Problema antigo, o tempo perdido pelo motorista aguardando para descarregar melhorou muito, sobretudo nos portos, que conseguiram reduzi ao mínimo tempo o tempo de espera dos caminhões, especialmente os graneleiros no pico da safra
Tempos atrás, no Porto de Paranaguá/PR, depois de esperar vários dias para descarregar, alguns caminhoneiros autônomos conseguiram receber das transportadoras que haviam contratado o frete uma diária justa e merecida. Foi uma vitória para a classe, porém não representou uma solução definitiva para o problema. Durante todo o mês de outubro e boa parte de novembro, o problema voltou a ocorrer, mas no Porto de Santos/SP, porém, desta vez ficou sem solução apesar da interferência do Sindicato dos Autônomos de Santos.
Para tomar conhecimento dos fatos, a reportagem de O Carreteiro foi até a cidade de Santos e apurou a seguinte história: a transportadora contratava o motorista autônomo para carregar até um armazém particular da zona portuária. Quando o caminhão chegava, os funcionários do armazém não deixavam descarregar e forneciam outro endereço para o caminhoneiro. Mandavam a carga direto para a companhia brasileira de armazenamento (Cibrazem) onde é feita a classificação e pesagem do milho. Depois disso o caminhoneiro era praticamente obrigado a descarregar no cais. Não existia outra saída.
Em dias normais até que isso não é tão penoso. Existe uma programação diária feita por um órgão chamado Grupo Executivo de Movimentação de Safras (Gremos) que determina quantos caminhões podem descarregar por dia. As empresas transportadoras ignoraram essa programação e em vez de pagar aluguel de armazéns transformaram a carroceria dos caminhões em depósitos de carga, congestionando o porto. Surgiram filas de até 3 quilômetros demorando até 3 dias para descarregar.
A programação do Gremos era de até 12 caminhões por dia, mas cada empresa mandava 60. Os 12 primeiros descarregavam e os outros ficavam esperando na fila, sendo que o último dos 60 primeiros levava até 5 dias para descarregar e na base chegavam mais de 60 por dia.
Diante dessa demora, nada mais justo do que pagar uma diária para os autônomos, pois até para os vagões ferroviários existe uma diária estipulada por contrato. Nos primeiros 3 dias de estadia do vagão a ferrovia não cobra nada, mas do quarto em diante a diária era de CR$ 1,00 por tonelada de carga. O Sindicato dos autônomos de Santos procurou solucionar o problema junto às transportadoras, porém, nada conseguiu. Entre os autônomos que aguardavam na fila houve até ameaça de abrir as torneiras do graneleiro para despejar o milho na rua, o que não seria a solução. A situação continuava nesse pé até fins de novembro quando a revista foi escrita.
Esse texto foi escrito e publicado em novembro de 1974, na seção Bate Papo da edição número 27 da revista O Carreteiro, que circulou nos meses de dezembro daquele ano e em janeiro de 1975. Qualquer semelhança com o que acontece hoje não é mera coincidência.