Comer chocolate, tomar medicamentos e até vinagre são mitos que não aceleram o metabolismo para mascarar a ingestão de bebida alcoólica e não ser pego no teste do bafômetro, afirmam especialistas
Perda de reflexo e do poder de reação diante das condições adversas às quais são submetidos os motoristas durante a condução do veículo são alguns dos perigos de dirigir sob efeito do álcool. Outras situações consideráveis são a agressividade no comportamento, visão distorcida, excesso de autoconfiança e, se o deslocamento for realizado dentro de um percurso muito longo, o sono.
Apesar da punição por parte das autoridades ser severa, o índice de motoristas flagrados alcoolizados ainda é alto. Talvez por contarem com a sorte de não serem flagrados ou então sob a crença que algumas medidas podem ajudar a burlar o etilômetro (bafômetro). Segundo o Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran.SP) a maioria dessas medidas não passa de mitos. Confira abaixo algumas delas.
Tomar vinagre, usar antisséptico bucal ou comer chocolate não livra motorista do resultado positivo. O uso de Metadoxil (piridoxina ou vitamina B6), medicamento mais utilizado no tratamento de alcoolismo e alterações hepáticas e que acelera a metabolização do álcool do fígado, também não resolve. “Mas ele não interfere na concentração do álcool que está no sangue ou que é exalado e medido no bafômetro”, diz a hepatologista Marta Deguti, do Centro de Gastroenterologia do Hospital 9 de Julho.
De acordo com especialistas, nenhum destes produtos interfere no resultado. O aparelho é capaz de detectar a presença de álcool no organismo mesmo se a medição for realizada imediatamente após o motorista ter consumido alimentos como bombom com licor ou usado antisséptico bucal que contenha álcool na formulação.
Caso o condutor não tenha ingerido bebida alcoólica, mas algum produto que tenha álcool em sua formulação, a orientação é informar a autoridade.
“O bafômetro mede o álcool ingerido que passou para a circulação sanguínea e, posteriormente, é exalado dos pulmões para o ar. Vinagre não consegue interferir no etanol exalado do ar provindo dos pulmões do motorista”, explica a médica. Na realidade, se o vinagre contiver álcool, isso pode até agravar o resultado positivo do teste.
RECUSA DE FAZER O EXAME É INFRAÇÃO
Nas operações do Programa Direção Segura coordenadas pelo Detran.SP que integram equipes das polícias Militar, Civil e Técnico-Científica– é comum os motoristas se negarem a fazer o teste do bafômetro na tentativa de escapar de possíveis sanções. Porém, não se submeter ao exame também é uma infração.
Assim como quem tem a embriaguez atestada no exame, a recusa a soprar o bafômetro pode acarretar em multa de R$ 2.934,70. Além disso, o motorista é notificado a responder processo de suspensão do direito de dirigir pelo período de um ano.
Mesmo que o motorista se recuse a soprar o bafômetro, se ocorrer de o perito da Polícia Técnico-Científica identificar durante o exame clínico que o cidadão não está em condições ideais para dirigir (ao ter atitudes como cambalear e falar coisas sem sentido), ele pode responder também por crime de trânsito. Nesse caso, a pena varia de seis meses a três anos de prisão.
Em todos os casos, conforme determina a legislação federal, os condutores autuados pela Lei Seca têm direito à defesa em três instâncias antes da conclusão do processo de suspensão da Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Quem for reincidente nesse tipo de infração em um período de 12 meses é multado em R$ 5.869,40 e responde a processo de cassação do direito de dirigir por dois anos.