Com produção superior a 8 milhões de unidades/ano, o setor de reforma de pneus se destaca como uma atividade de grande importância para o transporte rodoviário de carga, tanto pelo menor valor do produto reformado quanto pela economia de petróleo que envolve a reforma de um pneu usado se comparado à produção de um pneu novo

Por João Geraldo

Se tem um segmento no Brasil que está bem equipado e pode se orgulhar de sua eficiência é o de recauchutagem de pneus. A explicação pode começar pela experiência adquirida pelo setor em seus mais de 50 anos de atividades somadas à importância do transporte rodoviário de cargas para movimentar a economia do País. Na lista cabe ainda acrescentar as condições pouco amigáveis de muitas rodovias do território brasileiro que contribuem para a vida curta dos pneus e carcaças.

De acordo com Roberto Oliveira, presidente da Associação Brasileira do Segmento de Reforma de Pneus, 58% das cargas que circulam por rodovias e que 65% dos pneus dessa frota circulante são reformados. O setor reforma anualmente mais de oito milhões de pneus, no entanto, ele comenta que este ano vivenciou perdas causadas pela paralisação no movimento dos motoristas de caminhão ocorrido entre os meses de maio e junho passados.

O executivo lembrou que 2018 começou em alta comparado com anos anteriores, porque a frota estava circulando, consumindo pneus e gerando demanda para as reformadoras. “Porém, os 10 dias parados geraram grandes prejuízos tanto para o mercado transportador quanto para seus fornecedores. “A reforma de pneus, logicamente, está na mesma situação. Até o momento, o volume de vendas se encontra bastante reduzido”, complementou.

Outro dado citado por Oliveira aponta que em 2017 o setor de transporte de carga e de passageiros economizou R$ 6.4 bilhões reformando pneus, valor relativo à diferença entre o preço do pneu novo e o reformado. Ele acrescenta que nos 10 anos, entre 2008 e 2017, o segmento de reforma de pneus produziu 81.2 milhões de unidades comerciais e 48.1 milhões para automóveis de passeio. No período foram economizados acima de 4.9 bilhões de litros de petróleo e mais de 13.3 bilhões de metros cúbicos de CO2 deixaram de ser jogados na atmosfera.

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Mais de 60% dos pneus da frota de caminhões são recauchutados, segundo a associação dos reformadores

Avalia-se que o volume de pneus recauchutados no Brasil ultrapasse a casa de oito milhões de unidades por ano (a indústria de pneus novos produziu 59.2 milhões em 2017). Ainda segundo Oliveira, os maquinários utilizados pela indústria de reformas no País são os mesmos em operação nos Estados Unidos e países da Europa, o que significa que no campo da reforma o Brasil está tecnicamente atualizado.

Ele acredita que, mesmo diante do alto volume da produção brasileira de pneus recauchutados, o País não tem chances de ser o número um em reformas, principalmente em relação aos EUA, cuja frota de caminhões é maior que a nossa. “Porém, se pensarmos em todos os pneus que são reformados no Brasil para veículos comerciais, automóveis, setor agrícolas, fora de estrada e industrial, no conjunto somos quem mais reforma pneus no mundo.

O preço de um pneu de caminhão reformado custa até menos da metade de um produto novo e essa diferença nada tem a ver com a qualidade do produto, pois, segundo Roberto Oliveira em uma boa reformadora de pneus, com registro no Inmetro, com certeza o resultado será de excelente qualidade e segurança.

Além disso, a maioria dos transportadores faz o controle do custo por quilômetro, seja frotista ou autônomo. Por conta disso, há exigência que a banda de rodagem usada na reforma apresente um bom desempenho, se possível idêntico ao de um pneu novo, isso considerando as mesmas condições de uso. “Sem reforma de pneus o modal de transporte rodoviário para e a economia fica estagnada”, concluiu.

CONSUMO DE PETRÓLEO

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A produção de um pneu comercial novo consome79 litros de petróleo; um reformado apenas 29 litros. Já o de automóvel novo usa 18 litros e o reformado 9. Para se calcular a economia gerada basta somar a reforma de pneus comerciais e de automóveis e multiplicar pela economia gerada por pneus em petróleo de cada setor. Além das redes de reformadoras de pneus ligadas às fabricas de artefatos e bandas de rodagem, as fabricantes de pneus também têm suas marcas de reformas para atender ao mercado.