Por Edmilson de Souza
Luz alta, luz baixa e pisca-pisca de luz transformam-se no verdadeiro samba do crioulo doido nas estradas brasileiras e às vezes pode ser até mortal. Educação, regulagem dos faróis e vista boa são primordiais nesta hora da viagem. E carreteiro em dia com a segurança própria e a dos colegas sempre cuida bem dos faróis do seu caminhão.
Para o autônomo Daniel Bett, de São Marcos/RS, o problema encontrado em rodovias, quando se trata de faróis, não é a manutenção e sim o comportamento dos motoristas. “O pessoal não diminui as luzes na parte de baixo do veículo. Usam a luz virada para cima, ao invés de ficar para o chão e às vezes cega a gente”, reclama. Quanto à conservação e cuidados, Daniel toma providência simples. “Troco a lâmpada a cada dois anos e gasto uma base de R$ 30,00 cada uma. Multiplicado por quatro, somam R$ 120,00, no total”, conta.
José Francisco de Oliveira, de São Paulo /SP, também autônomo, não se conforma com a falta de padrão de luz. Garante que regula seus faróis a cada seis meses e ele mesmo faz o serviço. Encosta o caminhão próximo a uma parede, acende as lâmpadas e faz o seu controle para não deixá-las descontroladas demais. Acredita usar o bom senso. Entretanto, acha que a turma da estrada brinca muito com luz alta, luz baixa, quando deveriam mantê-la só numa posição e de maneira agradável para quem vem no sentido contrário.
“Só ando de farol baixo. Mas tem muito motorista que liga a luz bem alta e vem para cima, com raiva. As pessoas deveriam ter consciência”, enfatiza Edson Rodrigues, de Passo Fundo/RS, empregado e piloto do Cargo 1215, ano 97. “A cada quatro meses dou uma olhada nas luzes. Mesmo assim, quando a gente não percebe que elas estão deficientes, os próprios companheiros nos avisam através de sinais”, diz.
José Pinotti Cândido, de São Paulo/SP, trafega de luz alta sim, mas apenas quando está sozinho na pista. “Ligo o farol alto nas situações em que viajo por estradas ruins e mal sinalizadas. Quando aparece alguém, eu diminuo”, explica. José vai mais além. Acha que os caminhões, por segurança, já deveriam usar os equipamentos importados, com luzes azuis, o Xenon, que não ofuscam os olhos.
Volnei Silva dos Santos, de Curitiba/PR, diz que tem hora que a luz reflete no rosto e fica impossível ver qualquer coisa na estrada. “Dirigimos pela prática e no dom de achar o caminho certo da pista. Coloco os olhos na faixa da direita e sigo”, ensina. “Às vezes parece que é Deus quem dirige. Passei muitos apuros. Uma vez vinha um caminhão em sentido contrário, com os faróis desligados, ultrapassando um outro, em cima de uma ponte. Tive que acelerar muito para não bater”, conta. Ele questiona por que a fiscalização deixa um veículo andar sem luz e outras situações, e lembra que nos casos em que a carga não está bem distribuída o peso pode elevar um pouco a cabine, que por sua vez muda o foco dos faróis.
Raios de luz desregulados ou alto demais nas pistas geram muita confusão. “O brasileiro precisa esperar acontecer. Só bota o trinco na porta, depois que ela foi arrombada. Acho que a polícia rodoviária deveria multar quando o farol estiver alto”, sugere o gaúcho Luiz Noronha, de Vacaria/RS.
Outro perigo nas estradas que comprometem a segurança é a intensidade dos faróis de milha, que por terem um facho mais estreito e alinhado com o eixo da estrada aumentam o alcance de luz. Diferente do de neblina, em que o facho de luz é mais curto e com maior abertura lateral para iluminar a pista próxima do veículo, abaixo da neblina. Seu funcionamento é independente dos demais, sem ofuscar a visão.
Arlei de Lara Reis, de Uruguaiana/RS, empregado, vê uma situação difícil quando se depara com os de milha. “No geral, os faróis estão regulados. O problema é o de milha. A maioria usa, ás vezes, sem intenção ou orientação. Em outros casos, ligam todas as luzes e nem estão sabendo”, finaliza o estradeiro.