Por João Geraldo

Descobrir e desenvolver novas fontes e formas de energia para mover a frota nos próximos anos tem sido um dos grandes desafios dos fabricantes de veículos automotores e a sociedade em geral. Estudos, pesquisas e experiências apontam opções e algumas delas foram apresentadas durante seminário de meio ambiente organizado pela Volvo, no Interior de São Paulo, no início de novembro. Na ocasião, foi lembrado pelos palestrantes que além das emissões é preciso resolver também a questão da reciclagem de materiais resultantes do processo de produção que ajudam a poluir o meio ambiente. A iniciativa reuniu especialistas brasileiros e da Volvo da Suécia.

Henrik Kloo, cientista que trabalha na área de desenvolvimento de produtos voltados para o meio ambiente na Volvo da Suécia, e PHD em engenharia química, diz que existem novos combustíveis com potencial, mas o diesel ainda vai dominar por muito tempo. Ele acrescenta que os veículos híbridos – que operam com motor mecânico e elétrico e o qual a Volvo e outras fabricantes de caminhões e ônibus também testam – representam apenas uma forma de reduzir a lacuna entre o que existe atualmente e o que seria a solução ideal.

“A necessidade de encontrar novas fontes de energia não se restringe apenas à questão da poluição do meio ambiente, mas também ao fato de que o petróleo vai acabar um dia”, adverte. Na sua opinião, o gás natural e o biogás serão combustíveis importantes para mover frotas locais, ou de rotas entre 400 e 500 quilômetros no futuro. A companhia tem um caminhão em demonstração com clientes e deverá disponibilizar mais duas unidades em 2007. Tratase de um projeto denominado DME que está sendo desenvolvido em parceria com o fabricante do gás. A meta é chegar a 40 unidades dentro de três anos.

Para José Roberto Arruda, da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo, se nada for feito, a previsão é de que em 2050 o impacto dos veículos sobre o meio ambiente será 4,4 vezes maior que hoje, mas não podemos jogar toda a responsabilidade sobre o setor de transporte. “Afinal, ele está se comportando bem”, diz, mas admite pode atuar em dois itens para melhorar: na eficiência, reduzindo o peso dos veículos com o uso de materiais mais leves, e melhorar o sistema de propulsão, com motores mais avançados, sistemas de transmissão mais eficientes, híbridos e etc.

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Na opção de veículo híbrido, denominado pela Volvo de I-SAM, há redução no consumo de diesel e nas emissões de dióxido de carbono. Inge Horkeby, profissional ligado a questões do meio ambiente dentro grupo Volvo, diz que os clientes já estão pedindo caminhão e o ônibus híbrido e a empresa terá de trabalhar para disponibilizá-los.

De acordo com Kloo, os problemas seriam resolvidos através do uso de painéis solares para captar energia, o que ainda não é possível. “Apenas 1% bastaria”, diz. Na sua opinião, existem opções dos combustíveis biológicos, mas estes exigem demanda de espaço para plantio e produção. Além disso, o etanol, por exemplo, tem impacto alto em emissões e provoca o efeito estufa.

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A mesma advertência cabe ao biodiesel, além disso seria preciso ocupar uma área muito grande de plantação para que ele possa substituir o petróleo um dia, porque, na visão do cientista, não devemos transformar o planeta em uma grande fazenda, porque os combustíveis biológicos exigem demanda de espaço para plantios e produção. “Nos últimos mil anos, a temperatura estava estável até 100 anos atrás. No futuro vai haver mais enchentes e as cidades deverão ser planejadas para enfrentar estes problemas”, finalizou o cientista.