Não é de hoje que os motoristas de caminhão enfrentam problemas nas operações de escoamento da safra, expondo os gargalos estruturais do País, que vão desde as condições inadequadas das estradas e a falta de alternativas de transporte, até, na reta final, às travas nos portos e terminais.

Carreteiros ficam à mercê dessa ausência de estrutura e coordenação no acesso aos terminais e, em consequência, acabam nas rodovias, expostos à falta de segurança e privados de suas necessidades essenciais como higiene e alimentação. A insuficiência de armazéns – outro problema de cunho estrutural – para o escoamento dos grãos, recai também em desfavor do motorista, que acaba sendo literalmente usado como armazém de estrada.

Esse problema conjuntural que existe hoje no Brasil, desde o local de armazenamento do produto, até a chegada desordenada nos portos e terminais, e que causa toda espécie de transtorno ao motorista de caminhão, foi pontualmente combatida no terminal ferroviário da empresa América Latina Logística em Rondonópolis-MT.

Por iniciativa do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos de Mato Grosso – SINDICAM-MT, entidade sindical filiada ao sistema CNTA, a ALL recebeu ordem, através de sentença judicial, para adotar medidas que solucionem o problema crônico gerado nas operações de carga e descarga realizadas no terminal ferroviário da empresa. A decisão determinou que a América Latina Logística – ALL, cumpra o limite de 5 horas para efetivação da carga ou descarga, nos termos da Lei 11.442/2007 e limitou o desembarque de mercadorias a 600 veículos por dia no terminal local, sob pena de incidência de multa diária fixada em R$100.000,00 (cem mil reais).

A ALL vinha operando acima de sua capacidade instalada, o que deu causa a congestionamentos na BR-364. As filas e o congestionamento na via pública, como sabemos, impacta negativamente na qualidade de trabalho do transportador autônomo e no dia a dia dos usuários em geral da BR, além do que, a empresa submetia os motoristas a péssimas condições de higiene e segurança. O assunto foi tratado recentemente em audiência realizada perante a Procuradoria Regional do Trabalho de Rondonópolis-MT, que reuniu várias entidades sindicais e empresas embarcadoras que utilizam o terminal ferroviário.

Ainda, no dia 08 de outubro desse ano, o presidente da CNTA, Diumar Bueno e o presidente do SINDICAM-MT, Sr. Roberto Costa, estiveram presentes em Brasília-DF na reunião da Câmara de Estudos sobre o Transporte Rodoviário de Cargas – TRC e denunciaram o problema junto à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e o Ministério dos Transportes (MT).

Foram expostos os problemas operacionais de carga e descarga em âmbito nacional e do encontro resultou o comprometimento da Agência e do Ministério em traçar ações governamentais para solução do problema. A Superintendência de Serviços de Transporte Rodoviário e Multimodal de Cargas (SUROC) da ANTT irá pautar o assunto para a próxima reunião da Câmara de Estudos do TRC e a CNTA se fará presente novamente para debater a questão.