Do projeto inicial até o caminhão pronto para o mercado há uma longa trajetória envolvendo conhecimento e trabalho de profissionais de diferentes áreas internas e externas da montadora. No caso do Meteor, pode se dizer que houve esforço extra e mais cuidadoso das equipes nos mínimos detalhes. Tudo para garantir ao primeiro extrapesado da marca a experiência, força e credibilidade conquistadas pela Volkswagen em 40 anos de atividades no segmento de veículos comerciais.

Este empenho é transmitido logo ao primeiro contato ao vivo e a cores com o Meteor, especialmente ao observar a parte dianteira que remete a uma associação imediata com linha Delivery e, consequente à marca Volkswagen. De modo proposital, a identidade visual impõe ao novo caminhão o compromisso de assegurar no segmento de maior capacidade de carga o mesmo êxito obtido desde há três anos atrás pelos modelos Delivery na faixa 3,5 a 13 toneladas.

O time da VWCO pensou em tudo para não decepcionar o mercado com seu primeiro extrapesado. A cabine, por exemplo, traz modernos conceitos de ergonomia, espaço, iluminação em LED e outros itens para o bem-estar do motorista. O banco do motorista, amortecido por suspensão a ar com revestimento em courino, encostos altos, apoio para o braço e cabeça, é ergonômico, confortável e com o cinto de segurança integrado. As possibilidades de regulagem permitem ajustes adequados à estatura do condutor de todos os portes, para garantia de uma viagem confortável e o menos cansativa possível.

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Painel de instrumentos é simples, reto e funcional. Todos os botões e controles estão posicionados à mão do motorista. Material do teto melhora a acústica

Portas que se abrem até 90 graus facilitam o ingresso à cabine. No interior da cabine o espaço entre o piso e o teto é de 1,80m, permitindo que a maioria dos carreteiros brasileiros fiquem em pé com certa folga, mesmo com o ressalto de 13 cm sobre o motor que em nada incomoda.  O climatizador, item de série no modelo, é acionado por controle remoto e o colchão plano nas medidas 2,17m x 79cm conta com forração macia com toque semelhante ao veludo. Lavável, o tecido tem propriedades repelentes, antibacterianas e anti odores.

Ao lado da cama o carreteiro dispõe de entrada USB para conexão de telefone celular e outros dispositivos, relógio digital, rádio, iluminação em LED e um porta-objetos. Outro detalhe de grande importância para que trabalha com caminhão estradeiro é a geladeira sob a cama. No no caso do Meteor ela conta com sistema elétrico que a avança para a frente,  mediante ao toque em um botão, facilitando acesso aos mantimentos.

O painel de instrumentos é reto, simples, completo e funcional. Nada fica a dever. Seu conceito  modular apresenta certo requinte, enquanto a boa disposição do rádio, tacógrafo, kit multimídia e controle do aparelho de ar-condicionado digital, entre outros comandos bem à vista e não inibem o carreteiro. Os vidros contam levantamento elétrico e os retrovisores externos com aquecimento. O sistema de distribuição de ar e de climatização da cabine, por sua vez, mostrou-se bastante eficiente para manter temperatura ambiente ao gosto do motorista em dias de calor ou de frio. Caso na hora de sair do caminhão o motorista abra a porta com o motor ligado e sem acionar o freio de estacionamento, um aviso sonoro é disparado para alertá-lo.

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NA PISTA – O primeiro contato físico com o Meteor, a convite da VWCO se deu no Campo de Provas da montadora, ao lado da fábrica em Resende/RJ, com todos os procedimentos de prevenção à covid-19. Um dos primeiros detalhes percebidos ao colocar o veículo em movimento é o baixo nível de ruídos obtido com soluções como a combinação de materiais que contribuem para o conforto acústico, baixo nível de ruído do motor e a boa vedação da cabine. O teto, por exemplo, é feito com 25% mais leve que o similar metálico.

No quesito potência e torque, as duas versões do Meteor (6×2 com motor de 460 e 6×4 com 520 6×4) atendem adequadamente a composições bitrem e rodotrem, respec­­tivamente, carregadas no peso de balança. A sincronia entre a transmissão ZF Tra­Xon com o motor D 26 nacionalizado é também outro detalhe percebido com o veículo em movimento. As  trocas de marchas  são praticamente imperceptíveis tor­nando prazeroso o trabalho de condução.

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Motor recebeu modificações em mais de 130 componentes para atender aos objetivos previstos no projeto de potência, torque e economia de combustível

MOTOR–­ O motor D 26 eleito pela VWCO para equipar a linha extrapesada tem longa história no continente europeu, onde sua produção já superou as 600 mil unidades em toda a Europa. Mas para chegar ao resultado pretendido pela engenharia brasileira de combinar potência, torque, redução de consumo de combustível e durabilidade, o propulsor passou por um processo de nacionalização que demandou a modificação de mais de 130 componentes.

As alterações exigiram novo bloco e cabeçote, novo sistema de injeção, novos pistões e novo turbocompressor com controle eletrônico. O diretor de engenharia da VWCO, Felipe Nogueira, disse que o objetivo desde os primeiros estudos para se lançar um caminhão extrapesado da marca Volkswagen era ter um motor na faixa de 460cv com torque de 2.300Nm. “Já a versão de 520, foi uma necessidade identificada por conta de clientes da marca e também já pensando nas legislações futuras”, explicou.

O trabalho, afirma, resultou em uma  linha extrapesada simples, descomplicada que chega ao concorrido mercado de caminhões extrapesados com a proposta de atender com eficiência e precisão às demandas do segmento. O Meteor – como havia sido dito no dia do lançamento, em 01 de setembro, não chegou para ser um extrapesado premium, mas sim um intermediário que se posiciona acima da linha Constellation e abaixo do MAN TGX. Diante da necessidade de atrair novos motoristas para a profissão, especialmente para as tocadas nos tiros longos, o novo produto surge como opção bastante promissora, especialmente para quem já trabalha com a marca gosta e confia.

DA PRANCHETA ÀS ESTRADAS– A jornada entre a concepção do Meteor  em 2015  e o lançamento em setembro de 2020, além de anos exigiu estudos de mercado, investigação, pesquisas, desenvolvimento e uma infinidade de atividades e ações de campo, assim como a construção de área exclusiva com mais 18.000m² para a nova linha de cabine automatizada.

“Tudo começou com a elaboração de um extenso estudo sobre extrapesados para chegarmos a veículos com configuração que atendesse a realidade deste tipo de operação no País. O resultado tinha de ser um produto final que maximizasse o resultado operacional e os principais atributos que o cliente valoriza neste tipo de caminhão”, reforçou o diretor de engenharia.

Felipe Nogueira lembrou que os dois primeiros protótipos do Meteor começaram a rodar no início de 2017. O objetivo era verificar diversos itens, sobretudo aqueles considerados necessários, como conforto, segurança, baixo consumo de combustível etc. A preocupação para garantir robustez, durabilidade dos componentes da nova família de caminhões extrapesados se estenderam desde análises dos engenheiros desde os mais simples detalhes (como suportes do chicote elétrico) a componentes de maior relevância como eixos, sistema de transmissão, motorização etc.

Os protótipos rodaram em testes pelas principais rotas de escoamento de soja de seis Estados (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro) Equipados com instrumentos e sensores instalados em 300 pontos,.   Acompanhadas por engenheiros da fábrica, as avaliações feitas nas rodovias e em operações reais serviram de base para aplicação de testes estruturais de durabilidade em pistas especiais no Campo de Provas da VWCO.

A cabine, por exemplo, passou por testes de movimentos abruptos em laboratório, simulação de amassamento e até mesmo do basculamento, para que o resultado final fosse o menor esforço possível para o motorista. As avaliações  incluiram ensaios de envelhecimento térmico em câmara climática (em altas e baixas temperaturas) para aferir a durabilidade dos componentes de acabamento interno e externo. Também fizeram parte do trabalho provas de  descongelamento e desembaçamento em baixas temperaturas, validação da capacidade dos sistemas de ar-condicionado e ventilação em condições extremas, nas quais a segurança pode ser comprometida pela baixa visibilidade.

Nogueira disse que a paralisação das atividades de desenvolvimento do projeto tão perto do lançamento, por causa da pandemia representou uma grande preocupação e desafio para a conclusão do projeto  “Foi um momento que tivemos de dar um passo para trás e organizar o time de trabalho de forma muito rápida para mantermos o clima e o ritmo para conseguir cumprir os prazos estabelecidos junto à diretoria e aos clientes”. A prioridade, lembrou, era cumprir as medidas de segurança para finalizar o desenvolvimento do Meteor e Constellation 33.460, especialmente o ajuste da parte eletroeletrônica.

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O trabalho exigiu também acompanhamento junto a fabricantes de ferramentais e coisas do tipo, porque a cadeia de fornecedores não voltou a operar no mesmo ritmo da montadora. “Houve necessidade replanejamento, conversa com nossa base de fornecedores e bastante transparência para sensibilizá-los a voltar a caminhar junto conosco”, disse. A VWCO vinha trabalhando com fornecedores do Brasil e Exterior, novos antigos e para atender linha extrapesada desde 2017.

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Cama nas medidas 2,17m x 79cm conta com luz de LED e entrada USB. Banco ergonômico, encosto alto e apoio de braços ajuda no conforto do motorista

A VWCO acredita que os clientes vão perceber  no custo operacional todo o trabalho de simulação e avaliação em condições reais aplicados à linha Meteor, pois cada componente foi otimizado para máxima durabilidade, segurança, conforto e produtividade dos veículos. Segundo a montadora, desde os primeiros estudos até o lançamento  da linha Meteor foram utilizados 20 protótipos para o desenvolvimento e investidos R$ 1 bilhão, sendo metade deste valor direcionados à nova fábrica de cabine.