Realizado pelo oitavo ano consecutivo, o Rodeio de Caminhões promovido pela Raízen reuniu na edição 2018/2019 motoristas que se destacaram em suas rotinas de trabalho, especialmente em questões relacionadas à condução segura do caminhão

Por: João Geraldo

Ser reconhecido em sua área de atuação é um desejo comum à maioria das pessoas que gostam do que fazem. Essa vontade de ser um exemplo na profissão é comum também entre motoristas de caminhão, embora nem todos consigam o merecido destaque, sobretudo o autônomo, profissional que habitualmente enfrenta em sua rotina de trabalho uma série de barreiras para se manter ativo na atividade.

JC 0053

No entanto, ser um condutor “nota 10” chega a ser quase uma obrigação de quem dirige caminhões de transportadoras, principalmente aquelas que seguem o manual de empresas que buscam zerar acidentes de sua frota, e que por conta dessa meta investem em segurança, treinamento e em ações de preservação do meio ambiente.

JC 0086

É o caso dos mais de 3.500 motoristas que dirigem as carretas de 41 transportadoras que fazem a distribuição de combustível da Raízen, empresa licenciada da marca Shell no Brasil. Esses profissionais do volante seguem à risca uma série de regras voltadas principalmente à segurança, pois as transportadoras que os empregam também são avaliadas diariamente por telemetria e outras tecnologias.

JC 0058

De acordo com o gerente de operações de transporte da Raízen, Eduardo Lucena, esses motoristas são profissionais altamente qualificados e com destacada performance em segurança. São eficientes em quase tudo, dificilmente cometem falhas relacionadas a atitudes não aprovadas pelas empresas que os emprega. “A maior dificuldade para ser totalmente eficiente é não ter freada brusca, manter a velocidade recomendada na pista seca e na chuva e cumprir a jornada de descanso diário e semanal entre outros itens”, complementou.

ALE 1015

Para educar e valorizar os motoristas que se destacam em performance e segurança, a Raízen realiza anualmente o Rodeio de Caminhões. Na competição os carreteiros são desafiados a demonstrar suas habilidades ao volante de carretas tanque em testes de precisão de manobras. São quatro etapas regionais e participam da competição motoristas das transportadoras que tenham atingido todos os indicadores e performance de segurança exigidos pela Raízen no período safra, tais como zero acidente com pessoas e zero derrame de carga líquida.

Finalistas 50DSC 2550
De um total acima de 3.000 carreteiros, somente 50 se sobressairam para estar na grande final que definiu o campeão

Por consequência, o motorista também precisa apresentar um histórico de zero violação, não ter picos de velocidade e ter cumprido as rigorosas regras de jornada de trabalho, além de realizar provas teóricas sobre atividades do dia a dia. O período em questão, chamado pela empresa de “ano safra”, foi de 01 de abril de 2018 a 31 de março deste ano em que a Raízen concluiu a 8ª edição do evento para profissionais do volante.

ALE 1086
As quatro etapas eliminatórias foram feitas com caminhão, mas na disputa final o desafio foi realizado em simulador

Com anuência da Raízen, os transportadores qualificam entre os milhares de motoristas inscritos os 200 que vão participar das quatro etapas regionais classificatórias do Rodeio de Caminhões. Entre os itens eliminatórios constam ter ultrapassado a velocidade de 80km/hora em pista seca e 60 km/hora em pista molhada durante o “ano safra”.

JG Motorista Lotário 01

Também não pôde ter infringido os limites de 60 e 40km/hora nas alças de acesso, entre outros itens. “Vale destacar que todos os caminhões tanques que prestam serviço para a Raízen são monitorados por telemetria, dispositivo que acompanha a performance do motorista, medindo se o condutor está na velocidade adequada, as motivações que o levaram a realizar uma freada brusca, jornada de trabalho e descanso, por exemplo, explicou Eduardo Lucena.

As quatro etapas regionais que definiram os 50 finalistas aconteceram a partir de outubro do ano passado em Maringá/PR, Paulínia/SP, Anápolis/GO e Brotas/SP. Para fazer parte do seleto grupo, o motorista teve de colocar em prática suas habilidades ao volante e se sobressair em provas que reúnem curvas com cone, estacionamento em marcha à ré e em paralelo ao meio-fio em 90 graus, condução em linha reta com pinos e linha de parada.

João Leandro da SilvaALE 0977
Classificados entre os 50 finalistas, Lotário Kaspary e João Leandro se sentiram vencedores por estarem com a família em resort na praia com tudo pago

A grande final, por sua vez, esse ano aconteceu em um Resort localizado em Porto de Galinhas/PE, onde os finalistas tiveram o desafio de mostrar suas habilidades e perspicácia num simulador. Durante dois dias, um a um dos 50 motoristas finalistas enfrentaram prova de 10 minutos num trajeto com simulação de situações perigosas que na vida real poderiam reduzir a segurança e provocar acidentes.

O motorista começava o percurso com 500 pontos que poderiam ser perdidos conforme a falha cometida. Não dar sinal de seta, por exemplo, custava a perda 50 pontos; se não completasse o trajeto perdia metade dos pontos, numa operação que a máquina foi ranqueando os participantes, sendo que os cinco melhores classificados do grupo se enfrentaram numa nova rodada no simulador para definir o campeão.

Com capacidade para ser carregado com dados técnicos e todos os parâmetros de caminhões das marcas Mercedes-Benz, MAN, Scania e Volvo, o simulador utilizado na final estava programado com a configuração de um conjunto cavalo- carreta tanque de três eixos com capacidade para 33 mil litros de combustível. Durante o percurso, o software ia mudando as situações encontradas no trajeto, como chuva forte, animais na pista, trânsito, velocidade, buracos na pista, alças de acesso e até pedágio.

Rodeio de caminhões

“No simulador a paisagem vem contra você, ao contrário da realidade da estrada. Isso mexe com o labirinto, afeta o desempenho. Num trecho real, todos os motoristas que estão aqui nessa final tirariam nota 10”, disse o carreteiro gaúcho Lotário Kaspary Ronn, 56 anos de idade, 25 deles na Cairu Transportes. Antes mesmo de conhecer sua classificação, Lotário, que havia participado do Rodeio em 2014, já se considerava um vencedor e comemorava só pelo fato de estar entre os 50 finalistas.

Além disso, sua felicidade maior era estar no evento reunido com a sua esposa e filhos: a filha que mora em Vitória/ES, e dois filhos que vivem em Jundiaí/SP e o outro no Estado de Rondônia, sendo que os irmãos não se viam havia 16 anos. “Esta é minha maior felicidade, pois aqui no evento estamos todos juntos. Eu jamais teria condições financeiras de reunir minha família num hotel como esse”, ressaltou.

O paranaense de Curitiba, João Leandro da Silva, 31 anos de idade, disse após terminar sua prova no simulador, que seria muito mais fácil se fosse num caminhão, porque a dinâmica no aparelho é bem diferente da realidade. Motorista da transportadora Nichele há três anos, ele atua na distribuição de combustíveis na região de Curitiba/PR com um Volvo FH 460 6×2, ano 2013 atrelado a uma carreta tanque de três eixos.

Silva lembrou que participou do Rodeio em 2017 e perdeu pontos devido à sua inexperiência, mas desta vez havia feito tudo certo, pois estava atento às “pegadinhas” do simulador, como uma sobre a velocidade em uma alça de acesso. Destacou que o Rodeio é uma escola, um incentivo para o motorista participar e levar sua família. “Está sendo um final de semana muito legal junto com minha família”, frisando que não tem condições financeiras de pagar um final de semana como esse junto a família.

Após todos os motoristas terem passado pelo simulador, os cinco finalistas foram Danilo Fernando de Souza, 29 anos de idade e 10 de profissão (Transportadora Nichelle, de Londrina/PR), Carlos Eduardo Coutinho de Souza, 29 anos de idade e seis na profissão (Transportadora Veronese, de Goiânia/GO), Eduardo Schwarzer, 44 anos de idade e 17 na profissão (Transportadora Nichelle, de Passo Fundo/RS), Romão Batista de Melo Junior, 46 anos de idade e nove na profissão (Transportadora Transmasut, de Anápolis/GO) e em quinto lugar Marcelo Batista,35 anos de idade e 11 de estrada (transportadora Veronese, de Ribeirão Preto/SP).

Antes mesmo do teste final no simulador que iria definir o campeão, os cinco motoristas classificados afirmaram que sendo ou não o grande vencedor do Rodeio a responsabilidade deles com a profissão já estava muito maior. Danilo Fernando, que já tinha participado de outras edições do Rodeio e se sagrou o grande vencedor, ganhou um automóvel zero quilômetro. “A competição está ficando mais difícil a cada ano, mas vale a pena, porque se trata de um evento que valoriza a profissão e o motorista”, declarou o campeão. O segundo classificado recebeu uma motocicleta; o terceiro uma TV e quarto e quinto um tablet.

Já Carlos Eduardo Coutinho, o segundo colocado, está habituado a jogar videogame nas horas vagas, achou a experiência muito positiva, “um aprendizado”, conforme definiu. Esta foi a sua primeira participação no evento. O gaúcho Eduardo Schwarzer, terceiro na classificação final, reforçou a importância do Rodeio de Caminhões e disse que recebe treinamento teórico e prático na transportadora onde trabalha. Romão Batista, por sua vez, comentou que se sentia confiante sobre estar ao menos entre os 50 classificados para a final, enquanto Marcelo Batista concluiu dizendo que a empresa onde trabalha quer que os motoristas digam “sim” para a vida, o que muito lhe agrada.