Por Katia Siqueira

O mercado de financiamento vem apresentando resultados positivos para as empresas do setor de veículos de carga. Taxas de juros menores, aquecimento nas vendas de caminhões, produtos que atendem a necessidade dos clientes e financiamento sob medida, são os principais motivos apontados por empresários do segmento para esse crescimento e também para uma previsão otimista para este ano.

O Banco DaimlerChrysler, banco oficial da Mercedes-Benz, conta com uma carteira que supera R$ 1,4 bilhão e 12.884 clientes, dos quais 3.550 são motoristas autônomos. “Nossa meta para 2004 é alcançar R$ 1 bilhão em novos negócios”, diz Xavier Accariès, diretor do banco.

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Para dar atendimento personalizado aos usuários, o banco adotou uma série de medidas. “Criamos, em São Paulo, o crédito rápido para dar resposta de crédito em oito horas no máximo. Iniciamos o projeto piloto, em Recife/PE, para atender o Norte/Nordeste e até o final do ano vamos estender o serviço para todo o Brasil”, acrescenta José Licciardi, gerente de marketing.

O produto mais utilizado no mês de abril ainda foi o Finame, com 50,7% dos financiamentos, seguido pelo CDC com 40,3% e o leasing com 9%. O CDC apresentou crescimento de 314,2%, ou seja, R$ 56 milhões. Em unidades foram 817 veículos contra 294 do mesmo mês em 2003”, explica. Em 2003, o banco obteve ótimos resultados, com volume de negócios de R$ 807 milhões, o que representou um crescimento de 45% sobre os R$ 555 milhões de 2002. “Para este ano, acreditamos que vamos atingir R$ 1 bilhão em novos negócios”, estima.

Com uma carteira da ordem de R$ 1,5 bilhão, a Volvo Serviços Financeiros vem crescendo ano a ano. “Esse crescimento se deve ao aquecimento das vendas de caminhões”, conta Márcio Pedroso, diretor de operações da empresa. Segundo ele, a empresa é responsável pelo financiamento de 41% das vendas de veículos Volvo no Brasil. A participação dos financiamentos na marca cresceu quase 40% de 2001 a 2003. Somente no ano passado houve um crescimento de 20% nos negócios da Volvo Serviços Financeiros.

Dos produtos que oferece ao mercado, o de melhor desempenho é o Finame, com 40% a 45% da carteira, o CDC detém entre 35% a 40% e o leasing 20%. “O mercado está bem aquecido e tudo indica que haverá crescimento das modalidades nas vendas dos produtos Volvo também este ano”.

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Roberto Martins Ferreira, gerente de financiamentos da Scania Latin America diz que ultimamente o Bradesco tem participado ativamente dos financiamentos utilizados pelos clientes da marca. Em 2003 o banco financiou 4.106 unidades, ou seja, mais de 51% das vendas. “De janeiro a abril deste ano, 50% dos financiamentos foram para pessoa física”. Sem considerar o consórcio, que representa 30% das vendas de caminhões. A modalidade que mais sai é o CDC porque é menos burocrática e as parcelas são fixas. “O cliente não gosta de prestação variável e foge de compromisso que não mostra valores fixos até o final do contrato”, explica. No primeiro quadrimestre deste ano, a Scania faturou 1.700 caminhões pesados, 25% a mais do que o volume de igual período do ano passado. Deste total cerca de 1.050 a 1.100 foram financiados.

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Sérgio Silvestre Freitas, diretor de mercado e vendas da Ford Credit, garante que a empresa tem o produto adequado para atender as necessidades do autônomo, do pequeno, médio e grande frotista. De janeiro a abril deste ano, o Ford Credit financiou R$ 140 milhões, com um incremento de 140% sobre igual período do ano passado e manteve participação de 45% nas vendas da marca “Esse crescimento é conseqüência das condições de financiamentos. “Temos taxas subsidiadas em CDC de 0,99% para 12 meses; de 1,19%/mês para 18 meses; 1,29% para até 24 meses; 1,35% para 36 meses e 1,49% para até 48 parcelas”. Por conta disso, o CDC se tornou o responsável por 90% dos financiamentos da marca, 10% são Finame e 75% das operações estão entre 24 até 48 meses.

Segundo Freitas, a Ford Credit encerrou 2003 com uma carteira de R$ 350 milhões, representando 4.500 caminhões financiados. Este ano, ela espera financiar cerca de R$ 460 milhões. Do volume total financiado pela empresa, 40% são para motoristas autônomos.

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Alberto Mayer, diretor de relações externas da Iveco, conta que em 2003 a empresa vendeu 3.800 veículos (3.200 leves e 600 pesados) dos quais 20% através de financiamento. A produção de caminhões pesados em Sete Lagoas/MG, com mais de 60% de conteúdo nacional dá à empresa acesso ao Finame. “Até o final de junho estaremos operando com a modalidade.

A Volkswagen Serviços Financeiros, por sua vez, está divulgando o “Financiamento Sob Medida” cuja característica principal é a flexibilidade com relação a valores e vencimentos. “O cliente monta o financiamento escolhendo o valor e os meses de pagamento de até 15 parcelas, podendo pagar no mínimo R$ 99,00 e o restante distribuído nas demais parcelas”, explica Marcos Ferreira, supervisor de marketing e desenvolvimento de produtos da empresa.

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Trata-se de um produto onde o cliente pode ajustar o seu fluxo de caixa, pagando menos nos meses em que tem mais despesas e mais quando tiver receita maior. A Volkswagen Caminhões e Ônibus fechou 2003 com 25.951 unidades vendidas, das quais 11.243 veículos (43,3%) das vendas financiadas pela VWSF.

Em 2003, o principal fator de vendas foi o Finame, com 77,6% dos negócios, seguidos pelo CDC e leasing com 18,8% e 3,6% respectivamente. O resultado do ano passado foi muito significativo, mas o primeiro trimestre de 2004 está melhor, fruto de uma política mais agressiva de juros, que conta com o apoio da montadora. No primeiro trimestre deste ano, a VWSF foi responsável pelo financiamento de 53,8% das vendas no varejo da marca e um crescimento de 10,5% sobre 2003.

Qualquer comparação entre as modalidades deve ser ponderada. Nas operações de CDC e leasing, os valores são fixos durante o contrato. Pelo Finame, a parcela inicial tende a ser um pouco maior, porém, com tendência de queda em função do sistema de amortização de valores, podendo variar pela TJLP. “É a modalidade de menor taxa de juros e que ao longo da operação tende a ser a de menor custo financeiro para o cliente”, conclui.