O ano de 2020 começou como era esperado por todos os brasileiros, com sinais de recuperação da indústria, do comércio e perspectivas de aceleração mais rápida em relação ao ritmo registrado até então. No último trimestre de 2019, a economia havia apresentado crescimento de 0,6% em comparação ao trimestre anterior um avanço pequeno, porém significativo, pois na ocasião foi o maior obtido desde 2018. O registro da queda dos juros e o crescimento do crédito para pessoas físicas também contribuíram para alimentar o otimismo da população a cerca de uma provável melhora de vida, embora todos esses reflexos e expectativas não tivessem sido sentidos ainda pelos motoristas de caminhão, especialmente os autônomos.

A onda de otimismo ganhava mais sentido com os indicadores do encerramento de uma crise de cinco anos sobre as costas dos trabalhadores do País. Os 101.385 caminhões acima de 3,5 toneladas licenciados em 2019, contra 75.994 em 2018, traziam a quase certeza de crescimento da produção e das vendas de veículos comerciais em 2020. Projeções de montadoras davam conta do aumento de modelos pesados para suprir especialmente o agronegócio; e os modelos de pequeno e médio porte em razão do crescimento das compras pela Internet. “Existe luz no fim do túnel”, dizia o título de capa da primeira edição de 2020 da revista O Carreteiro.

Retorno das motnadas as atividades2
Abril foi o pior mês para a indústria de caminhões com o registro de apenas 400 unidades produzidas, contra 8,4 mil em março

O balde de água fria veio efetivamente em meados em março com as mudanças e impactos provocados pela pandemia da Covid-19 em toda a população. Surgido na China em dezembro de 2019, o mal que rapidamente se espalhava pelo planeta infectando e matando pessoas de todas idades e credos já fazia vítimas no País. Para atender protocolos de saúde e se proteger da doença, indústrias e empresas de todos os setores, instituições, repartições públicas etc, adotaram medidas sanitárias recomendadas por autoridades de saúde e mantiveram em ocupação somente profissionais extremamente necessários; aqueles de atividades consideradas prioritárias para não deixar o País parar.

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Mercedes-Benz, Scania, Volvo e Volkswagen Caminhões foram as primeiras a anunciar a interrupção total ou parcial de suas linhas de montagem por no mínimo 30 dias. O retorno ao trabalho dependia pendia da evolução da doença no País.

A indústria de caminhões e toda sua cadeia de fornecedores sentiram o impacto da pandemia com maior intensidade no mês de abril. Com as linhas de montagem praticamente paradas, a produção de 8,4 mil unidades em março caiu para 400. Houve recuo também no número de licenciamentos, de 6.435 unidades em março para 3.952 em abril. E a produção acumulada no ano (janeiro – abril) de 25,1 mil unidades ficou bem abaixo das 34,2 mil registradas no mesmo período de 2019. Diante dos números negativos, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) confirmou ter sido o pior resultado em 60 anos da indústria de veículos pesados no País.

Havia a expectativa de a pandemia não se prolongar por muito tempo e a recuperação da dústria de caminhões começasse retornasse a partir do segundo semestre. A previsão se confirmou em parte. A produção de caminhões em junho atingiu mais de 5.600 unidades seguida de quase 7.000 em julho. Numa crescente bateu 7.300 em agosto, 9.430 em setembro, 10.902 em outubro e 11.474 em novembro. No  período de janeiro a novembro foram produzidos 80.451, 25% menos que os 107.502 registrados no mesmo período de 2019. Por outro lado, o número de emplacamento em novembro foi superior ao mesmo mês do ano anterior (9.143 contra 9.064).

Para Luiz Carlos Moraes, presidente da associação nacional que reúne os fabricantes de veículos automotores (Anfavea), os números da produção e licenciamento de alcançados em novembro foram alentadores. “Eu diria que estamos melhores, mesmo assim vamos encerrar o ano de 2020 com redução em torno de 14 a 15% em relação a 2019”, complementou. Pela previsão da entidade no início de dezembro, a indústria de caminhões deveria fechar 2020 com produção e licenciamento em torno de 87 mil unidades, ficando a expectativa de crescimento para 2021, se a pandemia sair de cena.