Por Daniela Giopato

A previsão de que em 2005 o mercado de caminhões continuaria aquecido, porém em proporções menores do que o ano anterior, se confirmaram com os números divulgados pela Anfavea. A produção aumentou em 8,5% e totalizou 116.104 veículos fabricados, mas ficou abaixo do resultado obtido em 2004, quando a indústria cresceu 35,6%, com 107.038 unidades contra 78.938 montadas em 2003. O mesmo quadro não se repete com o volume de vendas internas, que atingiu 80.384 unidades, 6,2% abaixo do resultado alcançado em 2004, quando foram comercializadas 85.729, um aumento de 25.9% em relação a 2003.

Já as exportações somaram 37.030 unidades, 46% maior que as 25.369 em 2004 – que naquele ano apresentou o melhor desempenho do setor com o envio de 98.3% mais que os 12.791 veículos exportados em 2003.

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O mercado em geral manteve um nível bom, e para 2006 acredito que esse desempenho deva permanecer. Apesar de termos resultado positivo na exportação, a taxa do dólar acabou nos prejudicando um pouco, pois fez com que perdêssemos a competitividade com o mercado externo”, afirma Bernardo Fedalto Jr, gerente de vendas de caminhões extrapesados da Volvo, segmento em que a montadora obteve um pequeno crescimento em 2005. Em relação as vendas internas, Fedalto acredita que a queda no segmento de pesados só está sendo considerada por causa do resultado de 2004, que chegou a 25 mil contra os 20 mil deste ano. “Se analisarmos os dados históricos percebemos que não existiu uma queda, pois a média é de 17 mil unidades comercializadas”, analisa.

O resultado do ano passado para a Volvo foi menor do que as expectativas, mas manteve um bom nível, de acordo com Fedalto. “Todos os setores foram atingidos por uma série de imprevistos. A frustração foi geral, pois todos gostariam de que o mercado tivesse fechado nos moldes de janeiro de 2005, mas por conta da safra, taxa cambial e da seca que atingiu o Sul e o Paraná, não conseguimos alcançar todas as metas.” Para este ano, as expectativas são de poucas mudanças, na opinião de Fedalto, pois os empresários perderam muito e vão preferir investir mais em plantação do que em troca de maquinário.

Na opinião de Alberto Mayer, diretor de relações da Iveco, o mercado brasileiro de veículos comerciais fechou o ano abaixo das expectativas, especialmente em função do desaquecimento verificado nos últimos meses, e, infelizmente, foi inferior ao de 2004 . Em relação às exportações, apesar da empresa ter no momento condições de mercado favoráveis em vários países da América do Sul, a taxa de câmbio atual no Brasil se tornou um fator inibidor no sentido de incrementar as operações.

Cumprimos os objetivos propostos, porém de forma diferenciada em relação ao previsto. Se no Brasil o mercado ressentiu-se de variações regionais determinadas pela retração do transporte da soja, e a seca no Sul de compensações graças às lavouras de cana de açúcar, laranja e café na região Sudeste, em alguns países da América do Sul onde atuamos tivemos um excelente crescimento em 2005”, afirma.

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O melhor resultado da Iveco, segundo Mayer, foi contabilizado no segmento de semipesados. “Planejamos aumentar nossa presença neste segmento com novos produtos. Desde já estamos reforçando nossa posição com a ampliação da gama EuroCargo com a versão 6X2. Para 2006 esperamos um mercado levemente melhor, com condições econômicas que favoreçam o crescimento do agribusiness e o aumento do nível de investimentos por parte destas empresas, além de uma perspectiva favorável de compra de veículos tradicionais em anos eleitorais. A meta da Iveco é manter um crescimento acima da média do mercado, através da ampliação da sua linha de produtos e de sua rede de vendas e serviços”, conclui.

O mercado brasileiro de caminhões pesados teve uma retração de 18% até o mês de novembro e neste panorama a Scania perdeu 16% e ainda chegou a 24,9% de participação no acumulado do período, conforme afirma Christopher Podgorski, diretor geral da Scania Brasil, unidade de vendas e serviços. “Registramos crescimento de volumes nas vendas de caminhões em vários países da América Latina. Na Argentina, por exemplo, foram 50%; no Chile, mais de 70% e no Peru, acima de 200%”, explica Podgorski.

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Em relação às exportações, o executivo afirma que a montadora permaneceu na liderança no segmento de pesados. “Mais de 40% de todos os modelos da categoria exportados foram produzidos pela Scania, totalizando praticamente 5.500 unidades até outubro, frente às quase 13 mil exportadas no total”, afirma. Entre os meses de janeiro e setembro de 2005, a empresa se igualou ao volume total do ano passado e atingiu a marca de 15 mil unidades produzidas. “O resultado indica um novo recorde de produção para a empresa”, comemora.

A Mercedes-Benz, por sua vez, atingiu em 2005 um volume de produção da ordem de 53.000 unidades, sendo 33.000 caminhões e 20.000 ônibus destinados ao mercado interno e externo. De acordo com a empresa, este volume é 8,6% superior às 48.782 unidades produzidas pela empresa em 2004. Trata-se do maior volume registrado pela montadora nos últimos 25 anos. Desta forma, o faturamento da empresa em 2005 superou os R$ 9,6 bilhões, sendo que deste total 40% correspondem às exportações. Este resultado total representa um aumento sobre o faturamento de R$ 8 bilhões atingidos em 2004.

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O bom desempenho da empresa se deve aos lançamentos ocorridos em 2005. “Nos últimos dois anos foram apresentadas três novas famílias de caminhões. Em 2003, os modelos leves Accelo, cujo projeto foi totalmente desenvolvido no Brasil. No ano seguinte, foram os médios e semipesados Atego e, em junho deste ano, a nova família de extrapesados Axor com 15 novos modelos. “Com essa nova linha de produtos e um programa contínuo de investimentos, estamos nos preparando para o futuro”, diz Gero Herrmann, presidente da DaimlerChrysler do Brasil. Em 2005, a companhia investiu R$ 270 milhões.

A montadora destaca também o caminhão leve 710 e o semipesado L 1620, dos quais, foram comercializadas 4.735 e 6.414 unidades, respectivamente, entre janeiro e novembro de 2005. Estes dois modelos passarão a ser produzidos com motores que atendam aos limites de emissões da legislação Proconve P 5 (Euro III). No segmento de semileves, na faixa de 3,5 a 4,6 toneladas de PBT, onde atua com o modelo Sprinter, a Mercedes-Benz atingiu um volume de 4.120 unidades comercializadas em 2005, superando o total de 3.632 unidades vendidas em 2004.

Em 2005, a empresa alcançou a marca de mais de 1,5 milhão de veículos comerciais produzidos e obteve no mercado brasileiro de caminhões uma participação de 31,3% com 22.847 unidades comercializadas. Já a exportação de caminhões e ônibus atingiu um total de 21.122 unidades, 24,2% a mais que em 2004, quando a montadora exportou 17.000 veículos. Para 2006 a empresa se prepara para celebrar 50 anos no País.

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A Ford encerrou 2005 com a produção de 25.948 veículos e crescimento de 82%, em relação aos resultados obtidos nos últimos dois anos. Em vendas, a empresa atingiu a marca de 26.592 unidades vendidas entre os meses de janeiro a novembro de 2005, contra as 23.351 em 2004, um crescimento de 14%. Em relação a exportação até o mês de junho a indústria teve crescimento, depois, devido à crise política, queda do dólar, aumento do diesel, preços de insumos, febre aftosa, etc, começaram as quedas. Para os mercados da América do Sul, América Central, Austrália e Nova Zelândia 25% da produção é destinada à exportação.

A montadora ampliou a sua linha de veículos com os eletrônicos fase l – 815e, 1317e, 1517e, 1717e – e os eletrônicos fase ll, lançados na Fenatran 2005- motores Cummins Interact 4, Intereac 6 e ISC. Além disso, foram apresentados ao mercado os novos F-350 e F-4000 com motor Cummins EuroMec III. Os modelos que foram destaque em vendas em 2005, segundo avaliação da montadora, são os 6×4.

De acordo com Roberto Cortes, CEO da Volkswagen Caminhões e Ônibus, o faturamento bruto da empresa em 2005 marcou um novo recorde. “Chegamos a R$ 3,7 bilhões em 2005, número 20% maior que o de 2004. O esforço conjunto da Volkswagen, das empresas parceiras do Consórcio Modular, dos concessionários autorizados e de nossos representantes fora do Brasil valeu a pena”, afirma. Ainda segundo Cortês, as exportações atingiram a marca de 8.900 unidades incluindo ônibus e representaram crescimento de 55% em relação ao ano anterior. A Argentina foi o destaque, com 3.300 unidades, seguida do Chile, com 1.500, e o México, com 1.000 unidades montadas na fábrica de Puebla.

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Em relação às vendas no atacado e lincenciamentos de caminhões acima de sete toneladas, a Volkswagen informou que o bom desempenho garantiu a primeira colocação no segmento pelo terceiro ano consecutivo. Foram comercializados 24.304 caminhões e licenciados 23.238. A produção em Resende/RJ atingiu 38.300 veículos, um crescimento de 11% em relação ao ano de 2004. “Mais uma vez, a Volkswagen Caminhões e Ônibus bateu recordes históricos de produção, de vendas domésticas e de exportações. O ano de 2005 foi o melhor de sua história. Agora o desafio é buscar novos recordes este ano”, afirma Antonio Dadalti, diretor de vendas e marketing da empresa.

A montadora anuncia que em janeiro começa a fabricar e entregar as primeiras unidades dos caminhões Constellation, cuja família é composta pelos modelos VW 17.250, VW 24.250 e VW Titan Tractor 19.320. Outras novidades são a produção e venda dos leves Delivery e Volksbus em maior escala e a linha Worker chega com novos motores mecânicos e eletrônicos. “Agora oferecemos três famílias de caminhões, opções de leito e teto alto na cabine Constellation, diversas motorizações e um número ilimitado de opções sob medida para o consumidor. Estamos prontos para uma nova dimensão em nossos negócios”, conclui Roberto Cortes.

Para 2006, Dadalti explica que a montadora irá buscar resultados tão positivos quanto os dos três últimos anos. “Neste período lideramos as vendas brasileiras de caminhões acima de 7 toneladas de peso bruto total. Mas sabemos que a concorrência está atenta aos nossos movimentos”, conclui.

Apesar das expectativas da Agrale para o mercado brasileiro terem sido atingidas, a montadora registrou queda no Sul do Pais, onde as vendas de caminhões estão concentradas. “O mercado externo apresentou-se mais favorável que às expectativas iniciais, especialmente a Argentina. O bom desempenho e aumento das exportações compensou a queda no mercado interno”, diz Pedro Soares, gerente de vendas de veículos da montadora. “Esperamos, ainda, para 2006, a manutenção de um cenário de leve queda (em torno de 4%) nos segmentos de semileves e leves, devido a entrada da nova fase da legislação de emissões, inibindo o consumidor pelo aumento de preços dos veículos”, conclui.

PRODUÇÃO
2004 2005
Semileves 5.417 4.637
Leves 24.731 26.907
Médios 11.185 12.197
Semipesados 31.853 35.254
Pesados 33.852 37.109
total: 107.038 Total: 116.104
VENDAS ATACADO
2004 2005
Semileves 7.756 7.269
Leves 20.716 20.463
Médios 8.907 8.875
Semipesados 23.156 23.577
Pesados 25.194 20.200
Total: 85.729 Total: 80.384
EXPORTAÇÃO
2004 2005
Semileves 986 1.453
Leves 4.093 6.377
Médios 2.335 2.842
Semipesados 8.543 10.663
Pesados 9.412 15.695
Total: 25.369 Total: 37.030