Por Daniela Giopato

O tráfico de animais é o terceiro maior comércio ilegal do mundo. Perde apenas para o mercado de drogas e armas. Esta atividade movimenta uma receita anual de 10 bilhões de dólares e desse total o Brasil é responsável por US$ 1 bilhão, que gera a retirada de milhares de animais silvestres do seu habitat natural.

Aves exóticas, macaco–aranha, mico-de-cheiro, saguis, jibóia, serpentes e sapos amazônicos – comercializados principalmente no eixo Rio – São Paulo, onde passam 145 mil veículos diariamente, sendo 45% veículos comerciais – formam a maior parte dos animais que alimentam este comércio ilegal, cujos compradores finais são,na mairoria das vezes de outros países.

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Durante o ano passado foram apreendidos 23 mil animais, sendo que 18 mil eram pássaros. Em oito apreensões realizadas pelo Ibama no Estado do Pará, este ano, foram contabilizados 736 animais silvestres, entre répteis, aves e mamíferos. No início de junho, os agentes do Ibama apreenderam 112 animais que estavam em cativeiro dentro de uma fábrica de sabão, em Santa Izabel do Pará/PA. O infrator foi multado em sessenta e um mil reais por mantê-los em cativeiro sem autorização do órgão, conforme a lei 9.605/98, lei dos crimes ambientais.

Dados de especialistas apontam que 60% do contrabando ocorre nas rodovias do País e apenas um em cada 10 animais traficados consegue chegar vivo ao destino final. As principais rodovias por onde passam são a Dutra, Anhanguera, Castelo Branco e a BR-116, além de outras rotas que passam pelo Rio de Janeiro e Mato Grosso.

De acordo com a Polícia Ambiental do Estado de São Paulo, em 2003 cerca de 45 veículos foram flagrados transportando animais ilegalmente “O motorista que é flagrado, independente se é ou não o dono do animal, é autuado pela Polícia como o responsável pelo animal e é indiciado no inciso terceiro, parágrafo primeiro do artigo 29 da lei 9605/98, podendo ficar detido pelo período de seis meses a um ano. Caso o animal apreendido esteja ameaçado de extinção, a pena poderá ser dobrada”, explica o tenente Marcelo Robis.

Robis explica que, para estar dentro da lei, o transportador ou comprador de animal silvestre deverá estar portando nota fiscal com o número do registro de origem junto ao Ibama. Além disso, o número do animal deve ser o mesmo inscrito na nota fiscal. A Policia Ambiental está disponibilizando o número de telefone 0800-13 20 60 para denúncias e esclarecimentos.

Conscientes de que os carreteiros são um dos principais responsáveis por esse comércio ilegal, algumas empresas desenvolvem programas com o objetivo de conscientizar os motoristas. A Volvo do Brasil, por exemplo, investe há quatro anos no projeto batizado de Caravana Ecológica. Através de apresentações teatrais e distribuição de folhetos informativos, ao longo das principais rodovias brasileiras, os carreteiros são orientados sobre a gravidade do tráfico de animais para o meio ambiente.

Durante as peças, os atores da Escola Municipal de Teatro de Londrina, enfatizam o desequilíbrio ecológico e a ação criminosa que pode resultar em prisão. Cerca de 20 mil motoristas já participaram desta atividade que acontece em postos de combustível, restaurantes e locais com grande concentração de público.

A Viaoeste, concessionária responsável pela Castello Branco (km 13 ao 79), rodovia Raposo Tavares (km 34 ao 115), rodovia Senador José Ermirio de Moraes (km 0 ao 15) e rodovia Dr Celso Charuri (km 0 ao 6), junto com a Polícia Militar Ambiental realizou, em comemoração ao dia do meio ambiente, a exposição “Ajude no combate ao tráfico de animais”. Durante o evento, que aconteceu na Casa do Usuário (posto de atendimento ao usuário) do km 24 da Rodovia Castello Branco, foram expostos em um cenário característico aos seus habitats, alguns animais fornecidos pela Polícia Ambiental.

Cerca de 3.000 usuários visitaram a exposição e receberam informações sobre a campanha. O objetivo desta ação é conscientizar, principalmente os motoristas, através da educação ambiental, a importância da preservação da fauna brasileira e a necessidade de se denunciar quando identificadas situações como esta, já que manter animais em cativeiro continua sendo um hábito cultural da população brasileira.