Os caminhões já foram equipados com motores a gasolina, depois evoluíram para o óleo diesel, se tentou o álcool e agora já rodam com propulsores alimentados por gás. São mais econômicos e menos poluentes. Quatro carretas Scania R 410 6X2 operam em parceria com embarcadores e transportadoras em rotas de médias e longas distâncias e a montadora já iniciou as vendas
Por João Geraldo
D entro do ritmo e condições de desenvolvimento de cada produto e aplicação, a busca por fontes alternativas para movimentar a frota de veículos comerciais tem mostrado está ganhando seu espaço e comprovando a viabilidade e vantagens para substituir o diesel. No caso específico do Brasil, já existem várias experiências em andamento, tanto no campo da aplicação de baterias elétricas quanto de gás como combustível inclusive em caminhões que operam em médias e longas distâncias.
Como é sabido pela maioria dos profissionais que lidam com transporte rodoviário, a busca por outros combustíveis tem por objetivo diminuir a dependência do óleo diesel e também a redução de custos da operação, além de trazer benefícios para o meio ambiente, com menos emissões de CO2. No Brasil, as ações mais conhecidas com fabricantes de caminhões aqui instalados são a da Volkswagen Caminhões e Ônibus e da Scania, a primeira com modelos leves e médios elétricos, se a segunda com pesados a gás. Em todos os casos, os veículos já se encontram em operação em parceria com grandes empresas.
A Cervejaria Ambev, que desde 2017 roda com modelos e-Delivery a bateria na distribuição de bebidas na cidade de São Paulo, começou a transportar também com dois modelos pesados Scania R 410 6X2, atrelados a semirreboque sider, numa operação com apoio da Transportadora Translecchi. Movidos 100% a gás natural liquefeito (GNL), essas composições vão rodar dois anos por estradas do interior do Estado de São Paulo, em regime de 24 horas por dia, sete dias por semana com previsão de rodar entre 15 e 20 mil quilômetros por mês.
O gerente de sustentabilidade e logística da Ambev, Bernardo Adão, diz que a meta da empresa é reduzir em as emissões de carbono em 25% até o ano de 2025. O GNL consumido pelos caminhões é comprado pela própria cervejaria e abastecidos em estrutura da empresa Gás Local, em Paulínia/SP. Comparada ao diesel, a redução de poluentes pode chegar a 15%. Os caminhões podem rodar também com biometano, e com esse combustível a redução de emissões pode chegar até 90% em comparação ao diesel.
O motor a gás do Scania R 410 ciclo Otto opera com o mesmo conceito dos automóveis a gasolina e etanol. Tem 410 cv de potência e não é uma unidade a diesel que foi convertida para trabalhar com gás. “O diretor comercial da Scania Brasil, Silvio Munhoz, reforça que não é conversão e que o propulsor tem garantia de fábrica e tecnologia confiável. “Além disso, a força e o desempenho são semelhantes ao do motor a diesel, com a vantagem de ser também 20% mais silencioso”, destacou.
Cada um dos caminhões R 410 tem com dois tanques que garantem autonomia entre 1.100 e 1.200 quilômetros. Conforme informação divulgada pela Scania, por motivo de segurança os tanques são equipados com válvulas e sensores que se mantêm em alerta a todo momento. Caso identifiquem qualquer alteração de temperatura, ou até mesmo estouro de um pneu, as válvulas recebem a informação e atuam para evitar qualquer tipo de acidente.
Desde dezembro de 2018 outros dois modelos Scania R 410 6X2 movidos a gás operam em parceria com a Morada Logística e a Citrosuco, na rota entre a o município de Araraquara/SP e o Porto de Santos/SP transportando suco de laranja. Os caminhões já rodaram mais 110 mil quilômetros com redução de 15% no custo do quilômetro rodado em razão do combustível. Munhoz disse que a Scania tem recebido muitas intenções de compra de modelos que comprova a existência de demanda para esse tipo de produto.
Embora os caminhões com motor a gás comecem a ser entregues somente a partir de abril de 2020, a Scania já começou a aceitar pedidos. A primeira venda de um modelo R 410 6X2 movido a GNV ou biometano foi realizada dia 15 de outubro na Fenatran, para a RN Logística. O veículo vai operar na rota Rio-São Paulo, com estimativa de alcançar 30% de economia com combustível, disse o diretor da empresa, Rodrigo Navarro. Ele acrescentou que apesar de ser nova, a parceria com a Scania deverá aumentar com novos negócios.
