Por João Geraldo

Se hoje em dia o carreteiro demonstra preocupação cem preservar o meio ambiente, com ações que estão ao seu alcance, este comportamento tem sido praticado também por parte de empresas de vários setores produtivos. Longe daquela imagem do passado, quando ostentar chaminés era símbolo de produção e grandeza, as companhias querem agora uma identificação com a natureza, ar puro, água limpa e até recompor a fauna, criando-se metas que exigem investimentos para se ter uma indústria e produtos limpos, sem poluição, através das reciclagem de materiais e diversas outras ações voltadas à preservação e proteção da natureza.

Para a Pirelli, realizar iniciativas voltadas para o meio ambiente significa cumprir com sua responsabilidade sócio-ambiental e colaborar com a gerações futuras dentro do modelo de desenvolvimento sustentável”, afirma Frederico Muraro, diretor de qualidade para a América Latina. Todas as unidades da empresa têm certificação ISO 14001 – norma internacional que visa a proteção do meio ambiente – e, só no Brasil, cerca de 6000 mil colaboradores participam do sistema de gestão ambiental, o qual já recebeu mais de 10 milhões de dólares em investimentos.

Também certificada pelo ISO 14001, em todas suas unidades de produção, a Goodyear participa do projeto da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP) para dar um fim ambientalmente adequado aos pneus usados sem possibilidade de uso. São 18 centros trituradores de pneus inservíveis, que após o processo enviam os produtos para serem queimados em fornos da indústria de cimento – como combustível alternativo – em outras aplicações.

Em 1971 a empresa já contava com sistema de tratamento de esgoto em sua fábrica de Americana/SP. A água utilizada no processo industrial é retirada do rio Piracicaba e devolvida com cerca de 80% de pureza. Durante a Coopavel 2006, no início de fevereiro, a Goodyear disponibilizou um espaço onde um artista plástico mostrou móveis e utensílios produzidos com carcaças de pneus inservíveis e de outros derivados de borracha, com a filosofia ” nós produzimos, nós coletamos, nós limpamos”.

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Pneus inservíveis triturados para serem utilizados como combustível alternativo em fornos é parte do projeto ambiental da Goodyear

A Michelin, por sua vez, tem como destaque o Projeto Ouro Verde Bahia, o qual permite à empresa realizar ações para preservação do ecossistema e o desenvolvimento econômico da região sul do Estado baiano, onde tem plantações de seringueiras. Outra ação da empresa é a revitalização de uma reserva de aproximadamente três mil hectares em suas plantações, para recriar uma área florestal natural, que favorece a circulação de animais, propagação de espécies vegetais. “Não se pode reduzir a definição da empresa à sua dimensão econômica. Só garantiremos o futuro da humanidade se não nos esquecermos da qualidade de vida e da responsabilidade com o meio ambiente”, afirmou Edouard Michelin, CEO do grupo Michelin. A unidade de Itatiaia/RJ (que produz cabos, aros de aço e pneus para carros de passeio e picapes) também possui ISO 14001.

A Bridgestone Firestone, instalada em Santo André, no ABC paulista, tem uma lista de ações que incluem reciclagem de todo o plástico utilizado em embalagens de matérias-primas e outros insumos. A empresa conta com um programa de reciclagem de resíduos relacionados à produção, tais como lâmpadas fluorescentes, lubrificantes utilizados em equipamentos industriais, alumínio de embalagem, tecidos e panos de limpeza, além de possuir uma estação de tratamento que permite a reutilização de toda a água no processo industrial e depois devolvida limpa e um córrego.

O mesmo sistema será implantado na unidade em construção na Bahia. Atualmente a empresa está instalando um sistema anti-odor na unidade de Santo André para acabar com o desconforto da comunidade vizinha à fábrica. “O processamento da borracha natural, que consiste basicamente no amassamento da matéria-prima para prepará-la para receber outros ingredientes, libera um forte odor, embora não provoque a emissão de substâncias perigosas”, explicou Raul Viana, diretor de assuntos corporativos da empresa.

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Sistema implantado pela MWM em sua fábrica de São Paulo elimina substâncias e impurezas de 75 mil litros de água por dia

A Continental, que também está se instalando no Brasil como fabricante de pneus, com sua fábrica em Camaçari/BA, tem controle sobre os pneus que importa e segue a determinação de reciclar cinco pneus para cada quatro importados. ” Como a Continental se preocupa com a reciclagem, temos meios que controlam nossa recicladora que, por sua vez, também presta contas, junto conosco, ao IBAMA”, diz Dora Gayjutz Machado, gerente de logística e comércio exterior da companhia.

Assim como a indústria de pneus e várias outras de diversos setores, os dois principais fabricantes de motores diesel do País também tem suas ações de reciclagem de materiais e proteção ao meio ambiente. A MWM-International, por exemplo, utiliza um sistema chamado de osmose reversa para tratar 75 mil litros de água por dia em sua unidade instalada em Santo Amaro/SP. O recurso, que se trata de uma filtragem que elimina substâncias e impurezas da água, começou a ser idealizado em setembro de 2002 para reduzir a captação de recursos naturais. Outra ação da empresa foi a criação, em 2003, de um programa de aquecimento solar que entrou em atividade em 2004.

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Com foco nos motores eletrônicos que superem as leis de emissões, a Cummins trata todos os dejetos antes de descartá-los

A Cummins Latin America pelo seu lado, diz Maurício Rossi, gerente executivo de vendas automotivos comercial, tem seu foco voltado basicamente nos motores eletrônicos que cumpram ou superem as leis de emissões, mas demostra sua preocupação com o meio ambiente tratando todos os dejetos de manufatura antes de descartá-los. “Para a Cummins, a relação com o meio ambiente é uma ferramenta e de extrema importância. Nós produzimos motores emissionados que atendem os mais complexos padrões de emissões não só no Brasil, mas em várias regiões do planeta. Respeitá-lo e preservá-lo trará melhor qualidade vida para todos nós e para as próximas gerações”, explica.