Por Sérgio Caldeira
A BR 040, em um raio de 100 quilômetros próximo a Belo Horizonte, é marcada por servir de elo entre as principais companhias siderúrgicas e as maiores mineradoras do País.Porém, as condições precárias da rodovia, principalmente no sentido a Congonhas e ao Rio de Janeiro, têm contribuído para ocasionar graves acidentes, onde o tráfego de caminhões rodoviários com implementos basculantes é intenso.
A operação de veículos que transportam minerais em Minas Gerais, se divide basicamente em duas fases distintas: a primeira consiste em deslocar o minério bruto dentro das cavas e enviá-lo a um britador ou a um grande pátio de estocagem. Nessa fase são utilizados gigantescos caminhões fora -de-estrada ou rígidos, nas configurações 8X4 ou 10X4, sendo grande parte deles pertencentes à Vale. Normalmente, esse minério (a maior quantidade dele – cerca de 90% do total) é enviado para os portos de Sepetiba (RJ) ou Tubarão (ES), por meio de trens.
Já a outra parte é vendida para as siderúrgicas locais para ser transformada em ferro-gusa. O transporte feito nessa operação entre os pátios de estocagem e as siderúrgicas é realizado exclusivamente por conjuntos cavalo-carreta e os percursos são, em média, de 110 quilômetros por viagem. A maioria das rotas concentra-se entre Congonhas, Itabirito ou Nova Lima e o pólo siderúrgico de Sete Lagoas, quase sempre passando por trechos da esburacada BR 040. Aliás, há quase três décadas não há um programa de manutenção e recuperação consistentes no trecho entre Belo Horizonte e Congonhas, no qual o pavimento está totalmente destruído. Os caminhões que percorrem este local normalmente pertencem as transportadoras contratadas pela Vale. Os carreteiros que conduzem estes pesados fora das minas são o público-alvo do concurso lançado pela Scania.
Os conflitos entre os veículos que levam minério e os automóveis, especialmente daqueles que moram nos luxuosos condomínios fechados da região, são constantes e o caminhão é considerado o grande vilão da história, pois é taxado como causador dos acidentes e dos buracos. As transportadoras alegam que sempre andam dentro do limite de peso de balança. Além disso, a frota terceirizada contratada pela Vale é acusada pelos moradores da região de causar acidentes pela falta de visibilidade, em função da poeira e do pó de minério que são espalhados quando eles trafegam, principalmente no período de estiagem.
Para amenizar o problema, a Vale buscou uma parceria com a Scania e apresentou à imprensa o concurso do Melhor Motorista de Caminhão para o setor de mineração na região dos Inconfidentes e Vale do Rio Paraopeba, que são as áreas abrangidas pela BR 040, rumo ao Sul a partir da capital mineira.
Cássia Cinque, gerente regional de comunicação da Vale, explica que por enquanto o concurso será implantado somente junto ao setor de Ferrosos Sul (área próxima a Belo Horizonte) podendo ser estendido a outras áreas de atuação da mineradora, como Carajás, no Pará.
Para José Fernando Coura, presidente da Câmara da Indústria Mineral, a necessidade de treinar os motoristas é urgente em função dos diversos pontos conflitantes entre a comunidade e os caminhões que fazem o transporte externo de minério. “Precisamos melhorar nossa imagem e tão logo soubemos do certame, demos apoio à idealização deste concurso que será um valioso instrumento para revertemos essa situação perante a sociedade local”, argumentou o líder das indústrias do setor.
“A nossa intenção é valorizar os motoristas que atuam no setor de mineração e conscientizá-los de que eles são um elemento importantíssimo na redução de acidentes na região”, afirmou o diretor de Marketing e Comunicação Comercial da Scania Brasil, João Miguel Capussi.
O prêmio para os três primeiros colocados, que serão conhecidos no início de dezembro, será uma visita técnica ao porto da Vale em Tubarão (ES), além de um aparelho de TV LCD 32 polegadas. Fazem parte da premiação também aos finalistas das seis etapas um kit Scania contendo miniatura, toalha e jaqueta, além da realização do curso Caminhão Escola Avançado da Fabet. Todas as despesas correrão por conta das empresas promotoras do concurso. As provas serão práticas (manobras e condução) e teóricas com o objetivo de avaliar dos motoristas o grau de habilidade, preparo, condução econômica e direção defensiva.
Para participar do concurso em Minas Gerais, o motorista tem de ser portador de habilitação categoria “E” e comprovar que transporta minério. As inscrições podem ser feitas de 1º de setembro até 31 de outubro na Casa Scania Itaipu – Contagem ou junto às balanças de mineradoras da área coberta pelo concurso. Um detalhe interessante é que a partir dessa fase será analisada a ficha dos inscritos e aqueles que se envolveram em acidentes graves não serão convocados.
Dos dez mil carreteiros que trabalham puxando minério e ferro-gusa na região, a Scania e a Vale esperam a adesão de cerca de três mil inscritos. Na maioria são empregados e trabalham na transferência de material das minas até as siderúrgicas, ou até os terminais ferroviários locais. Os veículos utilizados por eles são os rodoviários na configuração cavalo-carreta, normalmente conjuntos com até seis eixos.
É bom lembrar que este ano já foram liberadas as inscrições para o concurso Melhor Motorista de Caminhão do Brasil 2009 (este de abrangência nacional), também promovido pela Scania. Para se inscrever é necessário ter CNH categoria “E”. Informações adicionais podem ser obtidas no telefone 0800 771 1410.
Modelos fora-de-estrada em alta
Graças ao crescimento do setor de mineração, a concessionária Itaipu, ou melhor, a Casa Itaipu – dentro do novo padrão de atendimento adotado pela Scania recentemente – registrou um aumento de 20% nas vendas de caminhões Scania para o setor de mineração, se comparado com o mesmo período do ano passado. A Itaipu representa o grupo que mais comercializa caminhões off-road, ideais para o segmento como os 8X4 e 10X4. Tanto que boa parte do efetivo da empresa se dedica aos modelos específicos para o setor. Os números dizem que o setor de mineração representa 40% do volume de vendas de caminhões pela Itaipu, como explica Flávio Luis Coimbra da Silva, gerente de vendas para veículos de aplicação severa. “O atendimento de peças e serviços também acompanha esta tendência”, declarou o consultor.
A Itaipu já conta com 18 bases de apoio instaladas dentro de diversas minas na região para efetuar um atendimento mais rápido e eficiente nos caminhões 8X4 (hoje estes representam 80% da frota Scania dentro das minas) e de outras configurações, além de uma oficina volante montada sobre o chassi de um modelo P94 260 6X2, para atendimento avulso (sem contrato de manutenção). O objetivo é aumentar a disponibilidade do equipamento e reduzir custos com deslocamentos até uma oficina distante de uma mina.
A vida útil destes caminhões é de cerca de 18.000 horas, ou três anos e meio, e hoje existem cerca de 700 unidades Scania off-road operando dentro das cavas. Comparado com os rodoviários, é como se eles rodassem cerca de 200.000 quilômetros, porém em um ambiente muito mais agressivo. Mas ao serem descartados da operação dentro das minerações (cujo custo de operação eleva-se aproximadamente 20% a cada ano) eles são reformados e ganham uma segunda vida em atividades como a canavieira, apoio (pode até ser na própria mineração) ou a de guindastes, onde o uso não é tão severo como nas mineradoras (SC).
Versão 6X6 para apoio
Foi apresentado na ExpoMining 2008 em Nova Lima (MG), o Scania
P 420 6X6 específico para o setor de mineração. A versão 6X6 já era montada para exportação pela fábrica em São Bernardo do Campo (SP) e aguardava a homologação para início de comercialização no mercado interno. A principal aplicação do novo produto é em terrenos com baixíssima aderência e com rampas bastante inclinadas, onde um 6X4, 8X4 ou 10X4 não são recomendados. Mas apesar de ser compatível com implementos caçamba basculante, o 6X6 é indicado mais para aplicações de apoio, onde seja necessária a tração integral. Ou seja, dentro das cavas das minerações, em serviços do tipo reabastecimento de máquinas como tratores de esteira, grandes escavadeiras hidráulicas e outros equipamentos que não podem se deslocar para efetuar um reabastecimento ou receber pequenas intervenções mecânicas, além de trabalharem em locais de difícil acesso.
No caso do 6X6, o eixo dianteiro (direcional), cujo ângulo de ataque é bastante elevado, é tracionado por meio de uma caixa de transferência que sai do cardã ligada à caixa de mudanças de 14 velocidades. Nos dois eixos traseiros (com redução nos cubos) não há grandes alterações. Vale citar que o caminhão exposto na ExpoMining é uma unidade experimental, ainda com a cabine da série 4, descontinuada recentemente (SC).
Scania entrega caminhão 200 mil
A Scania do Brasil acaba de atingir a marca de 200 mil caminhões produzidos. Este número, segundo a montadora, é reflexo do bom desempenho já que em apenas quatro anos deu um salto de 150 mil unidades produzidas para 200 mil, uma média de 12,5 mil caminhões ao ano, sendo 20 mil somente em 2007. Além disso, ao longo do tempo os números mostraram o quanto a montadora evoluiu no processo produtivo, pois foram necessários 26 anos – de 1960 a 1986 – para a empresa produzir os primeiros 50 mil caminhões, com um ritmo médio de menos de duas mil unidades por ano. Uma década mais tarde, a Scania alcançou a marca de 100 mil caminhões. Em um intervalo de oito anos produziu o terceiro lote de 50 mil caminhões, uma média de 6,25 mil veículos por ano.
Para Christopher Podgorski, diretor geral da Scania no Brasil, a credibilidade da marca é uma das grandes responsáveis pelo resultado obtido. “Foi esse reconhecimento e percepção da qualidade dos produtos Scania que permitiu atingir esse marco com a expressiva participação histórica nas vendas que superam os 20% no mercado nacional de caminhões pesados”, afirmou.
O veículo de número 200 mil – um cavalo-mecânico G420 4×2 -, foi entregue durante assembléia do Consórcio Nacional Scania, realizada em São Bernardo do Campo/SP. O contemplado foi José Wilson de Farias, da empresa Transrisada, do segmento de transporte de veículos OK, proprietária de uma frota de seis caminhões pesados, sendo cinco da marca. O Consórcio já entregou 54 mil veículos, sendo 50 mil caminhões e 4 mil ônibus, uma média de duas mil cotas vendidas por ano. (DG)