Por Nilza Vaz Guimarães
Posicionado sobre as duas pistas da BR-324, que liga Feira de Santana a Salvador, na Praça Jackson do Amauri, o Monumento ao Caminhoneiro tem 46 metros de comprimento por 9 metros de altura. “Feira de Santana é o maior entroncamento rodoviário do Norte/Nordeste, onde circulam diariamente milhares de caminhões e este profi ssional do volante merece ser homenageado”, disse o prefeito da cidade, José Ronaldo de Carvalho. O projeto arquitetônico foi concebido P Posicionado sobre as duas pistas da BR-324, que liga Feira de Santana a Salvador, na Praça Jackson do Amauri, o Monumento ao Caminhoneiro tem 46 metros de comprimento por 9 metros de altura. “Feira de Santana é o maior entroncamento rodoviário do Norte/Nordeste, onde circulam diariamente milhares de caminhões e este profi ssional do volante merece ser homenageado”, disse o prefeito da cidade, José Ronaldo de Carvalho. O projeto arquitetônico foi concebido pelo artista plástico baiano Gil Mário, segundo o qual a escultura segue a linha abstrata. “Vista de longe lembra um caminhão e aqueles desenhos que enfeitam a carroceria”, explica. No projeto, a estrutura da cabine e a base são de concreto, enquanto a carroceria é simbolizada por três vigas metálicas.
Na opinião dos carreteiros, esta homenagem veio em boa hora. Há 20 anos transportando cargas pelo País, Sérgio Justo, 45 anos, disse que ainda não viu o monumento, mas acredita que esta é uma forma de lembrar que os carreteiros carregam o progresso deste país. “Às vezes me sinto envergonhado de ser carreteiro, porque somos discriminados nas estradas, nas transportadoras e nos postos de abastecimento”, diz. Em relação ao valor do frete, diz estar dando para sobreviver. “Puxo carga direto da fábrica, mas se fosse trabalhar para empresa de transporte, a história seria outra”, lamenta.
Virgílio Silvan da Silva, com 50 anos de idade e 29 de profi ssão, achou a idéia do monumento muito boa. “Já vi a obra e achei boa a idéia, mas precisamos de mais. Precisamos de segurança, principalmente no Nordeste. Não dá para rodar depois das 20 horas”, reclamou, ao lembrar do assassinato de um colega de profi ssão e da esposa para roubarem uma carga de lâmpadas, em Alagoas, lamentou Silva, que só roda durante o dia. Por muitos anos ele transportou remédio, como empregado, e agora que comprou seu caminhão está trabalhando por conta própria e diz ter melhorado sua vida em 100%. “Ainda faltam 20 prestações, mas estou pagando sossegado”. Sempre preocupado com o roubo de cargas, só transporta mudanças, que por não ter valor de revenda é uma carga que não chama atenção dos ladrões. “Não transporto, por exemplo, polietileno, de jeito nenhum”. Para ele, o rastreador de frota ajuda, mas o ladrão sabe de tudo. “Durmo sempre num posto de gasolina e rodo das 06 às 19 horas, para garantir minha tranqüilidade”, esclarece.
O paulista Inácio Barbosa Sobrinho, com 25 anos de estrada, também achou uma boa idéia a construção de um monumento ao carreteiro, mas sugeriu que a obra fosse inspirada em um caminhão bem velho, todo torto e quebrado, como todos os caminhões dos carreteiros autônomos que circulam por este Brasil. “Com o frete ruim, óleo diesel aos olhos da cara e estradas que também não ajudam, só um caminhão todo quebrado ilustraria bem nossa situação”, ironiza.
Por outro lado, Barbosa diz que Feira de Santana merece este monumento, porque é uma cidade que recebe caminhões de todos os lugares do Brasil. “Já que o prefeito teve esta boa intenção, que olhe também pelos carreteiros e dê a eles, que circulam por lá, mais segurança”, reivindica Barbosa. Outra cidade que deveria ser contemplada, na opinião do carreteiro, é Jequié, no Sul da Bahia. “Por lá também tem um movimento danado”, conclui. A previsão é inaugurar a obra no início de 2007.