Por Evilazio de Oliveira
Companheira de boléia da maioria dos motoristas que trafegam nas estradas do País, a Revista O Carreteiro se transformou ao longo dos últimos 35 anos numa amiga inseparável, cuja amizade é renovada todos os meses, com encontros marcados nos principais postos de combustíveis, onde é distribuída. Essa amizade faz com que o pessoal do trecho reencontre amigos, saibam notícias do setor e acompanhem as novidades através das páginas da Revista, lida nos momentos de espera para carregar ou descarregar, ou mesmo quando estão de folga.
O ex-carreteiro Adalberto Balestrin, 63 anos, 20 dos quais ao volante de caminhões, conta que sempre gostou muito da Revista, levava os exemplares para casa e hoje tem uma coleção razoável. Ele está afastado da profissão há cerca de quatro anos mas não deixa de ler a sua “revista preferida” que apanha nos postos durante as viagens que faz no atendimento de acidentes com caminhões para a RG Reguladora, empresa que presta serviço para companhias seguradoras. “É uma maneira de matar as saudades da estrada”, brinca.
Ronei Geller, 34 anos e há 16 no trecho, natural de Carazinho/RS – conta que desde criança se interessou por caminhão. O pai, Jacó Geller, também motorista, costumava deixar em casa exemplares da Revista, os quais encantavam Ronei, que cresceu, foi para a estrada seguindo a profissão do pai e, igualmente, o gosto pela “melhor revista do gênero”, garante. Segundo ele, é muito divertido ver a opinião dos colegas nas reportagens falando sobre os assuntos que interessam a todos. “Somos uma categoria muito desunida e é preciso que haja um órgão de comunicação ao nosso lado, que fale pela gente”.
Justamente por isso, Ronei Geller, cita a necessidade de reportagens sobre eventuais mudanças na legislação de trânsito, e que muitas vezes passariam despercebidas de grande parte dos carreteiros. “A maioria não tem muito tempo para ler jornais ou acompanhar os noticiários na TV e só fica sabendo de mudanças na hora da multa”, afirma.
Para o carreteiro Ingo Gdanietz, 39 anos, 15 de profissão, seis dos quais dirigindo caminhões nas estradas da Alemanha, todas as pessoas devem estar muito bem informadas sobre a profissão que exerce e as demais coisas que acontecem ao seu redor. Brinca dizendo que até o presidiário se informa ouvindo rádio, TV ou jornais. Ele assina revistas alemãs do setor de transportes, “para saber o que acontece por lá” e no Brasil é leitor de O Carreteiro.
Gdanietz mora em Mondai/RS, e apesar de ter dupla nacionalidade, brasileira e alemã, não pensa em voltar para a Alemanha tão cedo. Ele conta que recebia salário mensal de U$ 3 mil e gostava do serviço. Porém, estranhava muito as temperaturas baixas. Num inverno chegou a pegar 27 graus negativos. “Uma loucura”, afirma. Ele é dono de quatro caminhões em sociedade com um irmão e viaja para onde tiver carga, embora sua preferência seja Mato Grosso, para onde levam adubos e retornam com madeira.
O carreteiro Ilodir Müller, 35 anos e há 10 na estrada, também residente em Mondai/RS, dirige um dos caminhões do Ingo. Ele admite que conheceu a Revista O Carreteiro há cerca de quatro anos, quando pegou um exemplar num posto de combustível. Gosta da leitura e principalmente das queixas que os colegas fazem sobre conservação de estradas, maus policiais ou de reportagens que interessam a todos os estradeiros.
Na opinião de Osmar da Silva, 53 anos e 25 de volante, uma das melhores coisas da Revista é a linguagem simples e os assuntos que fazem parte do dia-a-dia dos motoristas. Ele conta que a conheceu e se tornou leitor quando começou a viajar e desde aquela época sempre fica atento para não perder nenhuma edição. Gosta de ver as entrevistas e fotos com pessoas amigas e conhecidos que encontram nos postos de combustíveis ou nos pátios das empresas. “Tudo muito legal”.
Cláudio Bazzan, 38 anos e 22 de profissão, trabalha como empregado e “viaja para onde for preciso”. Segundo ele, a Revista O Carreteiro é o tipo de publicação de grande utilidade para quem vive na estrada. “É um órgão de comunicação muito útil e se tornou um legítimo porta-voz dos profissionais”, garante.
Longe das estradas e do convívio com motoristas de caminhão, o jornalista Mauro César Silveira, 50 anos, 29 de profissão e 15 como professor do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) utiliza, freqüentemente, a Revista nas salas de aula. Isso porque, “a humanização dos relatos recupera a melhor narrativa jornalística e evidencia que a maior relíquia do impresso – a reportagem – ainda está viva. É o que chamo de subjetividade legítima: os personagens escrevendo, pelas mãos de competentes jornalistas, suas próprias histórias”. E o desejo do professor Mauro e os seus alunos no aniversário de 35 anos da Revista O Carreteiro: “Continuem assim”.