História enviada pelo motorista Claudeir Ferreira
Lozarine de Resende/RJ

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Carreteiros experientes, Pedro e Paulo trabalhavam para uma transportadora com sede na Grande São Paulo. Costumavam viajar juntos, cada um em seu caminhão, que por pertencerem à mesma empresa eram exatamente iguais, tanto no modelo e ano quanto na pintura.

Numa das entregas para o Rio de Janeiro, lá estavam os dois baús carregados e prontos para enfrentar a via Dutra. O plano era viajar em dupla, porém, em razão de um problema qualquer, Pedro partiu na frente e Paulo só meia hora depois. A viagem foi tranqüila para ambos, mas quando Pedro começou a descer a serra, logo nos primeiros quilômetros, avistou uma porca com alguns leitões na beira da pista.

Naquele momento, ele começou a imaginar que delícia seria um daqueles bichinhos à “pururuca”, com cerveja. Olhou para os lados e não viu ninguém. Parou o caminhão e partiu atrás dos animais, por sinal nada silenciosos. Depois de um certo trabalho e já suado, Pedro conseguiu agarrar um dos porquinhos. Abriu rapidamente o baú, jogou o bicho lá dentro e seguiu viagem.

Porém, há sempre um curioso atrás da moita. Ao assistir de camarote aquele pequeno “furto”, o sujeito foi correndo contar ao dono dos animais, tudo que viu e descreveu o veículo com detalhes. Nesse ínterim, Paulo estava quase chegando no local. Por coincidência, neste momento, já furioso, o dono dos porcos avistou o caminhão de Paulo e perguntou ao dedo duro:

– Não é aquele o caminhão que você viu?
– Sim. É aquele mesmo, sem sombra de dúvidas!

Acompanhado do sujeito que viu o furto, o dono do leitão dirigiu-se até o Posto da Polícia Federal mais próximo e contou o que havia ocorrido. Deu indicações de onde estaria o caminhão e imediatamente os policiais saíram no encalço do veículo, acompanhado dos dois. Alguns minutos na estrada e avistaram o caminhão e Paulo recebeu ordem para encostar. Pediram para ele abrir a porta do baú e ao constatar que estava tudo normal perguntaram sobre o leitão.

Leitão? Que leitão? Não sei de nada sobre o que vocês estão falando. Estou transportando carne e já estou atrasado. Os policiais pediram os documentos do motorista, da carga e do caminhão, revistaram a carga e constataram que tudo estava em ordem.

– Ele deve ter vendido o meu leitão! Insinuou o homem. Acusado injustamente, não demorou para Paulo desconfiar que se tratava de mais um rolo de seu colega. Com certeza ele deveria ter aprontado, imaginou, mas resolveu se manter em silêncio. Sem prova sobre o furto, os policiais liberaram Paulo sob os protestos do dedo-duro e também do dono dos porcos.

J
á na estrada e nervoso com o acontecido, prosseguiu viagem até encontrar o colega no local combinado. Parou ao lado do caminhão de Pedro, que ao vê-lo foi logo dizendo:

– Caramba, como você demorou. Estou aqui há mais de duas horas te esperando. Depois você ainda reclama que te chamam de roda-presa. Mas tudo bem, me acompanhe, quero te mostrar uma surpresa. Está vendo, que beleza, vou assá-lo no próximo final
de semana e você é meu
convidado especial.