A eletrificação caminhões é apontada hoje como a solução mais viável para movimentar veículos comerciais sem emissões de CO2 já a partir dos próximos anos. Diante das ações em curso, o diesel, por sua vez, parece estar com os dias contados para perder o reinado depois de cinco décadas como principal combustível para movimentar o transporte rodoviário.

Montadoras globais de veículos comerciais, agências, órgãos ambientais e entidades ligadas ao meio ambiente em todo o mundo, têm trabalhado e investido em tecnologias para aprimorar viabilizar cada vez mais a aplicação de baterias e da tecnologia da célula de combustível para substituir o óleo diesel e reduzir, ou eliminar de vez, as emissões provocadas pelo transporte rodoviário até 2050. Dados de 2016 do IPCC, órgão das Nações Unidas para avaliar a questão relacionada às mudanças climáticas no mundo, indicaram que 14% das emissões globais anuais vem da queima de combustíveis fósseis.

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Além da meta de descarbonizar o setor setor, é também interesse o uso de combustíveis renováveis para reduzir o custo da operação de transporte, principalmente porque o diesel representa uma das maiores despesas no bolso de quem trabalha com caminhão, sobretudo do caminhoneiro autônomo. Embora a eletrificação deixou há tempo de ser novidade, os constantes avanços e parcerias entre grandes marcas da indústria de caminhões indicam que o crescimento da frota livre de emissões poderá ser mais rápido do que se imagina.

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Daimler Trucks anunciou início da produção de caminhões movidos a bateria para distribuição em 2021. Modelos médios e pesados virão depois

Em meados de setembro, a Daimler Trucks, apresentou oficialmente sua estratégia de eletrificação de veículos de carga para aplicações de distribuição urbana em curtas, médias e longas distâncias. O modelo urbano eActros, por exemplo, que se encontra em operação com transportadores desde 2018, deverá ser produzido em série a partir de 2021. Conforme foi divulgado, sua autonomia com a carga de uma bateria chega a 200 quilômetros ou até um pouco mais.

Já o caminhão elétrico previsto para as médias distâncias planejadas é o Mercedes-Benz eActros LongHaul. Com autonomia de cerca de 500 quilômetros com a carga de uma bateria, este veículo está previsto para ser produzido em série a partir de 2024. Como solução para caminhões rodoviários a empresa apresentou o Mercedes-Benz “GenH2 Truck movido a célula de combustível, que garante autonomia de 1.000 quilômetros ou um pouco mais.

A Daimler informou que este caminhão começará a ser testado por transportadores europeus em 2023 e a produzido em série entre 2025 e 2030.  O veículo será movimentado por hidrogênio líquido, pois de acordo com a fabricante devido a maior densidade neste estado o desempenho do caminhão será equivalente ao de outro com motor a diesel.

O executivo e membro do Conselho de Administração da Daimler Trucks AG, Martin Daum, reforçou que a combinação de diferentes tecnologias para mover caminhões permite à empresa oferecer as opções mais adequadas para cada aplicação. Ele acrescentou que a energia da bateria será mais usada para o transporte de carga com menor peso, em operações de pequenas distâncias. Já a célula de combustível tende a ser a opção preferida para cargas mais pesadas e distâncias mais longas.

A estratégia do Grupo Daimler Trucks é incluir até 2022 em seu portifólio caminhões a propulsão elétrica produzidos em série nos mercados da América do Norte, Japão e Europa. E até 2029 a companhia pretende oferecer somente veículos comerciais livres de emissões de CO2 nestas três regiões do planeta.

PARCERIAS ESTRATÉGICAS– O alto custo para o desenvolvimento de tecnologias de eletrificação de veículos tem levado grandes empresas a buscarem parcerias até mesmo com concorrentes reduzir o tempo de desenvolvimento. A Daimler Trucks (que fabrica caminhões de marcas como Mercedes-Benz, Freightliner Trucks, Western Star, BharatBenz e Fuso) e a Volvo Trucks (dona também das marcas Renault Trucks, Mack e UD Trucks), já têm parceria para desenvolver, produzir e comercializar sistemas de células de combustível para aplicações em caminhões rodoviários.

É consenso entre os dois fabricantes globais que a célula de combustível será essencial para um transporte sem emissões no futuro. Pelo acordo a Volvo Trucks entra com o dinheiro (cerca de 0,6 bilhões de Euros) enquanto a Daimler consolidará suas atividades no desenvolvimento e aperfeiçoamento da tecnologia. A parceria prevê que o transporte rodoviário esteja livre de CO2 na Europa até 2050.

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Outro acordo entre fabricantes de veículos comerciais ocorreu em 30 de outubro deste ano assinado pela Volvo Trucks e Isuzu Motors,. A aliança prevê a formação de parceria estratégica para capturar oportunidades na transformação da indústria de caminhões. As duas empresas já haviam assinado em dezembro de 2019 um “Memorando de Entendimento”. O acordo inclui a aquisição pela Isuzu Motors Caminhões da também japonesa de caminhões UD Motors, até então de propriedade da Volvo Trucks.

Entre outras ações, o acordo prevê o desenvolvimento conjunto pela Isuzu Motors e UD Trucks de  plataformas comuns para modelos de caminhões médios e pesados para mercados do Japão e Ásia utilizando tecnologias do Grupo Volvo. A transação entre as empresas ainda está sujeita à aprovação de autoridades regulatórias. Neste início de novembro, o presidente da Volvo Trucks, Martin Lundstedt, um dos principais executivos do Grupo Volvo, anunciou que a comercialização de veículos elétricos é um componente fundamental da estratégia do Grupo. A meta é que até 2030 os modelos elétricos representem pelo menos 35% das vendas de veículos.

Outra aliança, esta anunciada em janeiro de 2020, envolve a CNH Industrial (dona da Iveco, FPT, Case, Magirus e New Holland) e a norte-americana Nikola Motor Company, empresa fundada em 2014 com a proposta de mudar a matriz energética do transporte rodoviário de cargas. A parceria prevê a produção do caminhão pesado Nikola Tre movido a bateria elétrica a partir de 2021. Baseado no Iveco S Way, este cavalo mecânico estava previsto para ser exposto na tradicional Feira de veículos comerciais (IAA) em Hannover, Alemanha, cancelada por causa da pandemia da covid-19.

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Resultado de parceria entre a CNH industrial e a Nikola, o caminhão pesado Tre movido a bateria está previsto para ser produzido em fábrica da Iveco em 2021

Pelo projeto das empresas, os cavalos mecânicos 4×2 e 6×2 elétricos (com baterias modulares e trem de força de 480cv devem entrar em produção no primeiro trimestre de 2021 na fábrica da Iveco em Ulm (Alemanha). A unidade industrial se destaca como o centro de engenharia de chassis da montadora. As primeiras unidades estão previstas para serem entregues em 2021 e pelo acordo os caminhões Nikola serão comercializados a atendidos pela rede Iveco.

Já o Tre movido a célula de combustível também será montado sobre plataforma do Iveco S Way e está previsto para começar a ser testado em 2021 e lançado em 2023. A empresa informou que dependendo da configuração do caminhão o tanque pode comportar até 80 kg de hidrogênio, suficientes para autonomia de 800 quilômetros.

 

ELÉTRICO NA EUROPA NA AMÉRICA DO NORTE

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A Volvo já tem produção em série na Europa dos caminhões FL Eletric, projetado para PBT de até 16 toneladas, e o FE Eletric, um semipesado para até 27 toneladas indicado para coleta de lixo. No final de outubro, a companhia anunciou o início dos testes pilotos com os modelos também elétricos FM e FMX para aplicação em obras urbanas. Já na América do Norte, a Volvo Trucks North recebeu da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) 20 milhões de dólares em concessões para implantar 70 caminhões elétricos VNR (modelo para curtas e médias distâncias).

Volvo FL e FE EletricA montadora informou que lançará comercialmente o VNR Electric ainda em 2020. Os veículos serão financiados pela EPA para operadores de frotas do sul da Califórnia entre 2021 até o terceiro trimestre de 2022, permitindo pelo menos um ano inteiro de operações até o final do projeto em 2023.

Volvo NVR 01A Volvo já tem produção em série na Europa dos caminhões FL Eletric, projetado para PBT de até 16 toneladas, e o FE Eletric, um semipesado para até 27 toneladas indicado para coleta de lixo. No final de outubro, a companhia anunciou o início dos testes pilotos com os modelos também elétricos FM e FMX para aplicação em obras urbanas. Já na América do Norte, a Volvo Trucks North recebeu da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) 20 milhões de dólares em concessões para implantar 70 caminhões elétricos VNR (modelo para curtas e médias distâncias).

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Volvo FL e FE elétricos já são produzidos e o FMX se encontra. Marca tem elétricos também nos EUA

A montadora informou que lançará comercialmente o VNR Electric ainda em 2020.

Os veículos serão financiados pela EPA para operadores de frotas do sul da Califórnia entre 2021 até o terceiro trimestre de 2022, permitindo pelo menos um ano inteiro de operações até o final do projeto em 2023.