistência ao rolamento, que propicia menor consumo de combustível e emissão de CO2”, conclui Fernanda Pimenta, lembrando que a Michelin é pioneira na introdução do pneu radial no País e investe cerca de 600 milhões de euros do seu faturamento anual em pesquisa e desenvolvimento.

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Pneu produzido pela Pirelli, em Santo André/SP, incorpora tecnologia para garantir maior resistência e durabilidade

Baixa resistência ao rolamento e distribuição otimizada dos compostos são alguns dos benefícios das tecnologias FuelMax e Duralife empregadas pela Goodyear na produção da série 600, para veículos pesados. De acordo com Fábio Garcia, gerente de pneus comerciais da empresa, os pneus produzidos com tecnologia FuelMax tem como principal diferencial o fato de proporcionar redução do consumo de combustível graças à menor resistência ao rolamento. “Com essas características, o motor realiza menos esforço para movimentar o veículo, reduzindo também a emissão de CO2 na atmosfera”, destaca Garcia. Ele acrescenta que a linha FuelMax pode gerar economia de combustível de até 5,6%, desde que todos os pneus do caminhão, ônibus e carreta operem em características ideais de temperatura, pressão e condições climáticas.

A outra tecnologia utilizada pela Goodyear, a Duralife, proporciona melhoria na construção da carcaça, possibilitando maior vida útil. De acordo com Fábio Garcia, o conceito de banda de rodagem com distribuição otimizada dos compostos faz com que os pneus esquentem menos durante a utilização. “Com isso, os produtos estão mais preparados para atender às necessidades dos veículos em diversas condições de asfalto das rodovias e ruas brasileiras”, complementa.

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Fábrica da Bridgestone, em Santo André/SP, utiliza modernos processos de produção de pneus para veículos pesados

“Com os novos processos de fabricação, estruturas e materiais, os pneus para uso profissional possuem maior quilometragem, robustez, capacidade de carga, de reconstrução e conforto, entre outras características”, acrescenta Flávio Bettiol Junior, diretor de marketing para produtos caminhão e agro, da Pirelli na América Latina. Entre as atuais tecnologias da empresa, ele destaca o SATT (Spiral Advanced Technology for Truck), pela qual uma das cinturas é formada por tiras metálicas emborrachadas e aplicadas de forma aspiral para amarrar as demais. “Sem emendas na cintura aspiral, o processo torna o pneu muito mais resistente”, destaca.

Ainda de acordo com Bettiol, este processo produtivo faz com que o pacote de cinturas adquira maior robustez, resultando em maior regularidade no desgaste da banda de rodagem e maior rendimento quilométrico, devido à melhor distribuição das pressões de contato com o solo. “Os pneus construídos neste sistema apresentam carcaça mais durável, já que a movimentação do pacote de cinturas é menor, proporcionando menor geração de calor, maior integridade, melhor dirigibilidade, maior capacidade de reconstrução e, assim, menor custo por quilômetro rodado”, acrescenta Bettiol. Outras tecnologias de construção citadas pelo executivo são a HWTT (Hexagonal Wire Technology for Truck) e HETT (High Elongation Technology for Truck). A primeira traz um friso constituído de arames de aço hexagonais de alta resistência térmica e mecânica. A região do talão fica mais resistente e flexível reduzindo em até 40% a montagem e desmontagem e reduz o risco de avarias no talão. Na segunda, a geometria e disposição dos fios de aço da cintura, com cordas metálicas que permitem a penetração do composto de borracha entre os fios, funciona como um amortecedor de impactos. “A nova configuração aumenta a elasticidade e a resistência, já que o novo conjunto suporta melhor as deformações ou alongamentos. Com a nova geometria, os fios de aço ficam mais resistentes às oxidações, o que garante maior vida útil para a carcaça, amplia as oportunidades de reconstrução e reduz o custo por quilômetro rodado”, detalha Bettiol.

“Componentes empregados e métodos de construção mais adequados às condições de rodagem contribuem para a maior durabilidade do pneu, porém, um fator importante para a longevidade é a utilização de baixo perfil, como os sem câmara, em geral”, acrescenta Ricardo Drygalla, gerente de marketing da Bridgestone Bandag no Brasil. Ele destaca a constante evolução da indústria pneumática, com pesquisas e implementos contínuos de novos compostos e combinações, além de processos otimizados de produção para proporcionarem melhores resultados para os usuários.

Drygalla cita os três mais recentes produtos da empresa a serem fabricados no Brasil e disponibilizados em todo o território nacional, o M814, M840S e L320. Ele explica que o M814 é um produto de última geração desenvolvido com tecnologias para permitir a redução do ruído e proporcionar maior conforto, além de desgaste uniforme da banda de rodagem. “É um pneu Bridgestone na medida 215/75R17.5, com banda de rodagem mais larga, sulcos mais profundos, desenho diferenciado e ejetores especiais nos sulcos centrais”, complementa Drygalla.

Já o M840S, disponibilizado nas medidas 1000R20, 1100R22 e 295/80R22.5, é também maior na largura na banda de rodagem, ângulo e formato de sulcos otimizados que proporcionam, respectivamente, maior quilometragem e menor retenção de pedras. Conforme explica Drygalla, a arquitetura de construção do pacote de cintas metálicas utiliza-se de uma tecnologia denominada “Envelopment Power”, a qual, com maior flexibilidade, contribui para melhor absorção e distribuição de impactos sofridos pela banda de rodagem, aumentando sua resistência e recapabilidade.

O Bridgestone L320 apresenta uma tecnologia denominada “Constant Performance Technology”, a qual tem por objetivo manter a performance praticamente inalterada até o fim da vida em sua tração. Produzido nas medidas 1100R22 e 295/80R22.5, tem talão, para reduzir deformação e espessura lateral com maior resistência a “roçamentos”. “Os sulcos profundos e “Tie-bars” otimizados garantem excelente desempenho até o fim da banda de rodagem”, comenta o gerente de marketing, destacando também o desenho da banda de rodagem com maior número de blocos para gerar melhor tração.

Estrutura molecular mais densa da parte interna do pneu é parte da tecnologia “Air Keep” da Continental Brazil – Divisão de Pneus, para manter a pressão interna no nível calibrado por um tempo até 50% maior em relação às tecnologias convencionais do mercado, informa Renato Martins, gerente de marketing da companhia. Ainda de acordo com ele, como consequência a carcaça sofre menos deformações, prolongando a vida útil e índice de reformas. “Essa redução de deformação da carcaça mantém a resistência ao rolamento em nível ideal e resultados que vão da economia de combustível à menor emissão de CO2 na atmosfera”. Um dos produtos da marca com esta tecnologia é HSL2 , o qual, diz Renato Martins, proporciona significativa economia de combustível se montado na dianteira do veículo e em eixos livres de carretas.

Outra tecnologia aplicada pela Continental em seus pneus é VAI (Indicador Visual de Alinhamento), um sistema que monitora e alerta o condutor para eventuais irregularidades no veículo. Indicadores com sinais de ” ” e “-” se encontram nas ranhuras da banda de rodagem. Com o uso, essas sinalizações vão “desaparecendo” e alertam para situações como quando o sulco atinge 6,5mm, indicando que o pneu passou da metade da vida útil. (Quando atingir 3,0mm, deve ser enviado para recapagem, conforme indicação da empresa).

Na próxima edição, a tecnologia dos sistemas de controle de pneus.