Por João Geraldo

Um dos segmentos da indústria brasileira que mais cresceu e evoluiu nos últimos 35 anos é o de reforma de pneus. Para entender o grande salto que elevou os fabricantes do setor a um estágio em que os produtos reformados são considerados de primeira linha, e a atividade classificada como uma das uma das melhores do mundo, basta lembrar que cerca de 70% da movimentação de todo tipo de produto no Brasil é feita por caminhão. Além disso, a condição precária das rodovias do País e a redução do custo do transporte também tiveram participação na evolução do segmento.

O custo de uma reforma gira em torno de 25% do preço de um pneu novo e oferece ao transportador, no mínimo, a mesma quilometragem. Roberto Ducatti, gerente geral da Bandag do Brasil Ltda, lembra que a recapagem representa 1,1% do cus­to do frete, enquanto o pneu novo chega a ser de 4,5%. Lembra, ainda, que o Brasil tem a menor relação de preço entre um pneu novo e um recauchutado.

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A importância da reforma de pneu para o transporte fez surgir várias empresas nas últimas três décadas, e algumas delas bastante competitivas. Para Ducatti, apesar do número de concorrentes que atuam hoje no segmento, a disputa é saudável e faz com que cada fabricante tenha de se mexer para buscar soluções tecnológicas que atendam, de maneira eficiente e com competência, as necessidades dos clientes. Edson Tagliari, gerente de vendas da Borrachas Tortuga, pensa que existe uma capacidade ociosa devido ao grande número de empresas no mesmo segmento, sem deixar de lembrar a importância do pneu recauchutado para o setor de transportes.

A indústria de reformas cresceu ao ponto de, atualmente, a participação dos reformados no mercado de reposição, entre os veículos de carga, atingir 8.557.000 unidades e representar 66% de participação no negócio. Mesmo assim, o setor ainda enfrenta discriminação, conforme alerta Enio Provenzi, diretor comercial das Borrachas Vipal. Na sua opinião, o maior problema está na falta de valorização da atividade por parte da sociedade e dos órgãos públicos, porque a reforma de pneus é sempre colocada como poluidora. Uma das lutas do setor é enquadrar a atividade como recicladora ou verde.

A função dos pneus recauchutados no segmento de transporte rodoviário é reduzir os custos operacionais do transportador”, reforça Fábio Basso, gerente de comunicação e marketing da DPaschoal. Ele acrescenta que é importante o transportador saber que existem variações dos sistemas de reforma conhecidos quente e frio, as quais estão ligadas ao tipo de equipamento, de material, ao tempo e a temperatura de vulcanização. “Cada uma delas oferece resultados e vários preços e daí a importância em saber diferenciar cada uma delas”, explica.

Guilherme Franco, gerente de serviços da Goodyear, reforça que o pneu de caminhão e ônibus precisa ser reformado para que tanto o frotista quanto o carreteiro tenham uma redução no custo do quilômetro rodado. “Dependendo do tipo de serviço, o pneu pode receber maior número de recapagem e tem caso em que o pneu dura mais do que o novo, porque a sua estrutura já está estabilizada”, explica. Ele lembra ainda que a Goodyear indica para os transportadores que a reforma seja feita por empresas autorizadas, cujos profissionais são orientados e utilizam matéria-prima do fabricante.

Assim como a Goodyear, outros fabricantes de pneus têm produtos para reforma. A Pirelli, por exemplo, disponibiliza o sistema Novateck, com desenho original da banda de rodagem e espessura desenvolvida para garantir o peso do pneu e os clientes têm garantia até o final da segunda reforma. Os reformadores da rede são credenciados através de uma avaliação técnica para que os pneus tenham a qualidade desejada.

A Michelin também conta com um sistema de recapagem, o Recamic, cujos produtos para reforma são produzidos pela própria companhia, que também se responsabiliza pelo treinamento dos profissionais que trabalham nas recauchutadoras licenciadas para utilizar o sistema. Como as demais empresas do setor, o serviço de reforma pode ser pelo processo a frio ou a quente.