Quais são as principais dificuldades de ser caminhoneiro? Entre os principais desafios que tornam dura e pesada a jornada desses profissionais se destacam o baixo valor do frete, falta de infraestrutura e de segurança, prazos apertados, estradas perigosas, pedágios, tempo de espera para carga e descarga. Além disso, essas situações que cerca o cotidiano dos profissionais do volante transformaram a profissão numa das mais estressantes e causadoras de doenças físicas e emocionais.
Entretanto, a falta de valorização tem sido considerada como o principal fator de desânimo com a profissão e de interesse em querer ser caminhoneiro.
Confira agora algumas das principais dificuldades de ser caminhoneiro
VALORIZAÇÃO DA PROFISSÃO
É sabido que o ambiente de trabalho e suas circunstâncias influenciam de modo positivo ou negativo na saúde de uma pessoa, sendo que cada uma tem seu próprio nível de sensibilidade e tolerância. No entanto, as questões emocionais têm passado despercebidas por boa parte dos motoristas de caminhão e geralmente são notados através do comportamento. E quando os problemas psicológicos começam a causar danos físicos é o sinal que chegou a hora de procurar ajuda médica, porque a situação já se agravou.
Aqui no Brasil, a luta dos motoristas de caminhão por melhores condições de trabalho e reconhecimento da atividade persiste há décadas. Vários debates já foram feitos na Comissão de Direitos Humanos (CDH) em prol dos caminhoneiros, mas a realidade do setor de transporte continua desfavorável à categoria. E na rotina dos profissionais do setor, a carga horária tem sido objeto de maior questionamento e também uma das principais causadoras de doenças psicológicas.
PRAZO DE ENTREGA
Vários fatores levam os motoristas a excederem a jornada de trabalho normal. Os mais conhecidos são a urgência para entregar a carga e não ultrapassar o tempo de entrega garantido pela transportadora ao cliente, ou mesmo para não perder a carga que muitas vezes já está à espera do caminhão, que ainda nem chegou.
Diante dessas situações, os motoristas precisam dirigir por muito mais de oito horas diárias, diversas vezes, conduzindo ininterruptamente por 10 ou até 12 horas. A consequência dessa rotina é a má alimentação, uso de drogas, aumento do estresse e ansiedade, além dos prejuízos físicos e dos transtornos psicológicos graves, como depressão, bipolaridade, insegurança e agressividade, entre outros sintomas.
ANSIEDADE E ESTRESS
De acordo com especialistas, ansiedade e estresse são as doenças que mais afetam os motoristas e trazem graves problemas à saúde mental e ao bem-estar. falta de concentração, o nervosismo e a agitação são as principais consequências desses males decorrentes de excesso de trabalho e pressão psicológica.
Outro risco à saúde provocado por essas doenças é o aumento de consumo de álcool ou de medicamentos. Pesquisa realizada pela Universidade Federal de Sergipe, a UFS, concluiu que quase 50% dos motoristas entrevistados fazem o uso de algum tipo de medicamento, os os chamados rebites, para se manterem acordados e conseguir dirigir por maior período de tempo.
Outra questão apontada pelo estudo é o uso dessas substâncias mais de cinco vezes por semana. Entre os entrevistados, essa frequência de consumo foi confirmada por 20% dos entrevistados. A ingestão de medicamentos para permanecer acordado é a pior opção que o motorista pode escolher. O ideal é que ele nunca exceda sua carga horária.
Os especialistas dizem que o estresse tende a ser ainda maior para os motoristas que trabalham no trânsito urbano devido ao tráfego intenso das cidades. É diferente do profissional estradeiro que enfrenta outra circunstância que pode leva-lo a sofrer com doenças psicológicas: a falta do convívio familiar. Estes chegam a permanecer até mais de 20 dias longe de casa e dos familiares e situações como essas geram um nível de ansiedade muito grande, agitação e aceleração dos pensamentos. Isso aumenta significativamente o nível de estresse de um profissional e diminui sua concentração e desempenho, dizem os especialistas.
ISOLAMENTO SOCIAL
Outra pesquisa, essa realizada pela Universidade Brigham Young, nos Estados Unidos, revelou que as pessoas praticantes de boa convivência social entre amigos e familiares chegam a viver até 50% a mais do que aquelas que vivem isoladamente. Esse isolamento pode reduzir a vida de uma pessoa mais do que o sedentarismo ou a obesidade.
Mesmo a pessoa que seja obrigada pelo trabalho a estar ausente do convívio familiar, é importante que frequente ou adote práticas simples de aproximação de outras pessoas, como ligar sempre que possível para seus familiares, tirar férias, dedicar-se ao lazer.